sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Relacionamentos – Sofrimento e Aceitação



Pude observar ao conversar com as pessoas sobre seus relacionamentos amorosos, a dificuldade que algumas delas têm para aceitar o término de uma relação sem grande sofrimento. Mesmo que o relacionamento tenha sido complicado, difícil, elas sempre buscam uma desculpa para adiarem o fim da relação. Por pensarem continuamente no assunto nem conseguem levar a vida normalmente. Ficam tão abatidas que precisam de ajuda para se reerguerem novamente. Isso nos leva a refletir sobre o quanto ainda precisamos fortalecer nossa vontade e auto-estima, o quanto nos falta evoluir emocionalmente para nos amarmos mais e usufruir o amor em toda sua plenitude.

Mas por que tanta gente se envolve em relacionamentos complicados, que lhes trazem mais sofrimentos que alegrias e tomam tanto tempo de suas vidas? Nem elas mesmas entendem a razão de se submeterem aos relacionamentos desgastantes e sofridos que deixam suas vidas estagnadas. Parece até que algo as fazem buscar inconscientemente tais relacionamentos e atrair para suas vidas decepções e desenganos. Como não conseguem viver sem um amparo emocional, entregam-se totalmente ao "amor", até mesmo ao que já nasce fadado ao fracasso. Quando os relacionamentos findam, juram que da próxima vez a coisa vai ser diferente, pois já aprenderam com o desencanto e a frustração do relacionamento anterior.

Por mais que elas prometam que o próximo será diferente, acabam sempre envolvidas em amores complicados. São pessoas que baseiam suas vidas no que o outro pode lhes dar em matéria de afeição e buscam desesperadamente alguém que as salve de si mesmas e dê algum sentido às suas vidas. A solidão e os sofrimentos que passaram em determinadas etapas da vida podem levá-las também a se apegarem a alguém que, de alguma forma, supra-lhes as carências e constituam-se no amparo de que precisam para viver. E, mesmo sabendo que o relacionamento não é o ideal, acreditam poder "mudar o outro". Querem transformá-lo no ideal de seus sonhos, naquele ser que pode fazê-las felizes para sempre.

Sabemos que nem todo relacionamento segue adiante, tende a acabar mesmo, porque muitas pessoas ainda se unem a outras por sentimentos que não os do amor verdadeiro e, quando estes sentimentos findam, ficam perdidas, achando que o mundo desabou sobre suas cabeças.
Quando duas pessoas que estão sintonizadas no mesmo ideal amoroso iniciam um relacionamento, se as aspirações são as mesmas para uma vida a dois, ele tem tudo para seguir adiante sem grandes percalços. Agora, se não existir respeito e dedicação, certamente será muito difícil a relação dar certo. É preciso haver uma sintonia amorosa que passa muito além da atração física ou do interesse propriamente dito. Senão, haverá sempre a insatisfação e a procura de algo que preencha e dê sentido à existência.

O importante é ofertar ao outro o melhor, desejando que ele cresça individualmente em todos os sentidos, assim como é precisos crescer também. É tudo junto. Cada qual com sua individualidade, com seus ideais, mas numa completa sintonia de respeito, dedicação e amor. Então, o que pode tornar um relacionamento complicado é a falta dessa sintonia amorosa, ou seja, é não existir reciprocidade naquilo que ofertamos ao outro. É preciso existir uma sintonia espiritual, que fará o relacionamento seguir adiante e se fortalecer cada vez mais. Antes de tudo, é necessário respeitar o parceiro, ofertando a ele o que desejamos receber, ou seja, se quero carinho, amor e dedicação tenho que oferecer a ele o mesmo. O fundamental para um relacionamento dar certo passa necessariamente pelo respeito e a consideração com a pessoa amada.

Ao sairmos da análise puramente material sobre o assunto, nos deparamos com fatores que estão presentes em todos nós, seres humanos em busca de aperfeiçoamento moral e espiritual. Tais pessoas "complicadas" cruzam nossos caminhos não para que vivenciemos apenas problemas e desgostos, mas para nos ensinarem a nos desapegarmos daquilo que ainda nos deixam distantes do amor, no sentido pleno da palavra. É como se colocassem o dedo nas feridas que ainda trazemos como ser imortal e a caminho do aperfeiçoamento moral. Mostram-nos aquilo que precisamos trabalhar em relação ao apego e aos sentimentos de posse que nutrimos pelos outros.

Aspectos como egoísmo, insegurança, amor próprio ferido, intolerância, desrespeito, ciúmes doentios e outros mais, estão nos mostrando pontos cruciais que exigem de nós um maior discernimento para conseguirmos vivenciar um amor mais saudável, e que, para não ficarmos presos aos sofrimentos e desenganos amorosos, precisamos mudar a nossa atitude em relação à vida e as pessoas. É preciso enxergar o outro como nos enxergamos, ou seja, um ser humano com os mesmos defeitos, frustrações e anseios. Esquecemos que ele, como nós, muitas vezes é uma pessoa insegura e que está aprendendo também através de seus próprios erros. Agora, relacionamentos que não fluem normalmente, que sempre nos deixam em alerta e onde não existe o respeito, precisam ser avaliados com atenção para se entender as razões pelas quais nos submetemos a eles.

Tem gente, que mesmo sabendo que o ser amado não está totalmente envolvido na relação, busca prendê-lo de qualquer forma, anulando seus desejos e vontades em detrimento desse amor. Há sempre aquela esperança de que a pessoa amada possa arrepender-se das mágoas que tenha causado e mergulhe com vontade na relação. Como avaliar então emoções tão desregradas que fazem muitas pessoas sofrerem, deixando-as tão desnorteadas? A verdade é que elas só nos mostram quanto distanciados estamos ainda de nós mesmos e que necessitamos resgatar valores internos que nos ajudarão a um maior discernimento quanto ao modo de nos relacionarmos com as pessoas.

Antes de tudo, é preciso entender que não é possível amar alguém se não nos amarmos e respeitarmos, pois, se não estivermos em paz e felizes com nós mesmos, não seremos felizes com ninguém. O sentimento de perda é normal quando um relacionamento chega ao fim, só que ele não pode fazer com que se ache que a vida perdeu o valor. É natural a saudade, não o desespero. Por isso é importante nos conhecermos melhor para aprendermos a valorizar mais os sentimentos verdadeiros, livres de ambições e aprisionamentos amorosos. Aí é que entenderemos que o amor não pode ser um sentimento que aprisiona e que nos impede de seguir adiante e amar outras pessoas.

O relacionamento amoroso é feito, na verdade, de diferenças. É a partir delas que aprendemos a nos relacionar com as pessoas, respeitando as diferenças existentes. Segundo o Espírito Hammed: "Requisitar dos outros o que eles não podem dar ainda é desrespeitar suas limitações emocionais, mentais e espirituais, ou seja, sua idade evolutiva" (Livro Renovando Atitudes - Francisco do Espírito Santo). Como eles são imprescindíveis na vida, é preciso construir relacionamentos que tragam mais alegria, paz, segurança e amor. O importante é sabermos que os amores verdadeiros, ao contrário dos nascidos de interesses passageiros, são eternos e sempre nos acompanharão seja em que plano estivermos.

Por Guilhermine Batista Cruz


2 comentários:

Anônimo disse...

não poderia receber uma palavra mais amiga como essa, estou passando por essa situação dificil de um término de um relacionamento de 2 anos, sendo que 1 ano passamos vivendo na mesma casa. Gostaria de ressaltar que é mto mais dificil no instante em que vc percebe que seu egoísmo te leva pra esses momentos de angústia, mas lendo esse artigo pude perceber que sempre há um aprendizado atrás de toda as situações de nossa caminhada ... Mais uma vez, obrigada pelas palavras, poi elas parecem especialmente direcionadas para mim !!!

Bel Bezerra disse...

Fico feliz em te trazer um pouco de alento e luz.
Seja sempre bem-vindo!
Paz profunda.