domingo, 31 de julho de 2011

Prazer em resolver problemas



É um prazer resolver problemas quando os encaramos como um estímulo para a autorrealização. Afinal, a alegria diante de uma realização interior é genuína.

É como o sorriso de uma criança quando está aprendendo a andar. Quando sua mente está livre de expectativas exageradas e do medo de errar, ela pode gozar da satisfação do autodomínio. Tal satisfação inata já foi motivo de pesquisa científica. Cientistas separaram três grupos de bebês com dois meses de idade. No primeiro, os bebês ficavam com a cabeça apoiada num travesseiro que, conforme pressionavam com seu peso de suas cabeças, fazia um móbile pendurado logo acima deles se mover. No segundo grupo, o móbile se movia independente dos movimentos de suas cabeças e, no terceiro, o móbile não se movia. Não é preciso dizer que o primeiro grupo de bebês sorria e se agitava de prazer ao aprender a girar o móbile enquanto nos demais não reagiam, apenas o observavam.

No entanto, na medida em que crescemos, esta satisfação gerada pelo autodomínio será inibida devido aos inúmeros "nãos" que passamos a escutar, sem mesmo entender por que.

Gradativamente, a sensação de inadequação, culpa, vergonha e frustração irá se instalar em nossos padrões mentais. Neste sentido, aprendemos que não podemos controlar os "móbiles" como gostaríamos, mas, sim, que serão eles que irão nos controlar!

Bebês que tiverem pequenos prazeres gerados pela autonomia e independência crescem com mais facilidade para afirmar a sua pessoa. Por exemplo, comer com as próprias mãos. Quando os pais insistem em dar comida na boca das crianças, estão tirando delas o prazer e a aventura de comer.

Aprendi com minha mãe a alimentar meus filhos: colocava diante deles diversas tigelinhas com uma leguminosa, um cereal, uma raiz, uma flor, uma folha e um fruto. Assim, eles podiam escolher por si próprios o que queriam comer. No início, com as mãos, depois com a colher. Era uma grande bagunça, mas que deu certo! Nunca tiveram problemas para comer...

Seguir ordens é um processo penoso, pois, na maioria das vezes, representa negar nossas necessidades pessoais. Abrir mão do desejo natural de explorar o desconhecido e saber aguardar o momento justo para agir é um desafio constante que teremos que adquirir ao longo de toda nossa vida.
Quando as crianças observam os adultos tendo prazer em resolver problemas, aprendem e experimentam o mesmo prazer ao tentar resolver seus próprios problemas. Se tivermos crescido num ambiente seguro e que, ao mesmo tempo, nos encorajou para seguirmos adiante com nossas iniciativas e riscos pessoais, quando adultos seremos autônomos e, ao mesmo tempo, respeitaremos nossas necessidades naturais de dependência e proteção. Mas, se tivermos sido constantemente desencorajados a explorar o mundo à nossa volta, vamos crescer crendo que somos incapazes e que agir não leva a nada. A dor de ter nossas emoções e necessidades ignoradas ou distorcidas gera uma sensação profunda de inadequação.

Aos cinco anos de idade, já desenvolvemos uma noção clara do que podemos ou não fazer. Deixamos de agir erroneamente mesmo quando estamos a sós. Se nossos pais foram extremamente controladores, teremos facilmente a sensação de culpa e vergonha quando agirmos por conta própria, à revelia de seus comandos.

Quando crescemos, este sentimento já estará tão arraigado em nós que nem sabemos mais porque o sentimos. A questão é que quando ele se torna demasiado, perdemos tanto o desejo como o prazer de exercitar a nossa própria vontade!

Para superar esse bloqueio criativo, temos que cultivar uma nova postura interior, na qual nos vemos como criadores de nosso próprio curso de vida. Desta forma, será prazeroso nos estimularmos a assumir tanto os riscos como as suas consequências.

Para recuperar a alegria de conquistar uma nova habilidade, temos que nos conscientizar, repetidas vezes, de que não somos mais reféns do controle externo como fomos um dia.

Quando nos sintonizamos com a autorresponsabilidade e o autodomínio, somos capazes de aprender a ver os problemas não como problemas, mas como oportunidades de crescimento interior.

Lama Zopa, em seu livro "Transformando problemas em felicidade" (Ed. Mauad) nos esclarece que precisamos ter constantemente duas atitudes internas: 1. cultivar uma mente que não tem aversão aos problemas e 2. gerar uma mente que sente prazer em resolvê-los.

Para tanto, temos que evitar exageros. Encarar os grandes problemas passo a passo é uma forma de sermos gentis com nossos limites e incertezas. Intuitivamente, sabemos que não adianta ficarmos inquietos, com raiva ou deprimidos.

Lama Gangchen nos aconselha a substituirmos a palavra "problemas" por "pequenas dificuldades".

Na realidade, gostamos de arranjar pequenos problemas para resolver! Pois a sensação de controlá-los mantém nosso cérebro saudável e equilibrado. Enquanto uma área do cérebro registra a chance de erro e aciona outra área que nos deixa acordados e atentos, outra área analisa a situação e traça estratégias que, por sua vez, ativa o sistema de recompensa, deixando-nos motivados e animados com o desafio.

Na medida em que resgatamos o prazer de solucionar problemas, recuperamos o prazer de viver. Afinal, problemas existem e sempre existirão!

Por Bel Cesar


Você só atrai pessoas problemáticas?


Outro dia, no banheiro de um restaurante, ouvi uma mulher comentando com a amiga sobre o quanto estava cansada de só atrair homens problemáticos. Chegou a dizer que estava com a impressão de que havia se tornado uma espécie de pararraios de malucos.

Segundo a tal desiludida, toda relação que começava como uma promessa de prazer e alegria, logo se revelava um poço de problemas e encrencas. Naquele momento, senti que ela pedia um socorro à amiga, querendo saber se deveria continuar tentando encontrar alguém legal ou se seria melhor ficar sozinha.

A outra, tentando ser solícita e compreensiva, repetia com firmeza que era bem melhor ficar sozinha, porque realmente havia muito "doido" pelo mundo e não valia a pena insistir e arriscar de novo, afinal, beijo na boca não faltaria a nenhuma das duas, segundo ela.

Saí do banheiro bastante reflexiva, tentando imaginar o perfil de loucura dessas pessoas a quem elas se referiam. Tentando imaginar, sobretudo, que tipo de pessoa atrairia tantos malucos a ponto de desistir de se relacionar e desacreditar no amor.

Afinal, a mim parece que ninguém atrai alguém por mero acaso. Ainda mais quando se tratam de casos semelhantes que se repetem indefinidamente. A primeira questão que eu me faria, num caso como esse, é: "o que será que eu ainda não percebi, não aprendi e não mudei?"

Sim, porque se uma pessoa só experimenta relações problemáticas, com toda certeza não está resolvida com suas próprias complicações significativas. Se só atrai malucos, é porque a sua maluquice está gritante, evidente e atraente.

E se, por fim, desistir das pessoas, do amor e dos relacionamentos, estará decretando a si mesma uma sentença desastrosa - a de que todos os demais, exceto elas mesmas, são "doidos" e, portanto, indignos de se tornarem parceiros. Servem apenas para beijar na boca.

De verdade, nada contra os beijos na boca. Pelo contrário, é certamente uma aproximação prazerosa. No entanto, quando uma pessoa não passa, aos olhos da outra, de uma possibilidade de beijar na boca, certamente, há algo muito distorcido nesta história.

Partindo do princípio de que os incomodados é que devem mudar, eu diria a essa moça ou a qualquer pessoa que esteja se sentindo um pararraio de problemáticos, para aproveitar o sinal que a vida está emitindo para se rever e descobrir por que está atraindo isso...

Se acreditar que os opostos se atraem, deve então observar seu excesso de normalidade, sua extrema rigidez ou sua exacerbação de autocrítica. E se acreditar que semelhante atrai semelhante, então, nem será preciso pensar tanto. Certamente está precisando reconhecer sua própria doidice e sua falta de noção.

O fato é simples: quanto mais estressantes e confusas são as relações de uma pessoa, mais longe ela está de sua essência e da harmonia que precisa ter com seu próprio coração. À medida que ela se conhece, sabe o que quer e age de modo coerente, pode ter certeza absoluta de que só atrairá e se tornará atraente a quem estiver nesta mesma sintonia...

Por Rosana Braga

terça-feira, 26 de julho de 2011

Sua vida de ponta cabeça... saia dessa situação!



Nossa, tem horas que olhamos à nossa volta e nos parece inacreditável o que vemos, tudo parece estar desmoronando; o emprego já não é mais o que era antes, o casamento está por um fio, as finanças à beira do caos... e assim vai.

Estas fases acontecem na vida de todas as pessoas, mas, nesse momento em que tudo parece ruir, o ideal é parar, analisar e verificar onde se encontra o fio da meada. Geralmente, há uma situação inicial que desencadeou tudo que está acontecendo nesse momento. Quando o negativo se instala em nossa vida por permissão nossa, tudo começa a entrar em colapso, para que você tenha absoluta certeza que precisa modificar o modo de vida.

Eu também já vivi momentos assim, e parece que eles não têm fim. Quando estamos no meio desse turbilhão de energias negativas, achamos que será eterno, mas não é! Tudo muda, basta que você decida por isso!

A transformação ocorre quando descobrimos a origem da programação negativa, que está desencadeando todos os acontecimentos do momento. Na Mesa Radiônica, identificamos o momento exato desse momento e, então, o eliminamos. É importante ainda verbalizar o ocorrido para que possamos vivenciar todos os sentimentos envolvidos e, desse modo, perdoar as pessoas envolvidas e, então, liberar a energia; isso é de suma importância para que a transformação ocorra.

No momento em que você decide dar um basta ao que está ocorrendo em sua vida, é importante ser muito verdadeiro com seus sentimentos, deixando suas máscaras de lado e partindo para a exposição total do que sente.

A felicidade é o Caminho Divino de todos os seres, mas é impossível obtê-la sem que sejam eliminadas as causas da sua infelicidade, que são os conflitos internos que adquirimos ao longo de nossas vidas.

À medida que o equilíbrio energético e a eliminação dos bloqueios estiverem sendo realizados, você começará a colocar a sua vida em Ordem Divina, e sentirá uma força vibrante de confiança e tranquilidade.

O bloqueio se refere a um momento em que a energia pulsante de seu ser ficou estagnada, fazendo com que o negativo passe a pulsar em sua mente. O simples fato de descobrir esse bloqueio e eliminá-lo fará com que essa energia parada seja dissolvida e perca as suas proporções exageradas.

Tenho uma paciente que atendo em meu consultório, e que também se tornou minha amiga. Quando me procurou pela primeira vez, confidenciou chorando como se encontrava sua vida naquele momento.

Era casada há dez anos e sua vida conjugal estava péssima, era agressiva com o marido sem entender as razões, implicava com ele e em seguida se arrependia, sentia falta dele somente quando estavam longe um do outro. Tão logo chegava em casa, as implicâncias com pequenas coisas e a necessidade de afastamento se tornavam presentes. A recíproca era verdadeira por parte do marido, mas ela percebia que sempre partia dela a provocação da situação de conflito.

Tinha um escritório de advocacia deixado por seu pai, que não era mais o mesmo sucesso de antes. Hoje, havia inúmeros processos parados sem solução e o dinheiro que recebera como herança estava sendo dissipado aos poucos.

Sua vida familiar com a mãe e irmãos já não podia ser a mesma e, por não querer demonstrar sua infelicidade, havia se afastado de todos e compensava como suporte financeiro que nem tinha.

Iniciamos seu tratamento pelo pleno reestabelecimento de suas frequências energéticas pela Mesa Radiônica, o que demorou algumas sessões, pois a sua resistência ou descrédito à mudança era muito grande, por vezes insistia em vícios de comportamento que a levavam a estados negativos de comportamento.
Por fim, quando houve o pleno reestabelecimento da parte energética, parti para a identificação do bloqueio original que havia desencadeado essa situação atual em sua vida.

Identifiquei na Mesa Radiônica que o fato havia ocorrido há oito e ½ anos, e de imediato, ela começou a sentir mal como se estivesse tendo um enjôo repentino, pediu-me um copo de água e disse que iria me contar o que havia ocorrido naquela época.

Tão logo se recuperou, disse-me: passei dois anos e meio tentando engravidar, já havíamos feito vários tratamentos e inseminações mal sucedidas; decidi, então, deixar de lado esta história de gravidez e tocar minha vida para frente. Comecei a sentir muitas dores no lado direito do meu abdômen, como já havia tido histórico familiar de doenças no fígado, fui verificar o que poderia estar ocorrendo.
O médico, então, me indicou uma tomografia, me fizeram as perguntas típicas do tipo: você está grávida? Respondi de imediato que não.

O exame foi feito e descobri algumas semanas depois que estava grávida! O médico esclareceu que aquele exame oferecera um enorme risco ao bebê, que poderia nascer uma criança defeituosa ou com problemas cerebrais.
Assim, confessou que o mundo havia desabado sob sua cabeça, e a tão sonhada gravidez havia ido por água abaixo... A decisão de prosseguir ou não com a gravidez também teria que ser sua.
Ela acabou por abortar esse bebê e sua vida perdera o sentido por completo.

A partir desse momento, seu casamento não tinha mais o mesmo sabor, na sua percepção, pois não conseguiram formar uma família... e trabalhar para quê? Seu escritório também começou a sofrer as consequências.

Curamos esse bloqueio profundo e hoje, passado alguns anos, ela cuida regularmente do seu equilíbrio. Seu escritório voltou a ser um sucesso e ela e o marido, em uma decisão conjunta de amor, optaram por adotar uma criança e formar de fato a família que tanto desejavam.

Por Maria Isabel Carapinhas


As religiões, o ser humano e Deus


Devemos depositar toda a nossa confiança em Deus, construindo um plano emocionalmente divino, uma expressão serena e de confiança, na certeza de que tudo passa. Cada manhã não é somente um novo dia. É muito mais... é a esperança, uma certeza que deve nascer do fundo da "alma", com a consciência que cada minuto que passa tudo pode mudar para melhor. Ter o desejo de estabelecer uma unidade, um equilíbrio entre as pessoas e o resto do universo. Daí a intensidade e a profundidade do anseio pela religiosidade, que não é de forma alguma, negado pelo espírito.


Bastamos pensar na identidade entre os objetivos da cura da alma e o conjunto de idéias e normas comuns a todos os ensinamentos humanistas do oriente e do ocidente. Dizem os pensadores humanistas: o ser humano deve procurar conhecer a verdade e o grau de humanidade a que lhe atinge, a independência e a liberdade. Deve ainda relacionar-se com os semelhantes pelo amor, pois se não dispõe de tal capacidade torna-se vazio e fútil, mesmo que disponha de todos os poderes materiais. Ao ser humano cumpre saber distinguir o bem do mal e compreender a voz da própria consciência e segui-la.

Pois bem. O processo da mudança é em si mesmo uma comunhão entre a inteligência e a sabedoria, isto é, o reconhecimento que a vida deve ser vivida na plenitude sem perder o equilíbrio emocional. Além disso, reconhecer quais das suas idéias vai beneficiar o maior número de pessoas possíveis. Pois a religiosidade baseia-se no princípio de que saúde e felicidade não podem ser obtidas, a não ser que filtremos nossos pensamentos, para que possamos integrar a nossa personalidade e viver honestamente, de acordo com a nossa realidade. Na verdade, auxiliar o próximo a distinguir entre verdade e engano que constitui o objetivo básico de cada pessoa de bem.

Ao lado do conceito de liberdade, os pensamentos dos fundadores das grandes religiões não a criaram para o mal do povo, fornecendo ênfase especial à presença de amor no coração de cada um de nós. As religiões, como a voz do povo, reconhecem que a capacidade de amar constitui a realização máxima, mas também é mais difícil se excluir dos amores criados pela emoção. Em nenhuma religião existe céu para os que odeiam. Pois não existe prova mais convincente de que o princípio da religiosidade é superar os fundamentos da religião. Isto é, conviver com todas as religiões não pensando na religião em si, mas nas pessoas que a escolheram por sua vontade e liberdade, que devemos respeitar sempre.

O amor ao próximo traduz a norma fundamental da existência, sua violação constitui a causa básica da infelicidade e da doença. Os sintomas dos sentimentos derivam, em última instância, de uma incapacidade de amar, a compreensão, aliados a um desejo sincero de cooperar para o desenvolvimento e para a felicidade da humanidade. A oração e outros artifícios religiosos são, em sua essência, uma tentativa para ajudar os pobres e doentes a conquistar, ou reconquistar, a sua capacidade de amar. Se este objetivo fracassa, nada é realmente obtido, a não ser alterações superficiais.

Portanto, a cura da consciência destina-se a ajudar o próximo a obter uma atitude que pode ser chamada de religiosa, no sentido ideal da palavra. Procura torná-lo apto a ver a verdade, a fazer-se livre e responsável, a amar a seus semelhantes e a viver de acordo com a sua consciência, o que lhe confere algo muito precioso, a paz interior.

Depois de considerarmos os pontos comuns à experiência religiosa e ao processo de amar o próximo, começa-se a compreender que as afirmações apressadas ou preconcebidas de que existe oposição irreconciliável ou, ao contrário, absoluta identidade entre as religiões e o povo, antes de postularmos um conflito a mais para cada uma delas, nossa cultura religiosa, já tão torturada desde a idade média, que o povo e as religiões vivem em um conflito, que até hoje, aparentemente, não se vê nenhum tipo de solução para a união.

Podemos prever o futuro e até proclamar a paz entre as religiões, mas daí para uma fusão em torno de Deus, a distância é grande. Preferimos pensar que o problema da religião não se resume ao problema de Deus, mas engloba também e, principalmente, o problema do ser humano, nas suas relações em si mesmo e com os outros. As formulações e os símbolos religiosos valem pelas experiências humanas que traduzem. O que importa é a natureza dessas experiências.

Cumpre reconhecer se a atitude religiosa do ser humano é honesta e simples, concorrendo para o seu pleno desenvolvimento e felicidade, ou, ao contrário, equivale à idolatria, independentemente do modo como se exprime, ou se oculta, no pensamento consciente; se ele se entrega simplesmente a um endeusamento ilegítimo das coisas, de aspectos parciais do mundo e se submete, fraco e impotente, a essas coisas, ou se dedica à sua vida à realização dos mais altos princípios, tais como: o amor, a justiça e a razão. O importante, em suma, é o espírito que orienta a experiência religiosa.

Se os ensinamentos religiosos, qualquer que seja a origem, estimulam o crescimento, a honestidade, a cura interior, a liberdade e a felicidade dos seus crentes, estamos diante dos frutos do amor. Mas se contribuem para o mau uso das potencialidades humanas, para o empobrecimento espiritual e improdutividade, não se pode acreditar que se originem do amor, mesmo que os dogmas assim os afirmem.

Deixemos aos teólogos as especulações transcendentes. A nós, interessa, sobretudo, o problema da humanidade, essa obra-prima da natureza, que, entretanto, envergonha-se de si mesmo, ignorando no inconsciente, as manifestações da sua natureza primitiva e dissociando, por projeção, as suas qualidades mais sublimes: a sua razão e o seu amor, que, se libertados e desenvolvidos, poderão orientar em muito a grandeza das forças mágicas e admiráveis, que poderão ser extraídas do nosso interior para as conquistas espirituais e materiais, em Deus.

Por Bernardino Nilton Nascimento


Sua vida faz sentido?



Enquanto nos deixamos guiar unicamente pelo Ego, nossa vida é insatisfatória, porém, mesmo com isto, existe um ponto "bom" dentro disso: temos a sensação de que nossa vida tem um sentido de ser. Com o domínio do Ego, estamos sempre em busca de algo e acreditamos saber o que estamos buscando; enquanto estamos nessa busca, bem ou mal, acordamos todos os dias e nossa mente já se direciona ao nosso objetivo. Independentemente de estarmos satisfeitos com a busca ou angustiados pela dificuldade em alcançar o que buscamos, o que nos importa, inconscientemente, é termos um motivo para viver.

Acordamos, passamos o dia em nossa rotina e vamos dormir, pensando em nossas possibilidades, frustrações, intenções, erros e estratégias, tudo na tentativa de alcançarmos nosso objeto de desejo. Esta movimentação nesta busca faz com que tenhamos medo, tristeza, esperança, frustração, renovação de esperança, fracasso, vontade de ir em frente, vontade de desistir, enfim, não importa o que acontece dentro de nós, se algo bom ou ruim, o que importa para nosso Ego, é que tenhamos algo com que nos ocupar, algo para pensar, desejar, algo que traga um "sentido" para nossa vida.

Porém, como isto ocorre a partir das determinações do Ego, tornamo-nos incansáveis buscadores, mas nunca alcançamos nossos objetivos. Não na forma real e divina, pois são objetivos "falsos", provenientes do Ego, portanto, o alcance é igualmente falso, o que, conseqüentemente, nunca nos traz as sensações de prazer que esperamos ter. Mas quando o anseio é proveniente da Alma, a busca é equilibrada e a conquista sempre traz satisfação plena.

Mas como não nos ensinaram que devemos buscar os anseios de nossa Alma (pois "eles" também não sabiam), a partir do momento em que nascemos, vamos "nos ajeitando" como podemos, vamos agindo e reagindo ao mundo, tirando conclusões distorcidas, criando estratégias de sobrevivência, criando desejos falsos e vazios, enfim, fazemos tudo a partir das necessidades do Ego, de acordo com aquilo que ele entende sobre as nossas experiências de vida, e de acordo com as escolhas que ele acredita serem adequadas a nós. Porém, chega um momento em nossa vida, em que se saturam todas as nossas capacidades de ficarmos à mercê do Ego, momento em que nosso Espírito precisa se manifestar e se impor para começar a assumir o comando de nossa vida, assim, ele promove circunstâncias de vida "adequadas", na intenção de nos guiar ao seu encontro, sobrepondo-se ao Ego, seja "pelo amor ou pela dor".

Neste ponto, começamos a nos questionar, a querer mais da vida e a buscar mudanças e, consciente ou inconscientemente, somos levados ao caminho do autoconhecimento. Se resistimos a isso, ficamos aprisionados em nossos tormentos e nos perdemos no desequilíbrio. Porém, se aproveitamos esse momento e nos deixamos guiar ao autoconhecimento, com consciência e responsabilidade, descobrimos muito de nossa realidade interna e começamos a perceber que fizemos muitos movimentos em vão, na busca por objetivos ilusórios e que muito nos custaram em dor e sofrimento.

Isto faz com que desejemos abandonar esses ideais e vontades do Ego, isto tudo passa a não ter mais função e a não fazer mais sentido em nossa vida. Enquanto havia o domínio do Ego, sem que nos conscientizássemos disso, tínhamos todas as motivações possíveis para "querermos viver", mas a partir do momento em que descobrimos que esses desejos que perseguimos até hoje, não são nossos reais desejos, deixamos de desejá-los e abrimos mão deles, porém, diante disso, inevitavelmente um vazio se instala.

A sensação é maravilhosa, não há sofrimento, não há desespero, não há movimentos intensos. Só há paz. Mas tanta paz, para quem vivia em luta, acaba sendo algo muito estranho. A luta era horrível, mas tínhamos uma motivação para levantar da cama e prosseguir. Agora, com esse vazio, parece que não temos mais motivação para levantar da cama. E pensamos: meu Deus, minha vida está totalmente sem sentido!

De repente, sentimos que não queremos nada, não há desejo dentro de nós. Pra que acordar? Qual o sentido que existe em levantar para viver a vida de forma tão básica, sem gosto, sem... nada...?

Isto ocorre porque saímos da vibração de vida frenética e alcançamos um patamar acima, onde nossa freqüência vibracional se elevou, ficou um pouco mais sutil e isso fez com que tudo à nossa volta nos pareça vazio e sem sentido. Mas nossa freqüência está pronta para entrar em sintonia com os anseios de nossa alma, porém, nossa mente ainda está ligada ao que ela sempre fez, com as referências do modelo anterior baseado nas necessidades do Ego. Neste momento, tudo fica mesmo muito estranho, pois pela vibração elevada, não conseguimos mais nos identificar com as vontades do Ego, tudo o que sempre desejamos passa a não fazer mais sentido, ao mesmo tempo em que continuamos a querer sentir os mesmos impulsos de antes. Há conflito interno.

Nesse novo momento, não conseguimos saber o que de verdade queremos, ficamos tão presos às referências anteriores de desejos, que não conseguimos despertar para a nova realidade: a nossa vida está sem sentido, porque estamos tentando resgatar o sentido falso que havia antes. E não vamos conseguir resgatar esse sentido e nem devemos tentar, a menos que desejemos regredir.

Então, nossa única saída, no momento da constatação, é aceitarmos que nossa vida ESTÁ SEM SENTIDO. Com esta aceitação, relaxaremos e isto trará uma quietude interior. Dentro disto, conseguiremos atingir um ponto de Deus que há em nós, o que fará com que apenas desejemos encontrar o sentido verdadeiro de nossa vida, aquele que vem de nossa Alma. Quanto mais aceitarmos a sensação de "vida sem sentido", mais relaxaremos e mais seremos conduzidos ao encontro de nossa essência divina.

Ao atingirmos esse lugar, deveremos aguardar tranquilamente, mantendo o desejo de conectarmos os anseios de nossa alma e com o sentido de nossa existência. Aos poucos, começaremos a desejar de novo, mas não aquele desejo intenso e ansioso, mas um desejo tranqüilo, que nos levará a termos vontade de "levantar" para ir em busca da realização desse desejo, mas tudo acontecerá de forma suave, tranqüila. Esta suavidade fará com que logo consigamos conquistar nossos objetivos e nos aquietaremos novamente. Neste lugar calmo e sereno, a Alma fará aflorar os próximos desejos, juntamente com todas as ferramentas necessárias para alcançarmos esses desejos.

E assim prosseguiremos, sem ansiedade, sem buscas intermináveis, mas plenos de vontade e motivações. Porém, estas serão em outro nível, apenas sentiremos a vontade necessária para nos impulsionar e nos motivar a viver com satisfação.

A partir disto, nossa vida passará a fazer sentido, mas este, para ser compreendido, precisará ser vivido...

Por Teresa Cristina Pascotto

Vale a pena trocar o certo pelo duvidoso?


Você está lá, feliz da vida, namorando aquela pessoa bacana, fazendo planos e se sentindo tranqüila como há tempos não se sentia... Vai tudo muito bem, obrigado! Quando, eis que de repente, do nada, surge aquele amor do passado!

Depois de estremecer, sentir aquele frio doído na barriga, constatar seu coração disparado e suas mãos suando, você recupera o mínimo de discernimento e se pergunta: o que eu faço agora? Será que vale a pena correr o risco de botar tudo a perder com essa pessoa para dar uma nova chance a quem havia desaparecido de sua vida? Seria ótimo se existisse uma resposta certa e uma resposta errada para cada caso.

Entretanto, não existe. Em casos como esse, você vai mesmo ter de parar, refletir e, sobretudo, consultar seu coração. Não um coração tolo, inocente e ingênuo a ponto de repetir as velhas bobagens do passado. Mas um coração lúcido, são, capaz de ponderar o que já aconteceu, o que está acontecendo e quais as reais possibilidades de algo realmente bom vir a acontecer!


Em primeiro lugar, vale lembrar que certas pessoas reaparecem simplesmente porque não suportam ver um "ex" comprometido e feliz. Não sabem lidar com o fato de que não é mais a "bola da vez". Também existem aqueles que, estando sozinhos ou até mesmo acompanhados, caem num mórbido estado de nostalgia e resolvem reviver sensações antigas, com amores já terminados...

Acontece que, independentemente dos motivos, o fato é que é você quem terá de decidir se vale a pena trocar o certo pelo duvidoso e, mais do que isso, se está disposto a correr o risco de amargar um gigantesca decepção. Sim, claro, pode ser que dê certo, sem dúvida!

Afinal, o "ex" pode mesmo ter se dado conta, somente agora, de tudo o que sente por você.
Porém, e muito porém mesmo, é hora de usar a inteligência e agir como quem sabe que não merece ser feito de bobo. Se for para arriscar, que seja por uma causa que o valha! E que seja um risco baseado em maturidade e, sobretudo, lealdade. E só tem um jeito de perceber se o desenrolar desta história vai por este caminho: observando atentamente as atitudes do outro. A proposta dele tem consistência?

Esta pessoa que reapareceu para bagunçar seus hormônios e agitar os seus pensamentos diz apenas que gosta de você ou que quer realmente ficar com você, assumir um relacionamento? Ela dá sinais claros de que pretende se comprometer ou, até então, só demonstra que quer um "flashback"?
E se ela estiver comprometida com outro alguém, este é mais um ponto que deve ser muito bem considerado.

Se realmente gosta e quer ficar com você, por que não termina antes com quem está? E se não der para terminar agora, quanto estaria disposta a esperar até que vocês dois possam reorganizar suas vidas e ficarem juntos sem causar mais estragos que o inevitável?
Enfim, existem pessoas com intenções realmente nobres e existem pessoas que só querem mesmo "causar", não se importando com quem irão magoar. Mas uma coisa é certa: entre o "sim" e o "não", a escolha será sua e a responsabilidade pelas conseqüências também!

Por Rosana Braga


Condicionamentos

Desde o início de nossas vidas, vamos sendo moldados pelas experiências que vivenciamos. A mente e o corpo físico se tornam repletos de condicionamentos gerados pelos conceitos e valores que nos foram impostos e pelas experiências emocionais que ficaram registradas em nossas células.

Como, então, libertar-se desta prisão, e encontrar a cura para a angústia e o sofrimento que nos afligem? O nosso primeiro passo, geralmente, é buscar ajuda em algum processo terapêutico, onde, através da análise racional dos acontecimentos de nossa vida, procuramos descobrir as raízes dessas dificuldades.

E certamente conseguimos identificar a maioria delas através deste processo. Seguimos, então, outros caminhos, através de terapias corporais, que nos auxiliem na liberação dos nós emocionais registrados em nosso corpo físico.

Este é um trabalho longo, que pode durar anos e, ao final, vamos descobrir que apesar dele, seguimos ainda sem conseguir alcançar o estado de paz e serenidade com que sonhamos.

Ao chegar a este estágio, certamente, muitos de nós já entenderam que é necessário ir além, ultrapassar a dimensão da mente, do corpo e das emoções. E, ao fazer isto, chegamos à descoberta, surpreendente, de que a solução estava ali dentro, oculta sobre as camadas de condicionamentos que carregávamos. Começamos a explorar um novo terreno, até então desconhecido, que é o da consciência.

Quando passamos a observar nossos pensamentos e nossas emoções, percebemos que é possível obter um distanciamos deles, como se não nos pertencessem.

Conseguir realizar esta mudança, do papel de sofredor para o de observador, é que fará toda a diferença. A partir daí, nenhum esforço é necessário, mas apenas relaxar e deixar que nossa essência se expresse, levando-nos para uma dimensão em que o relaxamento e a paz serão nossa única realidade.

"...duas diferentes abordagens com relação à realidade interior do homem.

A abordagem Ocidental é de pensar sobre o problema, encontrar as causas do problema, penetrar na história do problema, no passado do problema, para desenraizar o problema desde o princípio, para descondicionar a mente, ou para recondicionar a mente. Para recondicionar o corpo, para retirar todas aquelas impressões que foram deixadas no cérebro. Essa é a abordagem Ocidental...

...O Oriente tem uma perspectiva totalmente diferente. Primeiro, diz que nenhum problema é sério. No momento em que você diz que nenhum problema é sério, o problema está quase noventa e nove por cento morto. Toda a visão disso se altera. A segunda coisa que o Oriente diz é: o problema existe porque você está identificado com ele. Isso não tem nada a ver com o passado, nada a ver com sua história. Você está identificado com ele; essa é a coisa real. E essa é a chave para resolver todos os problemas.

Por exemplo, você é uma pessoa raivosa. Se você for para o psicanalista, ele dirá, "Penetre no passado: como surgiu essa raiva? Em quais situações isso ficou cada vez mais condicionado e impresso em sua mente? Teremos que lavar todas essas impressões; teremos que varrê-las. Teremos de limpar completamente seu passado".

Se você for para um místico Oriental, ele irá dizer, "Você pensa que você é a raiva, você se sente identificado com a raiva. Eis onde as coisas estão dando erradas. Na próxima vez que a raiva acontecer, seja somente um observador, seja apenas uma testemunha. Não fique identificado com a raiva. Não diga, 'Estou com raiva'. Não diga, 'Estou raivoso'. Apenas veja isso acontecendo como se estivesse acontecendo numa tela de TV. Olhe para si mesmo como se você estivesse olhando para outra pessoa.

Você é pura consciência. Quando a nuvem de raiva chega ao seu redor você apenas a observa e permanece alerta para não ficar identificado. A coisa toda é como não ficar identificado com o problema. Uma vez aprendido isso... e desse modo não existe mais a questão de 'tantos problemas' porque a chave, a mesma chave abrirá todos as fechaduras. É assim com a raiva, é assim com a avidez, é assim com o sexo: é assim com tudo mais que a mente for capaz de criar...
...Essa é a beleza da conscientização: a consciência pode se livrar de qualquer coisa. Não há nenhuma barreira para isso, nenhum limite para isso...

Toda a metodologia Oriental pode ser reduzida a uma palavra: testemunhar. Toda a metodologia Ocidental pode ser reduzida a uma palavra: analisar. Analisando, você fica circulando. Testemunhando, você simplesmente sai fora do círculo.

A abordagem Oriental é para tornar-se ciente do céu. A abordagem Ocidental lhe torna mais e mais alerta das nuvens, e lhe ajuda um pouco, mas não lhe torna cônscio de seu âmago. A circunferência, sim; você se torna um pouco mais cônscio da circunferência, mas não cônscio do centro. E a circunferência é um ciclone. Você terá que descobrir o centro do ciclone. E isso só acontece através do testemunhar...
...É assim que um Buda funciona... um Buda também usa a memória, mas ele não está identificado com ela. Ele utiliza a memória como um mecanismo.

...E quanto a todas as impressões deixadas no cérebro, na musculatura do corpo?"

Elas estarão lá, mas como uma semente: potencialmente presente. Se você se sentir muito só e desejar problemas, você pode tê-los. Se você se sentir muito miserável sem miséria, você pode tê-los. Eles irão sempre permanecer disponíveis, mas não precisa tê-los, não há nenhuma necessidade de tê-los. Isso será sua escolha".
OSHO

Por Elisabeth Cavalcante

Meu filho, você não merece nada


Ao conviver com os bem mais jovens, com aqueles que se tornaram adultos há pouco e com aqueles que estão tateando para virar gente grande, percebo que estamos diante da geração mais preparada – e, ao mesmo tempo, da mais despreparada. Preparada do ponto de vista das habilidades, despreparada porque não sabe lidar com frustrações. Preparada porque é capaz de usar as ferramentas da tecnologia, despreparada porque despreza o esforço. Preparada porque conhece o mundo em viagens protegidas, despreparada porque desconhece a fragilidade da matéria da vida. E por tudo isso sofre, sofre muito, porque foi ensinada a acreditar que nasceu com o patrimônio da felicidade. E não foi ensinada a criar a partir da dor.

Há uma geração de classe média que estudou em bons colégios, é fluente em outras línguas, viajou para o exterior e teve acesso à cultura e à tecnologia. Uma geração que teve muito mais do que seus pais. Ao mesmo tempo, cresceu com a ilusão de que a vida é fácil. Ou que já nascem prontos – bastaria apenas que o mundo reconhecesse a sua genialidade.

Tenho me deparado com jovens que esperam ter no mercado de trabalho uma continuação de suas casas – onde o chefe seria um pai ou uma mãe complacente, que tudo concede. Foram ensinados a pensar que merecem, seja lá o que for que queiram. E quando isso não acontece – porque obviamente não acontece – sentem-se traídos, revoltam-se com a “injustiça” e boa parte se emburra e desiste.

Como esses estreantes na vida adulta foram crianças e adolescentes que ganharam tudo, sem ter de lutar por quase nada de relevante, desconhecem que a vida é construção – e para conquistar um espaço no mundo é preciso ralar muito. Com ética e honestidade – e não a cotoveladas ou aos gritos. Como seus pais não conseguiram dizer, é o mundo que anuncia a eles uma nova não lá muito animadora: viver é para os insistentes.

Por que boa parte dessa nova geração é assim? Penso que este é um questionamento importante para quem está educando uma criança ou um adolescente hoje. Nossa época tem sido marcada pela ilusão de que a felicidade é uma espécie de direito. E tenho testemunhado a angústia de muitos pais para garantir que os filhos sejam “felizes”. Pais que fazem malabarismos para dar tudo aos filhos e protegê-los de todos os perrengues – sem esperar nenhuma responsabilização nem reciprocidade.

É como se os filhos nascessem e imediatamente os pais já se tornassem devedores. Para estes, frustrar os filhos é sinônimo de fracasso pessoal. Mas é possível uma vida sem frustrações? Não é importante que os filhos compreendam como parte do processo educativo duas premissas básicas do viver, a frustração e o esforço? Ou a falta e a busca, duas faces de um mesmo movimento? Existe alguém que viva sem se confrontar dia após dia com os limites tanto de sua condição humana como de suas capacidades individuais?

Nossa classe média parece desprezar o esforço. Prefere a genialidade. O valor está no dom, naquilo que já nasce pronto. Dizer que “fulano é esforçado” é quase uma ofensa. Ter de dar duro para conquistar algo parece já vir assinalado com o carimbo de perdedor. Bacana é o cara que não estudou, passou a noite na balada e foi aprovado no vestibular de Medicina. Este atesta a excelência dos genes de seus pais. Esforçar-se é, no máximo, coisa para os filhos da classe C, que ainda precisam assegurar seu lugar no país.

Da mesma forma que supostamente seria possível construir um lugar sem esforço, existe a crença não menos fantasiosa de que é possível viver sem sofrer. De que as dores inerentes a toda vida são uma anomalia e, como percebo em muitos jovens, uma espécie de traição ao futuro que deveria estar garantido. Pais e filhos têm pagado caro pela crença de que a felicidade é um direito. E a frustração um fracasso. Talvez aí esteja uma pista para compreender a geração do “eu mereço”.

Basta andar por esse mundo para testemunhar o rosto de espanto e de mágoa de jovens ao descobrir que a vida não é como os pais tinham lhes prometido. Expressão que logo muda para o emburramento. E o pior é que sofrem terrivelmente. Porque possuem muitas habilidades e ferramentas, mas não têm o menor preparo para lidar com a dor e as decepções. Nem imaginam que viver é também ter de aceitar limitações – e que ninguém, por mais brilhante que seja, consegue tudo o que quer.

A questão, como poderia formular o filósofo Garrincha, é: “Estes pais e estes filhos combinaram com a vida que seria fácil”? É no passar dos dias que a conta não fecha e o projeto construído sobre fumaça desaparece deixando nenhum chão. Ninguém descobre que viver é complicado quando cresce ou deveria crescer – este momento é apenas quando a condição humana, frágil e falha, começa a se explicitar no confronto com os muros da realidade. Desde sempre sofremos. E mais vamos sofrer se não temos espaço nem mesmo para falar da tristeza e da confusão.

Me parece que é isso que tem acontecido em muitas famílias por aí: se a felicidade é um imperativo, o item principal do pacote completo que os pais supostamente teriam de garantir aos filhos para serem considerados bem sucedidos, como falar de dor, de medo e da sensação de se sentir desencaixado? Não há espaço para nada que seja da vida, que pertença aos espasmos de crescer duvidando de seu lugar no mundo, porque isso seria um reconhecimento da falência do projeto familiar construído sobre a ilusão da felicidade e da completude.

Quando o que não pode ser dito vira sintoma – já que ninguém está disposto a escutar, porque escutar significaria rever escolhas e reconhecer equívocos – o mais fácil é calar. E não por acaso se cala com medicamentos e cada vez mais cedo o desconforto de crianças que não se comportam segundo o manual. Assim, a família pode tocar o cotidiano sem que ninguém precise olhar de verdade para ninguém dentro de casa.

Se os filhos têm o direito de ser felizes simplesmente porque existem – e aos pais caberia garantir esse direito – que tipo de relação pais e filhos podem ter? Como seria possível estabelecer um vínculo genuíno se o sofrimento, o medo e as dúvidas estão previamente fora dele? Se a relação está construída sobre uma ilusão, só é possível fingir.

Aos filhos cabe fingir felicidade – e, como não conseguem, passam a exigir cada vez mais de tudo, especialmente coisas materiais, já que estas são as mais fáceis de alcançar – e aos pais cabe fingir ter a possibilidade de garantir a felicidade, o que sabem intimamente que é uma mentira porque a sentem na própria pele dia após dia. É pelos objetos de consumo que a novela familiar tem se desenrolado, onde os pais fazem de conta que dão o que ninguém pode dar, e os filhos simulam receber o que só eles podem buscar. E por isso logo é preciso criar uma nova demanda para manter o jogo funcionando.

O resultado disso é pais e filhos angustiados, que vão conviver uma vida inteira, mas se desconhecem. E, portanto, estão perdendo uma grande chance. Todos sofrem muito nesse teatro de desencontros anunciados. E mais sofrem porque precisam fingir que existe uma vida em que se pode tudo. E acreditar que se pode tudo é o atalho mais rápido para alcançar não a frustração que move, mas aquela que paralisa.

Quando converso com esses jovens no parapeito da vida adulta, com suas imensas possibilidades e riscos tão grandiosos quanto, percebo que precisam muito de realidade. Com tudo o que a realidade é. Sim, assumir a narrativa da própria vida é para quem tem coragem. Não é complicado porque você vai ter competidores com habilidades iguais ou superiores a sua, mas porque se tornar aquilo que se é, buscar a própria voz, é escolher um percurso pontilhado de desvios e sem nenhuma certeza de chegada. É viver com dúvidas e ter de responder pelas próprias escolhas. Mas é nesse movimento que a gente vira gente grande.

Seria muito bacana que os pais de hoje entendessem que tão importante quanto uma boa escola ou um curso de línguas ou um Ipad é dizer de vez em quando: “Te vira, meu filho. Você sempre poderá contar comigo, mas essa briga é tua”. Assim como sentar para jantar e falar da vida como ela é: “Olha, meu dia foi difícil” ou “Estou com dúvidas, estou com medo, estou confuso” ou “Não sei o que fazer, mas estou tentando descobrir”. Porque fingir que está tudo bem e que tudo pode significa dizer ao seu filho que você não confia nele nem o respeita, já que o trata como um imbecil, incapaz de compreender a matéria da existência. É tão ruim quanto ligar a TV em volume alto o suficiente para que nada que ameace o frágil equilíbrio doméstico possa ser dito.

Agora, se os pais mentiram que a felicidade é um direito e seu filho merece tudo simplesmente por existir, paciência. De nada vai adiantar choramingar ou emburrar ao descobrir que vai ter de conquistar seu espaço no mundo sem nenhuma garantia. O melhor a fazer é ter a coragem de escolher. Seja a escolha de lutar pelo seu desejo – ou para descobri-lo –, seja a de abrir mão dele. E não culpar ninguém porque eventualmente não deu certo, porque com certeza vai dar errado muitas vezes. Ou transferir para o outro a responsabilidade pela sua desistência.

Crescer é compreender que o fato de a vida ser falta não a torna menor. Sim, a vida é insuficiente. Mas é o que temos. E é melhor não perder tempo se sentindo injustiçado porque um dia ela acaba.


ELIANE BRUM
Jornalista, escritora e documentarista. Ganhou mais de 40 prêmios nacionais e internacionais de reportagem. É autora de Coluna Prestes – O Avesso da Lenda (Artes e Ofícios), A Vida Que Ninguém Vê (Arquipélago Editorial, Prêmio Jabuti 2007) e O Olho da Rua (Globo)

domingo, 3 de julho de 2011

Eu tinha, eu era... Eu Tenho, Eu Sou!

No final de semana do feriado, resolvi ir ao cinema, rsrs que idéia mais absurda, cinema lotado, milhares de pessoas com a mesma idéia, e eu que desisti de viajar pensando que seria tranquilo ficar por aqui. Essa almejada tranquilidade acho que não existe em mais nenhum lugar...
Passei então o programa para o dia seguinte, sábado, às 11:30h, que bela idéia, cinema vazio e o filme a curtir pela frente.

Assisti ao filme "Meia-Noite em Paris", o filme me fez pensar um pouco sobre a vida que levamos hoje, o tanto que tentamos nos conectar com o passado que já foi ou com o futuro que virá. Este é o mais nítido reflexo da insatisfação vivida hoje. No filme, o autor vive uma vida que não desejaria, não se encontra nos padrões exigidos pela sociedade, e portanto, volta sempre ao passado como se aquela fosse a época ideal a ter sido vivida.

Na minha reflexão sobre o filme, comecei a me lembrar do número de vezes que ouço pessoas que me dizem coisas do tipo: quando eu trabalhei em tal lugar; quando eu era casada; quando eu era criança; quando em tinha dinheiro; quando eu era prestigiada... sempre a menção é feita a um período passado, como a época de ouro em suas vidas.

Existem também as pessoas que se conectam ao futuro do tipo: quando eu me casar; quando eu conseguir o tal emprego; quando eu comprar a casa que desejo; porque será que sempre nos esquecemos do momento presente? Isto representa pura insatisfação com a vida que levamos hoje, e como o seu hoje é o momento mais importante a ser vivido, por que não fazer dele o momento mais especial?

Sentir-se insatisfeito com a vida que se leva hoje pode ser o mesmo que se sentir dentro de um buraco e não parar de cavá-lo até que a luz pelo acúmulo de terra venha a desaparecer. O seu momento é agora, faça uma lista do que pode estar lhe impedindo de ser livre e feliz e comece a trabalhar cada um destes aspectos buscando como objetivo a felicidade plena. A Mesa Radiônica é de fundamental importância neste processo de equilíbrio e eliminação de padrões arraigados ao longo do tempo.

Com a mudança dos padrões de frequência vibratória, surge a esperança e a tranquilidade nos dando a certeza que coisas melhores virão e isto nos dá a força necessária para resistir a toda nossa realidade presente que precisa ser modificada.

A certeza plena do equilíbrio obtido será no dia em que você sentir que a felicidade que busca não está em nenhum lugar, mas, simplesmente, nos passos que dá a cada dia.

Há alguns meses, atendi uma mulher que havia se separado e estava com síndrome do pânico. A tristeza era tanta em suas palavras que no intervalo de cada frase, chorava copiosamente. Sentia-se culpada pelo término do casamento e não conseguia ficar sozinha e se sentia abandonada por tudo e por todos.

Iniciamos o trabalho com a Mesa Radiônica. Após o primeiro atendimento que foi somente um equilíbrio de freqüências, a mulher já conseguia verbalizar melhor a sua história. Contou-me, então, que nos últimos tempos havia se tornado uma pessoa muito crítica e agressiva. Não se sentia realizada com a vida que levava hoje, achava que seu marido podia ser diferente, criticava-o e agredia a cada instante até o momento em que ele decidiu sair de casa.

Ela era advogada e dizia que hoje não tinha quase clientes e que financeiramente sua vida era um fracasso.

Na Mesa Radiônica, encontrei um bloqueio energético logo depois do seu casamento, e perguntei então o que havia acontecido.

Ela desabafou que essa fora a pior fase de sua vida, seu marido por ciúmes a convencera largar o emprego que ela tinha em um grande escritório, onde estava há anos. Deu-lhe uma sala para trabalhar na sua empresa; passou, então, a invadir a sua vida profissional, criticava a forma como conduzia os seus processos, a desmotivara completamente.

Expliquei-lhe que ali se iniciara o fim do seu casamento e o início da sua síndrome do pânico, que foi exatamente o momento em que perdeu o total controle sobre a sua vida. Ela deixara de existir como mulher e profissional, perdera o seu brilho pela vida, passou a viver sobre o controle de seu marido, que, por amá-la em excesso, passou a sufocá-la.

Ela me olhou assustada e depois de refletir acabou concordando plenamente. Então, questionou: ele é o culpado por tudo que está ocorrendo na minha vida hoje?

De imediato, disse-lhe que ele não tinha culpa alguma, ela apenas permitiu que as coisas fossem conduzidas desta forma e, agora, através do pleno reestabelecimento de seu equilíbrio pessoal, auto-estima e poder pessoal, poderíamos resgatar esta pessoa que ela fora no passado e tornar aquela época maravilhosa em que fora ela mesma, trazendo-a para o seu presente.

Ela me disse: realmente tenho saudades do tempo em que eu comandava minha vida, em que era bem-sucedida, que reconhecia o meu valor e fazia meu trabalho ser um sucesso.

Com o passar do tempo, o equilíbrio foi voltando, a síndrome do pânico sendo tratada e a auto-estima sendo recuperada. Como já se encontrava mais confiante, com o controle de sua vida, sugeri que, finalmente, alugasse uma sala e voltasse a advogar, que isso lhe faria bem.

Hoje passados alguns meses ela está em plena atividade profissional e namorando o marido, como assim me contou, estamos retomando a nossa história.
Eu então lhe disse: Após o seu tratamento pela Radiestesia, finalmente resgatamos quem você sempre foi!!!!!!

Por Maria Isabel Carapinha

São eles ou elas que não querem namorar?



Elas reclamam deles. Eles reclamam delas. Homens e mulheres parecem insatisfeitos com o nível de disponibilidade um do outro no que se refere a assumir um compromisso. Mas o fato é que -no final das contas- mais do que atitudes que não agradam ou expectativas diferentes, o problema entre eles e elas tem sido um desastroso equívoco na comunicação, ou na compreensão das manifestações afetivas.

Está claro que homens e mulheres têm alimentado falsas versões sobre como deveriam se comportar para atraírem um ao outro. Pensam, inocentemente, que o ideal é mostrar algo do tipo "estou muito bem sozinho, obrigado!" ou "não preciso de você para ser feliz". A intenção é parecer auto-suficiente e independente, especialmente num primeiro momento. Compreensível, parece-me, já que o contrário realmente não seria eficiente: mostrar-se demasiadamente ansioso para se comprometer, como se toda a possibilidade de ser feliz estivesse justamente na chegada de outra pessoa.

No entanto, o ideal certamente passeia entre esses dois cenários. Ou seja, nem oito, nem oitenta. Os extremos só servem para estereotipar a questão - o que é uma grande cilada! Pessoas extremamente dependentes ou independentes terminam, por fim, muito mais repelindo do que atraindo o outro. A idéia é, sem dúvida, encontrar o equilíbrio. Eis o segredo do sucesso: interdependência! Algo como "estou bem sozinho, e espero que você também, mas talvez possamos nos sentir ainda melhores juntos!".

Desse modo, pergunto: você realmente acredita que existem homens ou mulheres desejando sinceramente viver sozinhos? Pois posso apostar que aquele ou aquela que continua insistindo que não quer namorar, é porque tem um dentre dois motivos! Ou está morrendo de medo de assumir seus sentimentos e reconhecer que adoraria experimentar a intimidade e o amor... Ou simplesmente ainda não encontrou a pessoa que fez seu coração acelerar e sua respiração mudar de ritmo!

Nenhum ser humano livre, espontâneo, saudável e de bem com a vida e consigo mesmo -seja homem ou mulher- se recusaria a viver um romance estando diante de alguém que mexe com seus hormônios e faz suas pupilas dilatarem. Portanto, eles e elas querem, sim, namorar. E quando insistem em demonstrar algo diferente disso, talvez estejam apenas precisando ajustar, reconhecer e revelar a verdadeira razão.

Claro que, enquanto a "pessoa certa" não chega, o melhor é aproveitar a solteirice, divertir-se, fazer amigos e sustentar a bandeira do "estou feliz sozinho". Afinal, concordo com o velho e bom ditado que manda "antes só do que mal acompanhado". Porém, quem está sempre com alguém porque não agüenta a si mesmo ou quem está sempre sozinho porque não sabe como compartilhar sua história com outra pessoa precisa se rever o quanto antes. E não restam dúvidas de que tanto homens quanto mulheres podem estar ocupando esses lugares. Não se trata de uma questão de gênero, mas sim que uma questão humana.

Por Rosana Braga