domingo, 13 de novembro de 2011

Escuridão



Viver na escuridão é uma experiência profundamente dolorosa. Significa seguir pela vida em total inconsciência acerca do verdadeiro poder que habita dentro de cada ser humano.

Quantos de nós se sentem intimamente perdidos, mas não têm sequer a coragem de pedir ajuda, reconhecer que precisam de apoio para vencer suas próprias angústias e temores?

Infelizmente, a grande maioria ainda permanece escrava das ilusões e falsas verdades que lhe são vendidas diariamente pela sociedade de consumo, onde ter é mais importante do que ser.

Acreditar no valor do status e da imagem pública que se obtém a partir do dinheiro e de posições de poder, é a pior das armadilhas, na qual muitos se enredam de maneira muitas vezes irremediável.

A luz se faz a partir do momento em que acordamos deste estado de adormecimento e conseguimos, finalmente, enxergar a realidade a qual estamos todos submetidos.

Ter a coragem de dizer não às imposições exteriores e seguir nosso próprio caminho, guiados pelas intuições nascidas da fonte inesgotável de sabedoria que carregamos em nosso interior, é a maior das vitórias que podemos alcançar.

Infelizmente, por mais que desejemos, nem todos à nossa volta conseguirão ser tocados pela maravilhosa dádiva da consciência. Cabe a nós apenas prosseguirmos, através de nosso exemplo, tentando ser um farol que lhes ilumine o caminho de maneira amorosa, sem forçar qualquer ação, pois esta é uma experiência que só pode ser vivenciada através da vontade.

.....A escuridão não existe. É criação sua. O sol está em todo lugar, a luz está em todo lugar, estamos em pleno meio-dia. Mas você continua apertando os seus olhos, mantendo-os fechados. Daí a escuridão. Agora, ninguém pode forçar os seus olhos a se abrirem.

....Existem algumas coisas que você tem que fazer por si mesmo. Esta é uma das coisas mais fundamentais da vida. Se não fosse assim, mesmo em sua liberdade, você seria um escravo. Se eu tirá-lo da sua escuridão, ou qualquer outra pessoa, aquela luz não será muito luminosa. Você estará aprisionado naquela luz, você não veio de livre e espontânea vontade, você não floresceu espontaneamente.

Existe uma bela história sobre um mestre Zen, Joshu: Um dia, Joshu caiu na neve e gritou 'Ajude-me! Ajude-me!' Um discípulo de Joshu aproximou-se e deitou ao seu lado.
Joshu riu, levantou-se e disse ao discípulo: 'Certo! Perfeitamente certo! Isso é o que eu estou fazendo com você também.' Joshu tinha caído na neve e gritado, 'Ajude-me! Ajude-me!' Mas não havia necessidade alguma. Se você caiu, você pode se levantar. A mesma energia que fez você cair, consegue fazer você se levantar.

...O discípulo é um discípulo de verdade. Ele entendeu Joshu perfeitamente bem. Ele sabe que ele criou uma situação, ele deitou-se conscientemente. Talvez o discípulo estivesse passando e Joshu caiu - criou uma situação - e gritou, 'Ajude-me! Ajude-me!' E o discípulo veio e deitou-se ao seu lado.

Ele não o ajudou, em absoluto. O que ele estava fazendo? Ele não estava tentando ajudá-lo, de modo algum. Ele estava simplesmente sendo compreensivo. Ele estava dizendo, 'O que pode ser feito? Ok, eu sou seu discípulo, eu vou deitar ao seu lado. O que mais eu posso fazer?'

Um mestre é compassivo com você, ele tem compaixão. O que mais ele pode fazer? Um mestre verdadeiro não pode segurar suas mãos, porque isso o manterá sempre dependente. Trazer você para fora à força, é o mesmo que mantê-lo ainda dentro. Na hora em que o mestre soltar suas mãos, você voltará para o seu velho mundo, para a sua velha mente. Aquilo ainda não estava encerrado, ainda estava agarrado dentro de você.

Um mestre verdadeiro ajuda sem ajudar. Tente entender: um mestre verdadeiro ajuda sem ajudar. A sua ajuda é muito indireta, ele nunca vem imediatamente ajudá-lo. Ele vem de maneira muito sutil. Ele se aproxima de você como uma brisa muito frágil, não como uma ventania selvagem. Ele se aproxima de você como uma aura, invisível. Ele o ajuda certamente, mas nunca força você. Ele o ajuda apenas até onde você está pronto para ir, nunca um passo a mais. Ele nunca empurra você violentamente, porque qualquer coisa feita violentamente será perdida, mais cedo ou mais tarde.

Aquilo que você não desenvolveu de livre e espontânea vontade, você perderá. Você não pode desfrutar aquilo que não cresceu em seu ser espontaneamente. Você desfruta o seu próprio crescimento. Eu posso até mesmo dar-lhe a verdade, e você irá jogá-la fora, porque você não irá reconhecê-la. Eu posso forçá-lo a acordar, mas você irá cair no sono no momento em que eu me for, e você vai me xingar e ficar com raiva de mim, pois você ainda estava curtindo os seus sonhos. Você estava curtinho sonhos doces e aí chegou um homem e o acordou.

...Relaxe. No momento em que você relaxar, os seus olhos começarão a se abrir, assim como um botão abre e se torna uma flor, assim como um punho que não mais se mantém cerrado começa a se abrir e se torna uma mão aberta.
Eu não estou aqui para forçar isto. Eu estou aqui para esclarecê-lo como isto acontece. Eu posso falar a respeito desse processo, eu não posso fazê-lo para você. Compreendido, ele acontece. Eu não lhe prometo coisa alguma. Eu só lhe prometo uma coisa: o que aconteceu comigo eu farei com que fique óbvio para você. Daí, cabe a você seguir. Buda disse: os budas só indicam o caminho, mas é você que tem que ir, cabe a você seguir o caminho".
OSHO - Zen: the Path of Paradox.

Por Elisabeth Cavalcante

O medo do futuro




O medo é, sem dúvida alguma, o maior desafio que temos pela frente nos dias que correm. Se nos deixarmos contaminar pela realidade que a mídia nos apresenta a cada dia, certamente ficaremos paralisados e desistiremos de continuar seguindo em busca de nossos sonhos e objetivos.

Se olharmos para trás na trajetória que a humanidade vivenciou, podemos observar que a violência sempre esteve presente, ela é parte indissociável da natureza humana.

Sempre houve, ao logo do tempo, aqueles que viveram num estado de total inconsciência, expressando apenas o lado animal de seu ser e reagindo aos acontecimentos de forma puramente instintiva.

Aos poucos, a evolução nos permitiu desenvolver cada vez mais nossa inteligência e colocá-la a serviço do homem, ainda que muitas vezes para objetivos nada louváveis.

Porém, se pararmos durante alguns minutos para refletir, observaremos que o conhecimento acerca de nós mesmos e a disseminação das verdades sobre nossa origem divina nunca foram tão difundidos.

Apesar de toda a negatividade que vemos ao nosso redor, as luzes da consciência despontam cada vez mais no planeta. Neste sentido, a internet desempenha um papel importantíssimo e não por acaso, ela vem crescendo a cada dia.

Muitos de nós, tornam-se instrumentos de disseminação da luz e utilizam todos os recursos, inclusive os que a ciência coloca à disposição, para fazer frente às tentativas daqueles que ainda insistem em nos manter adormecidos.

Para vencer o medo é fundamental acreditar que podemos, sim, através da consciência e da expansão dos valores como o amor e a solidariedade, escrever uma nova história para a humanidade.

O primeiro passo é guiar-se acima de tudo pelo coração, enxergando em cada ser, alguém que como nós, também anseia ser amado, compreendido e aceito exatamente como é. É esta mudança no padrão da consciência humana que criará a realidade com que todos sonhamos.

"....Somente buscando nossos corações, somente permitindo que nossos corações dancem, cantem e amem, nós seremos capazes de manter a glória e a dignidade de um ser humano, caso contrário, elas se perderão.

O futuro lhe parece sombrio porque você apenas vê o lado escuro do fenômeno. Você não está consciente de seu lado mais luminoso. Eu vejo a madrugada chegando muito próxima. Sim, a noite é muito escura, mas o futuro não é sombrio, de maneira alguma.

Na verdade, pela primeira vez na história humana, milhões de pessoas serão capazes de se tornar Budas. No passado, era muito raro tornar-se um Buda, porque era muito raro tornar-se consciente da mecanização do homem. Era preciso uma grande inteligência para estar consciente de que o homem é uma máquina. Mas agora não será preciso uma grande inteligência, ficará muito óbvio que o homem é uma máquina.

E você diz, '...a destruição das florestas e a poluição do ar e do mar, de tal modo que é incerto se o meio ambiente conseguirá manter seu delicado equilíbrio...
Esta é uma das mais belas coisas a respeito da ciência e da tecnologia: ela cria problemas apenas para resolvê-los. E o problema somente pode ser resolvido, após ter sido criado; então, ele se torna um desafio.

Agora o maior desafio para a tecnologia é como manter o equilíbrio da natureza, como manter a harmonia ecológica. Este é um novo problema, ele nunca existiu antes. Pela primeira vez o Ocidente está encarando um novo problema.

Nós temos vivido nesta Terra há milhões de anos. Pouco a pouco, nós estivemos crescendo, nos tornando mais e mais hábeis tecnologicamente, mas ainda não tínhamos sido capazes de destruir o equilíbrio natural; nós ainda éramos uma força muito pequena sobre a terra.

Agora, pela primeira vez, a nossa energia está maior, muito maior do que a energia da terra que mantém o seu equilíbrio. Isto é um grande fenômeno. O homem tornou-se tão poderoso que ele consegue destruir o equilíbrio natural. Mas ele não irá destruí-lo, porque destruir o equilíbrio natural significa destruir a si mesmo.

Ele encontrará novas maneiras; e novos caminhos serão descobertos. O caminho para recuperar o delicado equilíbrio da natureza não será através da renúncia à tecnologia. Não será nos tornando hippies, não será nos tornando Gandhis, não, de jeito algum.

O caminho para recuperar o equilíbrio da natureza será através de uma tecnologia superior, uma tecnologia mais elevada, mais tecnologia. Se a tecnologia consegue destruir o equilíbrio, por que ela não conseguiria recuperá-lo? Qualquer coisa que pode ser destruída pode ser criada. (...)

O caminho não é o retrocesso; não é possível retroceder. O homem agora não consegue viver sem eletricidade, sem todos os confortos que a tecnologia colocou à sua disposição. E também não há necessidade disso. Isso tornaria o mundo muito pobre.

Você não sabe como o homem viveu no passado, sempre faminto, sempre doente. Você não sabe como o homem viveu no passado; as pessoas se esqueceram. Você não sabe qual era a expectativa de vida no passado: em vinte crianças nascidas, apenas duas sobreviviam. A vida era muito feia.

E sem as máquinas, havia escravidão. Foi apenas por causa das máquinas que a escravidão desapareceu sobre a Terra. Se mais máquinas vierem, então desaparecerá ainda mais essa escravidão. Os cavalos serão mais livres se mais carros existirem; os bois estarão livres novamente se mais máquinas existirem para fazer o seu trabalho; os animais poderão ser livres novamente.

A liberdade não é possível sem as máquinas. Se você abandonar as máquinas, o homem se tornará escravo novamente. Haverá pessoas que começarão a dominar e a impor. Você já viu as pirâmides? Elas têm um visual tão bonito, mas cada pirâmide foi construída de uma tal maneira que milhões de pessoas morreram em sua construção. Aquela era a única maneira de construí-la. Todos os belos palácios do mundo, e as fortalezas... Muita violência aconteceu, somente assim puderam ser construídos.

A Grande Muralha da China - milhões de pessoas morreram na construção. Elas foram forçadas, gerações de pessoas foram forçadas, apenas para construir essa Muralha da China. Agora as pessoas vão até lá para ver, e se esquecem completamente de que ela representa um capítulo muito feio da história. (...)

Eu sou totalmente a favor da ciência. Minha religião não é contra a ciência; minha religião absorve a ciência. Eu acredito num mundo científico. E através da ciência, uma grande religião vai surgir para o homem, porque quando o homem estiver realmente livre para ser brincalhão e não tiver necessidade de trabalhar, uma imensa criatividade será liberada. As pessoas pintarão, tocarão música, dançarão, escreverão poemas, irão orar, irão meditar. Toda a energia das pessoas estará livre para voar alto. (...)

Eu sou tremendamente esperançoso a respeito do futuro (...)
Eu não acho que o futuro seja sombrio. O futuro é muito cheio de esperança, muito brilhante... Tudo o que pode ser alcançado no mundo externo já foi alcançado... Agora, uma nova aventura.

O que aconteceu com Buda pode acontecer com toda a humanidade no futuro. Ele viveu no luxo - ele era filho de um rei - e por causa dessa vida luxuosa, ele tornou-se consciente. Uma vez que não havia problema algum do lado de fora, ele pode cair em si mesmo, ele pode encontrar maneiras e meios de entrar no mundo interior. Ele tornou-se interessado em saber 'Quem sou eu?' O que aconteceu ao Buda pode acontecer a toda a humanidade se ela se tornar rica, externamente rica. Estar rico externamente é o começo da riqueza interior.

E eu lhe ensino uma religião que pressupõe a ciência, uma religião que é sensata e sensual. Eu lhe ensino uma religião que aceita o corpo, que ama o corpo e que respeita o corpo. Eu lhe ensino uma religião que é terrena, que ama esta bela Terra, que não é contra a Terra. A Terra tem que ser a base de seu vôo celestial."
OSHO - The Secret.

Por Elisabeth Cavalcante


Atitude que muda o Karma



Conheci Ana Lucia quando me procurou para terapia e convivi com ela em cursos e grupos. Moça alta, bonita, formada em direito, tinha tudo para estar feliz, mas vivendo um momento difícil, com o fim de um casamento que durou 8 anos, estava triste. Trabalhamos em terapia questões familiares e de auto-estima porque no fim de uma relação afetiva é muito natural a pessoa estar meio destruída sem saber ao certo se errou ou acertou colocando um fim na relação. Nem sempre as coisas terminam claramente.

Perder a identidade quando se vive um relacionamento longo é bem natural, porque sem perceber vamos nos adaptando ao outro, cedendo às suas vontades e tentando conciliar nossos gostos e desejos, em função da perspectiva do outro. E não há nada exatamente errado nisso porque não somos reis nem rainhas e, portanto, temos mesmo que nos render às regras básicas da boa convivência.

Ceder faz parte de qualquer relação, ouvir o outro, aceitar seus pontos de vista também. Isso é o que podemos chamar de construir uma história de cumplicidade. Mas quando não recebemos de volta o que oferecemos, não adianta brigar, gritar, como havia feito Ana Lucia no seu casamento. Aliás, quando ela me procurou já tinha claro dentro de si que em alguns momentos ela cedeu além do que devia  e, em outros momentos, gritou, brigou tentando colocar suas opiniões e sentimentos, e de nada adiantou.

Vimos, em Vidas Passadas, a guerreira forte que não quis aprender com os demais. Vimos também em outro encontro a versão oposta da mulher que guardou tudo dentro de si, mostrando uma submissão que não era verdadeira. Entendendo esses dois extremos da personalidade dela, tratamos de equilibrar as forças visando um bem-estar numa relação futura.

Ana Lucia tinha algo muito positivo. Essa moça era muito corajosa e honesta consigo mesma e, depois de sofrer tanto com o termino da relação, queria ver o que estava errado no seu comportamento para mudar. E isso é fundamental para a conquista do bem-estar, mas eu não esperava dela uma atitude tão sábia quanto a que ela teve numa viagem com uma amiga...
Voltando da Europa novamente veio me procurar. Feliz com as lembranças da viagem, relatou que estava muito mais tranqüila agora que aceitava ficar sozinha e respeitar seus limites, e não se colocava mais na condição de vitima como fez durante muito tempo. Mas veja, amigo leitor, que bonita a vivência que ela teve em Roma.

“Maria Silvia, estávamos em três amigas dividindo tudo, passeios, visitando museus, peregrinando pelas ruas, conhecendo lojas. Foi tudo muito bacana, mas uma das minhas colegas estava sempre mal humorada, fechada, meio triste e a gente carregando ela para todo lugar tentando mudar o astral.
Um dia, enquanto stávamos nos preparando para visitar o Vaticano, percebemos que ela colocou roupas mais formais, enquanto nós continuávamos de bermuda e camiseta pois fazia calor naqueles dias. Quando chegamos lá, não pudemos entrar justamente por conta de nossas roupas. Na hora, ficamos morrendo de raiva de nossa amiga. Tive vontade de xingar e gritar defendendo meu lado, mas não fiz isso. Respirei fundo e deixei passar. Minha outra colega ficou possessa e brigou bastante. Eu não agi assim. Como era uma viagem tão especial, resolvi que não iria estragar tudo ficando de mal humor e me mantive calma. enquanto as duas brigaram. Somente quando voltei ao Brasil é que fui conversar sobre o assunto. Nos encontramos e perguntei para ela por que havia agido assim. Por que não nos avisou da roupa correta para se usar na visita, já que ela sabia?

Levei em conta que minha amiga estava sofrendo, que era uma pessoa boa mas estava desarmonizada. Cheguei à conclusão que não valia à pena perder uma amizade por conta de uma atitude ridícula da parte dela. Fui superior e relevei sua atitude egoísta”. disse Ana Lucia triunfante.

Amigo leitor, você pode estar pensando: o que tem a ver a amizade da Ana Lucia com o mau karma em seu casamento???

Ana Lucia venceu o karma porque controlou sua a ação impulsiva. Não somos uma pessoa no namoro ou casamento, outra na vida familiar, outra ainda no trabalho ou na amizade. Somos seres que se conectam a muitas facetas da vida, mas ainda assim somos um único ser. Se Ana Lúcia aprende controlar uma ação impulsiva na amizade, temos fortes indícios que ela fará o mesmo numa próxima vivência amorosa.

A energia, o karma, começa nela, e segue vibrando em suas atitudes. Se tivesse agido por impulso, por vingança, ou para descontar a raiva que sentia da colega de viagem, que cá entre nós acho que agiu muito errado. A atitude teria sido gritar, xingar, e estragar seus últimos dias de viagem, mas minha cliente aprendeu a lição, pensou antes de agir, ponderou os prós e os contras e não se deixou levar pelo impulso. No seu casamento, ela o tempo inteiro brigava ou cedia a situações erradas, cheia de raiva de forma totalmente impulsiva. Agora, ela caminhava mais leve, pensando, refletindo antes de agir. Com sabedoria, ela tinha um domínio maior de suas atitudes. Com isso, libertou-se do karma e está se abrindo a relações mais tranqüilas. Muitas vezes, as soluções não estão em nossas mãos, mas em outras circunstâncias. Mudar está mais perto de nós do que pensamos.

Por Maria Silvia Orlovas

Bullying - Quebrando o silêncio


quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O desafio do amor



Quantos de nós são realmente conscientes do grande desafio que é aprender a amar? Este aprendizado traz em si uma questão fundamental que é conhecer a si mesmo.

Se não tivermos consciência de nossa interioridade, de que nossos desejos e expectativas na relação afetiva estão diretamente ligados às experiências que vivenciamos na infância, como poderemos então sonhar em estabelecer relacionamentos felizes?

Ir fundo nas razões que se escondem atrás de cada uma de nossas reações e atitudes na relação com o outro é o primeiro passo para que possamos começar a lidar com o amor de uma forma madura e coerente.

A dependência que temos da aprovação externa -para sentir que temos valor- é o principal entrave ao estabelecimento de relações onde nos colocamos de modo inteiro e livre, sem fazer qualquer concessão à nossa dignidade.

Resgatar e fortalecer nossa auto-estima é uma atitude fundamental para que possamos viver o amor em toda a sua grandeza, compartilhando com o outro nossas riquezas interiores, sem qualquer cobrança ou exigência descabida, de que ele se torne responsável por preencher nossas carências e garantir nossa felicidade.

"....O casamento em si nunca destrói nada. Casamento simplesmente traz para fora tudo o que está escondido em você. Se o amor está escondido atrás de você, dentro de você, o casamento traz para fora. Se o amor era apenas uma pretensão, apenas uma isca, mais cedo ou mais tarde, tem que desaparecer. E depois, a sua realidade, sua personalidade feia vem à tona. O casamento é simplesmente uma oportunidade, então, o que quer que você tinha para revelar, virá.

Não estou dizendo que o amor é destruído pelo casamento. O amor é destruído por pessoas que não sabem amar. O amor é destruído porque o amor não está em primeiro lugar. Você tem vivido em um sonho. A realidade destrói esse sonho. 
Caso contrário, o amor é algo eterno, parte da eternidade. Se você crescer, se você conhecer a arte, e você aceitar as realidades da vida amorosa, então, ele vai crescendo a cada dia. Casamento se torna uma tremenda oportunidade para crescer em amor.

Nada pode destruir o amor. Se ele estiver lá, ele vai crescendo. Mas o meu sentimento é, ele não está lá em primeiro lugar. Você entendeu mal a si mesmo, algo mais estava lá. Talvez o sexo estava lá, o sex appeal estava lá. Em seguida, ele vai ser destruído, porque uma vez que você amou uma mulher, então, a atração sexual desaparece, porque o apelo sexual é apenas com o desconhecido. 
Depois de ter provado o corpo da mulher ou do homem, então a atração sexual desaparece. Se o seu amor era apenas atração sexual, então é fadado a desaparecer. Por isso, nunca entenda o amor como outra coisa. Se o amor é realmente amor...

O que quero dizer quando digo "realmente amor"? Quero dizer que apenas estar na presença do outro, de repente você se sente feliz, basta estarem juntos, você se sente em êxtase, apenas a presença do outro preenche algo no fundo do seu coração... algo começa a cantar em seu coração, você entra em harmonia. Apenas a presença do outro ajuda-os a estarem juntos; você se torna mais individual, mais centrado, mais enraizado.
Então, é amor.

O amor não é uma paixão, o amor não é uma emoção. O amor é uma compreensão muito profunda de que alguém, de alguma forma, completa você. Alguém faz um círculo completo. A presença do outro aumenta a sua presença. O amor dá liberdade para ser você mesmo, não é possessividade.

Portanto, preste atenção. Nunca pense no sexo como amor, senão você vai ser enganado. Esteja alerta, e quando você começa a sentir que apenas a presença de alguém, a pura presença -nada mais, nada mais é necessário, você não pede nada- apenas a presença, apenas o que outro é, é o suficiente para fazê-lo feliz... algo começa a florescer dentro de você, mil e uma flores de lótus... então, você está no amor e, então, você pode passar por todas as dificuldades que a realidade cria. 
Muitas angústias, ansiedades -você será capaz de passar todas elas-, e seu amor florescerá mais e mais, porque todas essas situações vão se tornar desafios. E seu amor, por superá-los, vai se tornar mais e mais forte.

O amor é eternidade. Se ele estiver aí, então, ele vai crescendo e crescendo...
O amor conhece o começo, mas não conhece o final".
Osho, A Disciplina da Transcendência.

Por Elisabeth Cavalcante


A face do medo





O medo faz parte da existência humana e nos acompanha por toda a vida. Se é assim, então, devemos aceitá-lo! Aceitar não significa estar fadado a viver prisioneiro do medo, mas sim, parar de lutar contra uma força que está dentro de nós. Quando paramos de lutar, ele tem a chance de se manifestar e mostrar sua face. 

Passamos a vida tentando evitar, negar e ocultar o medo, e o empurramos para um lugar muito escondido nos porões de nosso inconsciente, na tentativa de o mantermos bem longe de nós. Mas o medo se acumulou e se intensificou, tomando grandes proporções, fazendo com que num determinado ponto em nossa vida, torna-se impossível mantermos esse jogo de 'faz de conta que não sinto medo. 

É quando ele mostra sua face e nos paralisa. O pior medo, não é aquele que percebemos e sentimos, mas aquele profundo e oculto, que se manifesta de forma velada, sorrateira, é aquele medo ficou aprisionado por longos anos e que aprendeu a encontrar frestas e brechas para fugir, é aquele que o ego usa muito astutamente, sempre que se vê ameaçado em perder o poder para nosso Espírito. Este tipo de medo fica quietinho, à espreita, só esperando o momento em que estejamos mais satisfeitos com nosso desenvolvimento, momentos estes em que estamos nos sentindo fortalecidos e confiantes e que não sentimos medo de nada, em que tudo nos parece perfeitamente possível. Naqueles momentos de nosso desenvolvimento em que já superamos muitas barreiras, inclusive as barreiras dos medos mais superficiais, o que nos leva a acreditar que já não sentimos mais medo e que ele já não nos ameaça mais, que já sabemos lidar com ele e que a "quantidade" e intensidade do medo estão praticamente esgotadas. 

Nesses momentos de autoconfiança, nos abrimos mais para a vida e para nosso Espírito, permitindo que ele se manifeste de forma mais intensa em nossa vida e é aqui que o ego nos pega de surpresa e nos sabota. O medo mais terrível que está escondido em nosso inconsciente, é a arma mais letal que o ego tem para nos frear e destruir toda e qualquer possibilidade que tenhamos em seguir a trilha de nosso coração. 

Desta forma, naqueles momentos em que estamos mais confiantes e encorajados para realizarmos nosso propósito de vida, emanamos uma vibração que ativa o sensor que o ego colocou para detectar qualquer sinal desta vibração, ativando o alarme que faz com que o ego perceba - sem que tenhamos essa consciência - o que de fato está acontecendo: ele perdeu o controle sobre nós. A sensação de realização que estamos experimentando só é possível quando somos tomados pelos impulsos de nossa alma, sendo direcionados aos caminhos do coração. Quando o alarme dispara o ego entra em 'pânico e sabe que precisa fazer de tudo para evitar a catástrofe eminente. 

Ele, então, ativa os mecanismos que abrem as travas que aprisionam o MEDO mais profundo. Este medo mais oculto é o mais assustador, o mais paralisante. O ego não se dá ao trabalho de liberar energias de 'medinhos tolos e simples quando quer nos travar. Ele precisa liberar cargas muito explosivas e paralisantes de medo. O mais assustador nesta carga liberada, não é o medo em si, mas a forma oculta, dissimulada e 'sinistra com que ele se manifesta. Nós simplesmente não conseguimos perceber, é o tipo de medo que não sentimos. 

Assim, estamos num momento mágico de satisfação e expansão de consciência e, do nada, começamos a sentir um mal estar, ficamos incomodados, entorpecidos, cabeça pesada, coração disparando, sensação de aperto na garganta, tontura, tristeza, angústia, nos desequilibramos emocional e mentalmente. Porém, nada nos faz perceber que estamos com medo. 

Se entendermos que é simplesmente medo e lidarmos com isso de forma natural, como quem enfrenta algo que precisa ser enfrentado, teremos condições de superar os efeitos do medo. Precisaremos estar conscientes dessas armadilhas do ego, para que estejamos mais atentos, mas não de forma persecutória, para que possamos perceber quando estiver acontecendo. Isto nos dará mais poder pessoal, não para evitar ou aniquilar o medo que se manifestará, mas sim, para lidar com ele com mais segurança e propriedade. 

A forma de lidar com esse medo é aceitando-o e acolhendo-o. Se estivermos passando por um momento de satisfação e confiança e passarmos para uma sensação de desconforto sem causa aparente, devemos ficar atentos e prontos para percebermos o que virá a seguir. Deveremos assistir ao medo se manifestando, sentindo-o e nos entregando ao seu fluxo e intensidade. É desconfortável e, obviamente, sentiremos medo do medo, mas deveremos confiar em nossa força interior e no processo e deixar acontecer, permitindo que o medo seja liberado. Conversaremos com o medo, dizendo que ele é bem-vindo, que entendemos que ele esteve aprisionado por muito tempo, ao invés de ter sido aceito em cada momento de nossa vida em que se manifestou, e que deve ser liberado, mas que ainda não somos capazes de lidar com toda a sua potência armazenada por tanto tempo. Diremos a ele que agora somos capazes de compreender que ele é somente medo e não uma força destrutiva, conforme o ego nos fez acreditar até então, e que sabemos que o ego está usando-o para nos manipular e interditar para não seguirmos os impulsos de nossa alma. Diremos também que sabemos que precisaremos aprender a lidar com ele, aos poucos, para que ele não seja mais um inimigo e sim um aliado, pois estamos começando a compreender que ele só se tornou uma força destrutiva porque não foi acolhido em suas manifestações naturais que eram apenas indicadores de que estávamos passando por perigos, para que nos protegêssemos, e que, em sua essência, ele é força divina, proveniente das virtudes coragem e amor que foram negativadas ao entrarem na dualidade. 

Quando o medo se sente aceito e compreendido, torna-se força e poder, e um indicador de que estamos no caminho certo. Imediatamente, ao ser aceito desta forma, as sensações pesadas do medo se dissipam e dão lugar às sensações de paz, força e segurança, muito verdadeiras e poderosas. Medo aceito e acolhido mostra sua face, se dissipa e nos apóia. Medo negado destrói e é um dos mais intensos motivos de nossas sensações de fracasso, derrota e paralisação. 

Então, que nos aliemos ao medo e façamos dele um verdadeiro amigo e apoio para nossa trajetória de vida, ele será mais fiel que o ego, pois o medo não tem nada a nos esconder, ele mostra a realidade e não nos engana. É possível, basta acessarmos um pouco da coragem que há em nós, para começarmos a fazer isso. Aos poucos aprenderemos a lidar com cargas de medo mais intensas. Isto fará com que aquele medo acumulado nos porões ocultos de nosso inconsciente, comece a ser liberado e dissipado. Ficaremos então, apenas com os medos momentâneos, aqueles que se manifestam de forma pontual, e não com aqueles medos antiqüíssimos e pesadíssimos que carregamos desta e de outras vidas. 

Por Teresa Cristina Pascotto