domingo, 24 de maio de 2009

Melancolia de outrora


Por Bel Bezerra

Sinto saudades de mim, do meu tempo, de meu compasso, de minhas notas,

Sinto saudades da vida, longínqua, vida perdida, distante e querida,

Sinto saudades de outrora, remota, devagar e nostálgica...

Sinto saudades do vento, do balançar das flores, do bailar das nuvens,

Sinto saudades dos flocos de algodão, dos favos de mel, do cheiro de mato.

Sinto saudades dos lagos serenos, plácidos espelhados...

Sinto saudades da grama macia,
das gotas brilhantes de orvalho, do cheiro de terra molhada...

Sinto saudade de um amor distante, dos beijos doces, de mão entrelaçadas,

Sinto saudade de voz sussurrada, de beijo molhado, de pernas encaixadas,

Sinto saudade do colo macio, dos abraços apertados, dos lençóis amassados,

Sinto saudades do sol em meu corpo, da maresia do mar, das ondas tranquilas,

Sinto saudades de casa, dos campos verdejantes, de um tempo flutuante,

Sinto saudade da sensualidade, do rosto não visto, do amor não vivido,

Sinto saudades das melodias que acalentam e embalam minha a'lma,


Sinto saudades do ar, saudades do respirar, saudades do suspirar, do sonhar e de amar...

O agradecimento transforma


Como é poderosa a energia da gratidão! Vivemos numa época em que nos habituamos a cobrar, a julgar e a criticar. Sempre as coisas, tudo, poderiam ser diferentes e melhores. Não estamos quase nunca satisfeitos com nada - com a atitude das pessoas, com os serviços que nos prestam, com nossos salários, com nossas vidas.

E assim vamos caminhando, carregando este enorme peso criado por nossa insatisfação e frustração.

De repente, me pego a pensar que não me ocorre, quase nunca, que cada objeto que tenho a meu serviço, em minha casa, foi fabricado por outros seres humanos como eu, que também sonham, que também sofrem, que têm suas dores, suas tristezas e suas decepções, que se sentem cansados, muitas vezes e precisam se concentrar no que estão fazendo, apesar de tudo isto, para ganharem algum dinheiro que lhes permita viver, ou mesmo, sobreviver.

Se eu precisasse fabricar tudo que preciso, como seria? Se me deparasse, de repente, com a situação repentina de estar numa ilha desabitada, como conseguiria me sair nesta experiência?

Enfim, cheguei à conclusão de que precisamos viver agradecendo por tudo que temos e por todos aqueles, anônimos seres humanos, que nos ajudaram a melhorar as nossas vidas. Nós também, em contrapartida, os ajudamos, doando-nos no trabalho específico que desempenhamos - seja lá o que for que estivermos fazendo. E assim é a vida! Uma troca constante.

Se cada um colocasse naquilo que faz, amor e dedicação, certamente o outro que recebesse o fruto deste trabalho receberia MUITO!

Se cada um de nós, em compensação se lembrasse de agradecer por tudo que nos chega às mãos, aos olhos, aos ouvidos, ao paladar, no silêncio de nossos corações, todos os envolvidos, mesmo sem o saber, receberiam essas vibrações amorosas, que diminuiriam as suas dores e incertezas, o seu cansaço.

É tão bom quando conseguimos viver na energia da gratidão! Quando deixamos pelo menos um pouco de criticar - mesmo que seja apenas em pensamento...

Quando dizemos "obrigado" a alguém que nos faz qualquer serviço. Quando olhamos os outros, com mais compreensão e empatia e com menos julgamentos, menos exigências...

Que as máquinas precisam ser azeitadas, ajustadas, sabemos.
Elas podem e devem ser precisas em tudo que foram programadas para executar.
Mas, nós seres humanos, não somos máquinas e precisamos ser tratados com mais tolerância, mais empatia, mais paciência.

Todos os que nos servem, no local que for, estão num planeta cheio de problemas, sentem calor, frio, fome, saudade, medo... Talvez estejam cruzando os nossos caminhos em um desses momentos em que estão nos dando tudo que podem, naquela circunstância. Talvez não seja exatamente tudo que nos foi prometido, talvez não esteja tão correto como esperávamos e achamos que merecíamos...

Mas era o possível, pois os homens, todos nós, temos emoção, sentimos, sofremos e erramos. NÃO SOMOS COMO AS MÁQUINAS E NÃO PODEMOS SER COMPARADOS A ELAS. Elas existem para nos ajudar e não para criar para nós um parâmetro de perfeição e exatidão que nos seja cobrado a todo instante.

Que o padeiro seja abençoado, pois acorda muito cedo, enquanto dormimos, para fazer o nosso pão tão desejado. E assim o motorista do ônibus que nos leva ao trabalho, o garçom, o presidente da companhia, a sua secretária, enfim, todos. O que custa olhar todos com agradecimento, tentando andar pela vida como alguém que realmente vê em qualquer outro o próximo que precisa ser respeitado e se possível, amado?


Por Maria Cristina

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Beije-me



Por Bel Bezerra

Beije-me com a alma, beije-me como se não houvesse o depois,

Beije-me agora e sempre,

Beije-me descortinando o último véu,

Toque meus lábios , sinta o fogo que emana, a respiração que te aquece...

Deslize sua boca pela minha pele, alva e macia que te anseia,

Beije-me apenas, me envolva, me enebrie agora,

Enlouqueço os sentidos arrastada em seu abismo,

Desenhe-me em sua palma, me tatue em suas retinas,

Beije-me com a alma, toque-a, balance-a ...mais e mais,

somente você ,

para mim,

Moldado em minhas curvas, medidas de meu desejo.

Me tome como sua, apenas hoje e se perpertue nossas almas ...

Se deixe mergulhar dentro de mim,

Quando a noite quente nos tocar, nada mais importando

Será somente eu e você,

nada mais.

Quando o distanciamento é saudável


Nas últimas semanas, tenho pensado muito sobre a importância de mantermos um distanciamento saudável, seja de nossas próprias emoções e pensamentos, seja de nossos relacionamentos.

Quando digo um distanciamento saudável, me refiro a algo similar à decoração de uma sala: intuitivamente nos afastamos até encontrar um ponto ideal do qual poderemos avaliar melhor o todo, para então dispor as partes de modo harmonioso.

A noção de idéia de equilíbrio que atribuímos a um ambiente é uma expressão de nosso interior. A maneira como decoramos nossa vida revela a dinâmica de nossas imagens internas.

Quando sentamos para meditar ou nos propomos a ficar quietos para pensar melhor sobre algo, nossos pensamentos logo ganham volume e intensidade.

Se soubermos nos manter conscientes nos momentos em que nossas emoções estão sob o efeito de uma lente de aumento, esta intensidade pode ser mais uma importante técnica de autoconhecimento. Mas, em geral, nos descontrolamos diante de emoções muito fortes, e acabamos por seguir os pensamentos negativos que elas geram. No entanto, quando conseguimos nos ver diante destes momentos de pico emocional, mudanças importantes podem ocorrem em nossa mente, pois surgirá um desejo autêntico de livrar-se de toda intensidade.

Com o distanciamento saudável não ficaremos mornos diante de nossas emoções! Afinal, a idéia não é deixarmos de nos sentir, mas sim, de vivenciar nosso mundo interno sem nos perder...

O budismo nos ensina que, para relaxarmos, temos que reconhecer a natureza transitória dos pensamentos: eles não são tão concretos quanto podem nos parecer.

O peso que dermos para eles é que fará com que tenham mais ou menos impacto sobre nós. Sem que percebamos, confundimos a veracidade da realidade externa com nossos próprios pensamentos. Quantas vezes nos surpreendemos ao constatar que o que pensávamos existir era mera fantasia!

Inocentemente, acreditamos na concretude de nossos pensamentos. É como a ilusão da internet. Confundimos facilmente o mundo virtual com o real. Por exemplo, às vezes visitamos um site de um produto tão bem exposto, que facilmente acreditamos que ele tenha qualidades muito além da realidade.

A realidade externa é sempre diferente da idéia que temos dela. Nossas avaliações precisam ser constantemente revistas. Ironicamente, o que pensamos pode não existir, mas tudo existiu primeiro na mente de alguém...

Em geral, damos um peso extra aos nossos pensamentos, como se eles existissem de forma concreta e maciça. Quando reconhecemos que nossos pensamentos são projeções mentais, começamos a ter uma atitude de mais espaço diante deles: um distanciamento saudável.

O autoconhecimento surge à medida que aceitamos nos soltar das velhas crenças e relaxar para rever nossas idéias de modo menos tenso e mais próximo ao real.

Nosso Eu está preso ao condicionamento de que há segurança na tentativa de controlar a mente, isto é, de permanecermos fiéis aos mesmos pensamentos. No entanto, só quando abandonamos a tensão desta contínua luta para manter o controle daquilo que é e que iremos nos abrir para encontrar uma nova possibilidade de evolução interior.

Ao passo que nos tornamos flexíveis, conquistamos mais espaço em nosso mundo interior. Assim, cultivamos uma sensação natural de inteireza e bem-estar.

Manter um distanciamento saudável com nossas próprias idéias é como segurar as rédeas de um cavalo: se quisermos escolher para onde vamos, teremos que mantê-las esticadas pela nossa própria força. Há uma medida justa. Se as segurarmos firmes demais, o cavalo irá parar. Mas se soltarmos demais as rédeas, o cavalo irá disparar e comandar a direção de nosso passeio. Aliás, assim como nossos hábitos mentais, o cavalo prefere sempre voltar correndo para o seu pasto conhecido. Se quisermos escolher novos caminhos para evoluir teremos que comandar nossos próprios trajetos!

Por Bel Cesar

Perdão ou Paz Temporária?



Muitas pessoas se enganam e pensam mesmo que se encontram num plano superior, mais alto que seu ofensor: "Eu sou humilde, caridoso e tenho a capacidade de perdoar!!!"

O nosso perdão é um verdadeiro ato de humildade ou meramente um gesto manipulativo para demonstrar nossa superioridade? Pergunta que deveríamos nos fazer toda vez que dizemos para alguém: eu te perdôo, ou mesmo quando "damos uma trégua" em algum conflito.

Muitas vezes, ao tomarmos a rápida atitude de perdoar, não pensamos se estamos sendo honestos conosco mesmos e com o outro, e perdemos uma oportunidade verdadeira de curar as mágoas geradas nos dois lados.

A pior coisa que pode acontecer em qualquer relacionamento é oferecer o perdão rápido demais! Ele pode até preservar uma relação, mas inibe o envolvimento e qualquer laço maior de intimidade.

Perdoar não custa nada e evita muitos rompimentos, porém, será que este tipo de perdão é realmente saudável para nós? Ele só nos oferece "momentos de paz", uma paz superficial, pois não permite que aprendamos as verdadeiras lições geradas em um confronto.

A paz temporária só faz aumentar o desconforto interior e solidifica uma forma errada de relacionamento. Intensifica a distância, o silêncio, e a mágoa. Ficamos com a dor e a tristeza incubadas no coração aumentando nossas chances de nos machucar novamente (energia que atrai), não resolvemos nossa dor, mas, sim, a negamos.

Só alcançamos a graça de perdoar diminuindo a raiva, a hostilidade existentes dentro de nós. Como identificar se realmente perdoamos? Se na sua mente você formula a frase: eu perdoei, mas... nunca mais vai ser a mesma coisa! Significa que seu coração ainda está cheio de ressentimento e, mesmo que não exista o amor verdadeiro, então, a melhor saída é assumir sua dor e tentar resolvê-la, expressando-se de maneira adequada sobre o assunto, sem omitir sua contrariedade somente para ter um pouco de paz, porque ela será ilusória e desonesta.

Podemos ainda, perdoar, mas, fazer uma escolha que não inclua mais o outro em nossas vidas, porém, só teremos certeza que não ficou nenhum ressentimento se em nossos pensamentos não insistirem as más lemnbranças, pois o perdão não elimina um fato ou alguém e nem os retiram da história.

Perdão não é a mesma coisa que esquecimento, mas precisa marcar um período de renovação, onde não há lugar para mágoas. Quando nos esforçamos para reparar um erro, motivamos o outro a se libertar de seu ressentimento e fazemos um convite a ele para que entre novamente em nossa vida.

Para que isso aconteça é necessário que exista reconhecimento da responsabilidade de ambas as partes. Perdoar é aprender a não se importar com as maldades que são enviadas a nós. Com o coração amoroso e preenchido de compaixão, não damos lugar à tristeza e direcionamos nosso amor àqueles que estão precisando.

Direcionamos nossa energia de maneira adequada e saudável para todos: quem perdoa pratica a honestidade e a verdadeira humildade e quem é perdoado pode sentir-se digno de uma demonstração de amor verdadeiro.

Mestre El Morya diz: Dou-vos estas linhas para que pudésseis recitar um mantra de perdão em qualquer lugar, cientes de que, o perdão é a chave para o contato com a porta aberta de Vosso Cristo pessoal: "Eu Sou o perdão aqui atuando, dúvidas e medos expulsando, com asas de cósmica vitória, os homens para sempre libertando. Com pleno poder, invoco agora o perdão a toda hora; toda vida sem exceção, envolvo com a graça do perdão.

A primeira frase é para nosso perdão pessoal, pois, só assim podemos perdoar os outros".
Por El Morya Luz da Consciência

domingo, 17 de maio de 2009

A diferença entre cobrar e receber amor


Todos nós conhecemos a necessidade de amar e ser amado. No entanto, quando esta necessidade se torna carência, há algo extra a ser alertado: estamos vulneráveis e desequilibrados.

A origem da carência afetiva encontra-se em nossa dificuldade para receber amor. É como estar com fome e não ter estômago para digerir. Mas, como será que nosso estômago afetivo tornou-se tão pequeno? Fomos nos alimentando cada vez menos, à medida em que o alimento emocional tornou-se escasso ou invasivo.

Em outras palavras, fomos instintivamente diminuindo nosso estado de receptividade ao associar a experiência de receber amor a vivências de insuficiência, abandono ou de um controle excessivo. Se nos sentimos manipulados ao receber alimentos, presentes, elogios, carícias e incentivos, associamos a idéia de receber com o dever de retribuir algo além de nossa capacidade ou vontade pessoal. Quem não se lembra de ter escutado advertências como: Agora você já deve se comportar como um menino grande ou Se você comer todo jantar, pode comer a sobremesa....

Estas frases parecem inocentes, mas revelam os condicionamentos pelos quais passamos a aprender que receber modula nosso modo de ser.

Filhos de pais intrometidos e controladores desde cedo aprendem a conter seus desejos, pois sabem que ao revelarem suas intenções acabarão tendo que abandonar seus planos para realizar as vontades de seus pais. Para garantir fidelidade frente aos seus desejos e gostos, diferentes de seus pais e orientadores, acabam se contraindo cada vez mais - por um instinto de autopreservação, necessário no processo de autoconhecimento e autoconfiança, distanciam-se de seus pais para conhecer a si mesmos.

Desta forma, com a intenção de nos proteger do excesso ou da falta de atenção diante de nossas necessidades de amarmos e sermos amados, fomos nos fechando, isto é, formando camadas protetoras contra os ataques diante à nossa vulnerabilidade. Este processo sutil e delicado tem um efeito bastante grave: ao estar mais atento no que estou recebendo do que no que desejo, acabo aprendendo a dar mais atenção ao mundo exterior que às minhas reais necessidades.

A necessidade de ser amado faz parte de nosso instinto de sobrevivência, portanto é algo natural, enquanto seres que vivem em sociedade. Mas em nossa sociedade materialista onde autonomia é sinônimo de maturidade, muitas vezes esta necessidade é vista como um sinal de imaturidade ou infantilidade. Vamos esclarecer este preconceito: amar só se torna infantil quando se torna uma exigência unilateral: quando queremos apenas ser amados.

Estranhamente, quando quero algo do outro, deixo de perceber a mim mesmo. Quando preciso do outro, passo a controlá-lo. Então, ao invés de expressar o meu amor, passo a cobrar por atenção. No lugar de dizer que amo, digo o que falta no outro para me sentir amada.

Quantas discussões entre casais, pais e filhos estão baseadas nesta troca de intenções!

Vamos exemplificar melhor este drama. Quando o parceiro se distancia, por razões alheias à sua parceira, ela se sente abandonada. Então, no lugar de dizer: Quero estar mais próxima de você, ela diz: Você está distante!. Este seu modo de alertar o outro de sua carência é defensivo. Ela não está sendo aberta, nem transparente, pois detrás de sua reclamação há um desejo de controlá-lo, para que ele seja do modo como ela quer. Ele, sentindo-se pressionado, perde a espontaneidade e afasta-se cada vez mais. Ela sentindo-se carente, se torna refém da atenção dele!

Quando nos tornamos refém do comportamento alheio, deixamos de estar conectados ao nosso sentimento de amar e esperamos apenas ser amados. Em outras palavras, deixo de perceber o que estou sentindo em relação a ele e apenas me atenho ao que ele está demonstrando sentir em relação a mim. A expressão do afeto se contrai sob a pressão e gradualmente ambos perdem a espontaneidade.

Há uma diferença entre expressar claramente o que se quer e cobrar indiretamente o que se necessita. No momento em que simplesmente expresso meu desejo, desobrigo o outro de atuar. Assim, ele já não se sente mais pressionado a mudar e torna-se naturalmente disposto a retomar a relação.

Ao perceber nossas verdadeiras necessidades, desejos e intenções, liberamos o outro da carga de adivinhar o que secreta e indiretamente desejamos. Deixamos de imaginar o que precisamos e passamos a sentir nossas reais necessidades.

Este processo exige auto-observação. Muitas vezes, dar-se conta de algo que nos falta dói mais do que imaginávamos. Perceber nosso bloqueio em saber receber pode ser uma surpresa maior do que pensávamos. Mas, a cada momento que percebo uma limitação interior tenho a chance de mudar. Como?

Começando por admitir que receber é bom. Não é uma ameaça. Só a experiência pode nos afirmar o que queremos ou não. Precisamos aprender a sermos sinceros com nossas necessidades frente aos desejos alheios. Isso ocorre quando nosso sim é um sim verdadeiro.

Não precisamos deixar de ser quem somos ao receber algo intencional de outra pessoa. Não precisamos usar máscaras sociais comportando-nos como é esperado de nós. Nem nos sentirmos insuficientes e inadequados se não estivermos em condições de retribuir. Podemos ser autênticos!

Nos sentimos amados quando o outro nos aceita tal como somos. Portanto, dar amor é abrir-se para receber o amor que o outro tem para lhe dar. Dar um espaço de si para acolher o outro em seu interior.

Por Bel Cesar

Rotina e monotonia no casamento e na relação

Chamamos de casamento a relação entre duas pessoas que decidiram, escolheram, juraram e se propuseram a se amarem para sempre, viverem juntos para sempre, serem fiéis um ao outro para sempre, felizes um com o outro para sempre; constituírem um lar juntos; uma família juntos; enfim, "tudo" junto e para sempre.


Passado um tempo, observamos que esta proposta inicial carregada de ideais, de certezas e de sonhos perde as raízes que a originaram e o casamento e a relação entre os companheiros se transformam em "fontes de problemas", muitas vezes somente solucionados pela separação.
Penso que o relacionamento entre duas pessoas que escolheram "o viver juntos para sempre" necessita ser "construído" no dia-a-dia do casamento.

Assim, é possível planejar: a compra de uma casa; da decoração desta casa; da festa do casamento; da viagem de lua-de-mel; de filhos e etc., porém, não dá para planejar exatamente o relacionamento no dia-a-dia, pois este depende de inúmeros entrecruzamentos que ocorrem na vida cotidiana e que acabam por interferir benéfica ou negativamente na relação, no casamento.

No casamento, cada um tem seu modo de ser, um modo de agir, de sentir, tem uma individualidade, uma maneira de se comunicar com as situações da vida. Por mais que se amem, um não é igual ao outro, não pensam exatamente igual, não sentem exatamente da mesma forma, etc. Porém, é necessário que possuam algo em comum que os una de uma forma mais verdadeira, como por exemplo: os valores essenciais, os objetivos de vida, a visão de vida dentre outros. Sem isto, a relação fica muito prejudicada, pois passada as primeiras euforias, que são as novidades da relação, logo aparecem as dificuldades, as desilusões as famosas frases: "antes você não era assim, você escondeu muito bem o que realmente você é, você me enganou direitinho..." dentre outras.

Para que o relacionamento não acabe desta forma, é necessária a observação mais profunda da comunicação no dia-a-dia, e saber construir a própria relação que deve ser uma constante evolução, pois a construção traz verdadeiramente o ir além dos sonhos e dos desejos, ou seja, esta "relação ideal" passa a ser um foco concreto de trabalho onde ambos são responsáveis por sua existência e pelo seu progresso. Desta forma, na consciência de que a relação é construída no dia-a-dia, a rotina passa a ter um entendimento diferente, onde ela cumpre a missão de ser aliada da relação e não a grande vilã, ou seja, a culpada, pois sentar e conversar para construir a harmonia do casamento se torna a verdadeira rotina a ser sustentada. Todos os dias são necessárias as atividades normais do cotidiano para a sustentação da existência, sendo assim, por que o conversar não pode se tornar uma dessas atividades?

É uma tendência do feminino a busca pelo alinhamento da relação quando algo não vai bem, pois normalmente são "elas" que chamam "eles" para conversarem e acertarem a relação. Porém, penso que quando o casal é consciente de que a relação deve ser construída, que a rotina não existe, pois a cada dia podemos fazer as coisas comuns de nossas vidas com uma nova visão, e, que, o que buscamos no nosso casamento necessita ser conversado, compreendido, colocado como um foco de trabalho e buscar sempre o ponto em comum da relação, tudo então passa a ser possível de ser atingido no passo a passo da construção.

Outro ponto muito importante é a crença de que a relação tem que ser igual para sempre. Se antes ela era ótima, maravilhosa, plena, onde tudo era perfeito, ela tem que ser sempre assim. Às vezes, o contrário também ocorre: antes ela era ruim, superficial, insegura e por isto também não irá mudar, será sempre assim. Na natureza, nada é igual para sempre, pois tudo é em contínua transformação. Penso que nós também somos assim, bem como tudo que envolve nossa vida, nossa existência. Desta forma, um casamento não é igual para sempre, o amor não é igual para sempre, a relação não é igual para sempre; porém, necessitamos saber acompanhar as mudanças e aceitá-las para não vivermos de sonhos ou de ilusões que nos prendem no passado de nossa existência nos impedindo de vivermos o presente onde tudo está acontecendo.

A amizade entre o casal também é uma grande base de sustentação, pois o amor entre duas pessoas pode nascer num primeiro momento de um sentimento mais físico de atração, por exemplo, porém, sem a amizade verdadeira que traz a cumplicidade, não há relação que perdure e que acompanhe as mudanças normais e naturais do relacionamento. É necessário desconstruir a crença de que casal que se ama não são "amigos"; que amizade é "uma coisa" e amor entre casal é "outra coisa".

Pela experiência de meu trabalho como terapeuta, constato que os relacionamentos mais harmônicos, mais duradouros, mais plenos, mais resistentes às dificuldades e os mais antigos são os que existem amizade entre o casal.

Não acredito em rotina ruim nem em monotonia, pois de acordo com a natureza tudo sempre é em movimento contínuo e o dia se completa com a noite que se completa com o dia que se completa com a noite e, assim, continuamente impulsionando nossa existência. Desta forma necessitamos desconstruir a crença de que a rotina leva a monotonia e que ambas são as destruidoras das relações entre casais que se amam.

Algumas dicas:


1- Ao notar dificuldades com o companheiro busque conversar sobre sua observação.

2- Ao observar dificuldades consigo mesmo busque conversar sobre elas com o companheiro.

3- Construa sua relação passo a passo sem buscar efetivamente o "resultado".

4- O amor não é igual para sempre, pois tudo sofre transformação contínua.

5- Aprenda a evoluir com as mudanças, pois elas podem ser muito positivas, principalmente, quando somos flexíveis e as acompanhamos. 6- Construa o caminho da harmonia da relação ao invés de procurar a perfeição.


Ramy Arany é co-fundadora do Instituto KVT, Instituto KVT Desenvolvimento da Consciência Empresarial , da Instituição Filantrópica Ará Tembayê Tayê e da Editora KVT. É assistente social, terapeuta comportamental, pesquisadora dos estados alterados da consciência e escritora.



sábado, 16 de maio de 2009

Resgate de Nós Mesmos


Quantos de nós não teremos chegado a este mundo tentando encontrar explicações para o fato de que não nos sentíamos bem fazendo, agindo ou buscando aquilo que as “pessoas normais” faziam, agiam e buscavam.

Quantos de nós já não teremos tentado nos integrar de todas as formas com aquilo que os convencionalismos humanos diziam ser o certo, ou o natural, mas encontrávamos sempre a voz que ecoava de dentro a dizer: “calma”.

Quantos de nós já não teremos passado noites em claro tentando encontrar nas estrelas, a explicação pela qual nos sentíamos ao mesmo tempo tão próximos fisicamente e tão distantes espiritualmente das vontades comuns.

Quantos de nós já não teremos tentado decifrar as incógnitas escondidas nos corações que de nós se aproximavam, e tentavam a todo custo, mudar nossa vontade, buscando nos convencer que sempre sabiam o que era melhor para nós.

Quantas vezes já não nos sentimos solitários, mesmo em meio à tantas pessoas ao nosso redor, mesmo fazendo e agindo como todas elas, sem que elas nem desconfiassem que entre nós e elas não havia conexão profunda, apenas éramos levados pela vibração do momento.

Quantos de nós já não teremos chegado ao ponto de questionar se nossos princípios realmente eram os mais corretos, e se não éramos mesmo estranhos diante da vida.

Quantos de nós não teremos chorado, incapacitados de mostrar legitimamente ao outro o que ia em nosso coração, e vencidos, nos entregávamos ao sono reparador, na esperança de que nas experiências extra corpóreas, encontrássemos paz.


Até que um dia, sem alarde e sem prévio aviso, uma brisa suave e carinhosa nos tocou a face, e muitos de nós fomos visitados por anjos. Alguns disfarçados de homens, outros em forma espiritual. E esses anjos nos resgataram, foram para nós a ponte entre o lugar em que nos encontrávamos e o lugar que desejávamos estar. E nos ensinaram que podemos sim ser diferentes, mas ao mesmo tempo, ter paz.

E a partir desse momento, muitos de nós descobrimos a magia da vida, o encanto da existência.

Inesquecível terá sido aquele momento em que percebemos que como nós, existiam outros, talvez vindos da mesma grande nave maior que nos plantou como sementes no seio dessa terra abençoada de aprendizado.

Inexplicável terá sido o momento em que compreendemos que temos amigos em tantos e muitos outros planetas, mesmo que no mundo dos homens, sejamos loucos. (Que o diga meu querido poeta e músico Marcus Viana).

Que alegria não terá invadido nossa alma ao percebermos que éramos sim diferentes, mas assim o éramos pois os valores de nosso espírito vinham de muitas vidas, de muitas experiências boas e ruins, que nos ensinaram a estar sim com os pés bem fixados no solo, mas com os olhos voltados para o alto.

Que majestoso terá sido o minuto em que tenhamos percebido a força do amor em nossas vidas, um amor diferente de todos os “amores” que havíamos experimentado antes, inexplicável para quem tenta sobre ele discorrer, mas palpável para quem o sente de verdade.

Singular a sensação que nos tenha tomado quando começamos a entender que o acaso não existe, que o pensamento tem força, que toda ação tem uma reação, que o perdão liberta, que podemos mudar qualquer coisa pela nossa vontade e pelo nosso esforço, e que somos os únicos responsáveis pelo nosso destino.

E, finalmente, conseguimos compreender que ser diferente não significa ser pior, ou melhor que ninguém. Significa apenas não ser igual. Significa termos a oportunidade de nos tornarmos, tanto quanto possamos, exemplos vivos de que fomos resgatados, e que podemos ser diferentes.


Porque ser diferente significa conseguir ouvir a voz que vem de dentro, sempre a nos dizer: Diante das convenções humanas, “brilhai a vossa luz!”


Por Anderson Coutinho é Palestrante, Reikiano, Apometra, Aplicador Magnético, Numerólogo, Astrólogo, Praticante de Viagem Astral, Guardião da "Chama Trina da Liberdade" na Grande Fraternidade Branca. Em suas palestras, aborda temas espiritualistas focados na evolução do indivíduo. Desenvolve trabalhos de cura e harmonização.

Os buracos não deixam de existir...


Se pensarmos na vida como um longo caminho, podemos fazer analogias interessantes. A começar pelos tão comentados obstáculos que temos de aprender a ultrapassar ao longo dos anos...

Uns maiores, outros menores, cada qual traz consigo seu nível de dificuldade, suas consequentes dores e seus preciosos aprendizados. Mas hoje quero falar, sobretudo, dos buracos. Alguns rasos, outros nem tanto. E existem também aqueles que, de tão profundos, quando caímos neles costumamos usar a expressão cheguei ao fundo do poço!.

É claro que ninguém gosta de cair em buracos. Por menores e mais rasos que sejam, no mínimo nos desestruturam e nos fazem perder o rebolado. Mas o fato é que eles fazem parte de todos os caminhos, de todas as pessoas, sem exceção, embora sejam sempre únicos.

O problema é quando alguém busca conhecimento, estuda e se sente tão crescido que passa a acreditar que isso é o suficiente para eliminar os buracos de seu caminho, para fazer com que eles simplesmente não existam mais. Iludido e enganado por si mesmo, ao se deparar com um, vai ter de lidar ainda com a decepção, a frustração e a sensação de que toda busca não valeu de nada!

Não caia nesta armadilha! Saiba de antemão que os buracos vão existir pra sempre. A diferença entre quem está consciente de si e de seu caminho e quem não está, é que o primeiro vai saber evitar o tombo desviando a tempo do buraco ou, pelo menos, levantar, sair dele e seguir em frente mais rapidamente e, tomara, menos machucado.

E tem mais: podemos perceber, com a repetição de nossas quedas, que muitos dos buracos de nossos caminhos são incrivelmente parecidos, justamente porque a função deles é nos ensinar a mais difícil de todas as lições.

Portanto, se sua lição mais difícil é aprender a ser menos teimoso, ou menos ansioso, ou menos inseguro, ou menos desconfiado, note bem: toda vez que você se distrai ou acelera o passo mais do que deveria, cai num buraco em que parece já ter caído inúmeras vezes antes.

Não é o mesmo! É outro! É novo! Ele se repete à frente para que você acorde e, a cada queda, consiga levantar com mais habilidade, e seguir em frente não reclamando e se lamentando por ter caído mais uma vez; não se criticando e se culpando por ter sido estúpido novamente. Não! Não há nenhuma estupidez na repetição do aprendizado, mas sim vivência, privilégio e sabedoria!

Assim, se você está agora no chão, se acabou de cair num buraco do seu caminho, não se sinta uma vítima e sim um escolhido pelo Universo para se tornar mais forte e mais preparado. Erga-se, mesmo doendo. Saia do buraco, mesmo chorando. E dê um passo à frente, e depois outro e outro, com a certeza de que pode ir bem mais longe...

Outros buracos virão. Novas cicatrizes ficarão cravadas em sua alma. E tudo isso será a prova de que você não veio como espectador e nem como coadjuvante de sua história. Você veio como protagonista e vai chegar até o fim com a dignidade de quem não apenas cumpriu o seu destino, mas o esculpiu com coragem, fé e atitude!

Por Rosana Braga


Quando seu amor não é correspondido...


Creio que não haja muitas outras situações na vida que nos machuquem tanto quanto a de não sermos correspondidos no amor! E apesar de ser uma das mais difíceis, também acredito que poucas pessoas tenham escapado dessa dor...

Sendo assim, concluo que há algo de muito importante, diria até essencial, para aprendermos quando isso acontece ao nosso coração. Mas as perguntas que mais gritam em nossa alma, justamente neste momento, são: POR QUÊ? Por que esse amor não pode ser? Por que a pessoa que eu tanto amo não me ama? O que eu posso fazer para mudar essa situação?

Sabe, muitas vezes, o amor não desabrocha por razões concretas. Talvez não justificáveis para nós, mas suficiente para fazer com que o outro simplesmente não nos ame. Podem ser questões religiosas, familiares, sociais, estéticas, de comportamento, enfim, algo como não gosto de fulano porque ele é mentiroso, ou porque ele bebe, ou porque ele é arrogante...

Enfim, razões que bastam para que o outro não se sinta atraído, apaixonado, conquistado... Mas, em outros casos, a pessoa que amamos pode simplesmente não nos amar, sem conseguir encontrar nenhuma justificativa para isso. A gente pode ser, para esta pessoa, bonita, inteligente, agradável, cheirosa, educada, trabalhadora, amiga, possuir diversas outras qualidades e, ainda assim, não despertar nele o mesmo amor que sentimos!

E ainda existem os casos em que somos correspondidas por um tempo, somos amadas, vivemos intensamente um relacionamento e, de repente, sem motivo aparente, sem razões convincentes, o outro nos deixa, vai embora, pára de nos amar...

Diante de situações como essas, sentimos nosso mundo desabar, nossa auto-estima minguar, nossa alegria derreter juntamente com nossas lágrimas... Tentamos, desesperadamente, encontrar uma razão, algo que tenhamos feito de errado, sejam atitudes, palavras, comportamentos, qualquer coisa que nos dê, pelo menos, a chance de reverter essa situação!

Porque sabemos que diante do nada, nada podemos fazer! Porque se não há motivos, então não há o que mudar, com o que lutar, o que justificar... Temos que nos conformar com a possibilidade de que o amor simplesmente tenha acabado... ou nunca tenha existido!

Sinceramente, não sei se acredito que amor acaba sem motivos! Não sei se aceito a idéia de que o amor simplesmente morre. Para mim, amor não morre, é eterno! E se morre, é porque não foi cuidado, não foi alimentado, não foi zelado com o respeito que merece...

No entanto, algumas vezes teremos de lidar com o fim do amor que chega sem explicações, sem motivos aparentes, nos deixando completamente perdidos, mortos na alma e no coração... O que fazer? Quem procurar? Parece que nada alivia: lágrimas, conselhos, consolos, presentes, cantadas, nada é capaz de nos fazer enxergar alguma luz, alguma esperança!

Mas o fato é que não podemos sucumbir, nos entregar. Precisamos aprender o que há para ser aprendido; superar o que há para ser superado e fazer como a Fênix – renascer das cinzas! E voar novamente, para alcançar um patamar acima de nossa existência!

E por mais batida que pareça essa afirmação, por mais doloroso que seja ter de aceitá-la como verdadeira, só há um remédio para tamanha dor: o tempo!!! Porque o tempo tudo cura, tudo revela e tudo faz renascer. O coração cicatriza, a alma se torna mais sábia e o amor ressurge... em busca de um outro coração, em busca de uma nova tentativa de ser feliz!



Por Rosana Braga - Jornalista, Escritora e Consultora em
Relacionamentos Palestrante e Autora dos livros
"Alma Gemea - Segredos de um Encontro" entre outros.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

A caridade é uma arte

AINDA QUE EU FALE A LINGUA DOS ANJOS, SE NÃO TIVER CARIDADE NADA SEREI

És uma alma imortal, criada por Deus e cujo destino é a luz.
Na tua origem o pó, a terra. E neste barro, simbólico, o sopro do Criador insuflou a vida.

E por milênios, tu, este principio inteligente, peregrina pelos reinos todos modelando formas e instrumentalizando-se para poder realizar o teu evento existencial.

Do cristal ao anjo, esta é a saga do Espírito, que jornadeando pelo mineral, pelo vegetal até alcançar os primórdios de uma rudimentar inteligência ou um germe de sentimento foi realizando o seu destino.

Contemplavas o infinito e a angústia de ser luz alentava teus passos; sofrias nas intempéries das estradas agrestes, nos corpos primitivos, mas dentro de si o anjo debatia-se e cantava o alvorecer de um novo tempo.

Era a voz de Deus, cravada em tuas entranhas!
Era a mão de Deus, dominando teus músculos ainda nativos, inábeis.
Era o coração de Deus, caritativo, que enchia teu peito de força e coragem.

E foi assim que atravessaste as fronteiras desconhecidas deste universo para adentrares neste mundo aureolado de estrelas, onde uma humanidade que luta para se espiritualizar, realiza o advento de uma vida que contempla a paz, que trabalha e confia, que já sabe rezar e cantar.

E mais do que isso, uma humanidade que já aprendeu a depor as armas; a mitigar a fome e a chorar a dor alheia.

Eis aqui tu, habitante da Terra, escrevendo tua história nas estrelas.

Não és ainda um astro, mas podes já viajar pelo universo contemplando espaços e sabedoria que ti confortam e ensinam.

Tudo isso que conquistas, na Terra e no Céu, é fruto do teu destemor, da tua coragem de Ser.

No entanto, se volveres teu olhar para trás e buscar tuas origens e com sinceridade rever a travessia que realizastes, perceberás que sempre e sempre houve algo ou alguém que te apoiou em tua peregrinação.

Mães que adornaram tua alma, com corpos formosos para te aculturar.

Pais dedicados que se consagraram ao trabalho para tei sustentar os vôos na existencialidade.

Amigos que gritaram e ajoelharam-se contigo para adorar e plantear as perdas e glórias nas lutas juvenis.

E todo um cortejo de seres inanimados ou viventes que te ofertaram o dorso, a pele, as vísceras, o brilho e o cântico para que pudesses proteger-te, caminhar e sorrir.

Saibas, a vida toda ajudastes e fostes ajudado. É a essência da vida.

Ninguém, nenhuma alma criada por Deus voeja para os Céus sem antes ter vagado pelas eiras do Universo físico e espiritual na tarefa sacrossanta de realizar a caridade.

Por isso, tinha razão o bravo evangelizador, Paulo de Tarso, quando proclamava em alto e bom som:

Posso ter a voz dos anjos, mas se não tiver caridade no coração, nada serei.

A CARIDADE É UMA ARTE

É a arte de atravessar teus limites para realizar o encontro com a solidão, com a pobreza e com a dor.

Este encontro é uma aventura que só podem realizar aqueles que têm a força de perdoar; de ultrapassar as fronteiras do preconceito para se entrincheirar no coração das almas aflitas, na batalha contra o sofrimento.

E ali, abrigados no peito das almas frágeis, com mãos ágeis e pensamentos brilhantes reinventar um caminho de luz para que estas criaturas sigam seus rumos.

Elas caminharão, sim.

Caminharão abastecidas pelo combustível da Caridade, colocado no pit stop do amor por outras criaturas disponíveis que também hão de abrir seus corações para confortá-las e dirigi-las.

Ao final, receberão a bandeirada divina que contempla com o troféu da paz e a champanhe da alegria todas as criaturas que ainda acreditam que o Amor existe.

Por Wilson Francisco

Como ter paz nas relações

Por Robert Happé

Muitas pessoas que vivenciam separação psicológica costumam também se eximir da responsabilidade dos problemas que têm; culpam os outros, são hostis e defensivas, não se dando conta de que elas próprias criaram os problemas.

Usualmente, em decorrência de suas hábeis táticas de controle, elas conseguem experienciar certos benefícios, o que as faz acreditar que tudo pode continuar seguindo assim. Porém, isso reforça as atitudes manipulativas, e um circulo vicioso difícil de ser quebrado se estabelece.


Controlar os outros, como um modo de vida, é um padrão desenvolvido pelo individuo para sobreviver na realidade de seu mundo. Aquele que se sente psicologicamente separado dos demais, em função de algum medo, influencia negativamente o ambiente e os outros. Essa negatividade se traduz, muitas vezes, numa comunicação deficiente, em que a troca não é clara e as relações ficam, consequentemente, fora do equilíbrio.

Aqueles que criam uma polarização nos relacionamentos, fazem-no com o intuito de controlar e não estão abertos à reconciliação; pelo contrário, atuam de forma a deixar os outros sem defesas. Não se dão conta de que, ao atuar dessa maneira, estão ao mesmo tempo se isolando do prazer de trabalhar em proximidade com os outros, e estão se privando de relações de confiança e harmonia.

As pessoas que controlam os outros deixam de viver relações de intimidade e amor. Quanto maior o medo, mais o individuo sente a necessidade de controlar os outros e mais ainda se separa de relacionamentos calorosos e de amizade. Muitos padecem desse sofrimento, sem nem mesmo perceberem o quanto afastam as pessoas.

A maioria dos que controlam faz isso por autoproteção, por medo de ficar vulnerável e ser machucada pelos outros, caso venha se abrir. Todas as pessoas possuem sua cota de dominação e controle e todos precisamos aprender que não é necessário controlar nenhuma área da vida. Soltar os controles passo a passo significa tornar-se livre, pois nos libertamos, simultaneamente, da pesada responsabilidade de interferir na vida dos outros.

Quando o controle é removido do relacionamento, a harmonia é o que se segue; a comunicação e o compartilhar mútuos tornam-se então possíveis. Isso é a unificação.
E unificação é paz.

terça-feira, 12 de maio de 2009

O desejo incontrolável


Ao entrarmos em contato com um objeto, a primeira coisa que fazemos é um pré-julgamento a seu respeito: agradável, desagradável ou neutro. Logo em seguida, ao experienciá-lo, vivenciamos o sétimo elo, o sentimento interdependente, no qual iremos constatar se o objeto é, de fato, agradável, desagradável ou neutro. Conforme a reação de nossa experiência em relação ao objeto, iremos gerar anseio por tê-lo mais perto ou mais longe de nós. Em nossa mente, tudo isso ocorre muito rápido: vejo, gosto, desejo. Ou então, toco, não gosto e sinto aversão.

Tudo isso pode parecer muito simples, mas toda a complexidade do sofrimento humano está aí: o que desejamos ou rejeitamos resulta de uma cadeia de projeções mentais que começam a partir de um pré-julgamento. Como diz Lama Yeshe em seu livro A Energia da Sabedoria (Ed.Pensamento): “Na maior parte do tempo, pintamos imagens. Colocamos nossa própria interpretação limitada em tudo”.

De fato, se pararmos para observar, todas as vezes que nos frustramos com algo é porque havíamos anteriormente criado uma expectativa, uma imagem que não se concretizou ao entrarmos em contato com a realidade. Ou seja, nos decepcionamos por não encontrarmos fora o que imaginávamos dentro de nós. Grandes frustrações podem ter tido seu início em pequenas expectativas que cresceram rapidamente por ação deste oitavo elo: o desejo.

O desejo atua sobre nós com o mesmo poder que um mágico nos faz acreditar em suas manobras fantásticas: sabemos que há um truque por detrás de seus atos e que por isso, tudo não passa de uma ilusão, mas, devido ao encantamento que ele nos desperta com sua agilidade e rapidez, acabamos por acreditar que tudo seja verdadeiro, independente de nossas crenças. Aí mora o perigo: o desejo nos faz ver o objeto desejado como algo sólido, externo a nós. Esta percepção sólida do objeto desejado nos faz sentir como se o objeto estivesse separado de nós, e, assim, começa a perseguição: surge o forte anseio de nos movermos em sua direção.

A esta altura, já nos tornamos presas de nossos desejos. Segundo a neurociência, neste momento estamos sob os efeitos do aumento do hormônio chamado dopamina. Segundo Stefan Klein, em seu livro A Fórmula da Felicidade (Ed. Sextante), a dopamina é a molécula do querer. Ele explica: “Basta batermos o olho na nossa fruta preferida no supermercado para que a dopamina seja liberada. Logo em seguida, um sentimento de felicidade nos invade, um misto de alegria e excitação, uma espécie de ’eu quero aquilo’. Sob o efeito da dopamina, o cérebro transmite para os músculos a ordem de esticar o braço e alcançar a fruta. Ao mesmo tempo, a memória fica em estado de alerta para receber uma mensagem: o cérebro prepara-se para examinar atentamente se o sabor da fruta corresponde à expectativa, a fim de poder arquivar a experiência positiva (ou a decepção) para uma próxima vez”. Cabe exaltar que o excesso de dopamina pode intensificar nossos desejos a ponto de tornar-nos obsessivos!

Para que isso não ocorra, é importante ressaltar que a nossa mente não é apenas feita de desejos... Segundo a psicologia budista, nossa mente é composta por cinco fatores mentais onipresentes e cinco fatores mentais que determinam o objeto. Compreendê-los poderá nos ajudar a reconhecer nosso potencial de saber direcionar a energia do desejo conforme acharmos melhor!

Os cinco fatores mentais onipresentes estão sempre ativados em nosso fluxo mental, não importa o que estivermos pensando, sentindo ou fazendo. São eles: a intenção, a sensação, o discernimento, a atenção e a relação. O mais importante deles é a intenção, pois é o primeiro movimento da mente em direção a um objeto.

Os cinco fatores mentais que determinam o objeto também estão sempre presentes em nossa mente, mas em diferentes graus de intensidade. Portanto será a sua força ou fraqueza relativa que determinará a qualidade de cada atividade mental. São eles: o desejo, a decisão, o cuidado, a concentração e o entendimento.

Francesca Fremantle explica, em seu livro Vazio Luminoso (Ed. Nova Era): “O desejo é o elemento de atração pelo qual a mente é fortemente atraída em direção a algo; pode ser por assuntos mundanos ou pode ser pela iluminação e em benefício dos outros. Decisão é a aplicação firme da mente. Pode também significar devoção ou confiança; poderíamos dizer que a mente é devotada ao objeto e se confia a ele. Cuidado é trazer a mente repetidamente de volta ao seu objeto, e é a base da meditação. Concentração é mais completo do que cuidado, é a absorção da mente em seu objeto; entendimento é o conhecimento direto resultante dessa absorção”.

Em geral somos tão imediatistas frente aos nossos desejos que exploramos pouco os demais fatores mentais que determinam o objeto: a decisão, o cuidado, a concentração e o entendimento.

O budismo nos inspira a sermos livres do sofrimento, isto é, a não ficarmos sob a custódia do desejo incontrolável. Assim, cada vez que surgir o anseio por algo, podemos nos concentrar, aumentar nosso entendimento a respeito das vantagens e desvantagens em seguir este determinado desejo e, com cuidado, investigar a sua natureza, para, então, decidir o que fazer com ele! Isto é, com a gente mesmo!

Bel Cesar é terapeuta e dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.
Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções e Mania de sofrer pela editora Gaia.

Varrer o lixo


Você é o que é por causa daquilo que entra na sua mente.
Zig Ziglar

Ha muitos anos, na primeira vez que ouvi Zig Ziglar falar, ele disse diversas coisas que chamaram minha atenção. Uma delas era uma pergunta: "Você deixaria que alguém entrasse na sua casa e despejassse o conteúdo de um enorme saco de lixo bem no meio da sua sala?"
Até aquele momento, creio que ninguém no auditório tinha idéia do seu propósito com aquilo, porém ele esclareceu tudo com a pergunta seguinte: "Se vocês não permitiriam que alguém esvaziasse um saco de lixo bem dentro de sua mente?"

Ele prosseguiu, falando sobre as muitas fontes de onde as palavras saltam sobre nós todos os dias e sobre o poderosos efeito que podem exercer. Também nos lembrou de que a simples atitude de prestarmos mais atenção no que entra no nosso "sistema" nos permite fazer uma varreadura para eliminar grande parte desse material negativo. Temos como trocar o canal da televisão, mudar de emissora de rádio, fechar as páginas de uma publicação que consideramos ofensiva e evitar, pelo menos em alguma medida, a presença de pessoas que nos arrastam para baixo com conversas sombrias.

Em outras palavras, podemos, sim, nos livrar de uma boa quantidade das mensagens negativas que estamos sujeitos a absorver.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Deus de infinita bondade


“Deus de infinita bondade,

Não permita que eu desista da caminhada

daí-me a força para sobreviver

em meio a tantos desencontros

Permita-me seguir a Luz que me leva ao caminho certo

Mesmo que os atalhos me mostrem um falso colorido

Ajuda-me a conseguir realizar o que me propus:

Conseguir levar harmonia aos meus irmãos

Levar sempre um sorriso nos lábios para contagiá-los

Ter o calor nas mãos para aquecer o frio dos que estão em solidão

ter o brilho nos olhos para indicar o caminhoa quem está soba minha guarda

Mesmo que meu desejo seja chorar.

Que sua benção possa envolver o coração dos que me rodeiam

E possam sentir minha verdadeira luta pela Paz.

Para o entendimento e para a harmonia entre todos.

Quero chegar no meu momento, que só Vós conheceis, e poder Lhe dizer:

Pai, daqueles que me confiaste durante minha caminhada não perdi nenhum”.