sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Auto-ajuda: Sentimentos em Ação

Seja sincero. Boa parte da vida você aprendeu que devemos dar mais valor à razão do que à emoção. O ideal é saber separar a vida pessoal da profissional. E também sempre lhe disseram que os sentimentos deviam ser controlados e expressados de forma cuidadosa.

Assim como eu, você já deve ter sentido uma enorme alegria em um dia qualquer, mas sei lá, é meio chato ficar demonstrando isso no trabalho, especialmente se o ambiente for meio sisudo, concorda? Então, logo por meio dessa introdução você e eu já quase concordamos que o negócio é deixar as emoções e os sentimentos de lado e focar naquilo que realmente interessa, certo?


Errado, muito errado na visão dos autores David R. Caruso e Peter Salovey, ambos da Yale University. Na obra "Liderando com Inteligência Emocional", publicada pela editora M. Books, os professores afirmam que as emoções são fontes de dados e absolutamente necessárias para a tomada de boas decisões. Elas são também fatores determinantes de sucesso na condução da sua carreira.



O livro expõe um esquema emocional fácil de usar e dividido em quatro etapas:


1. Identificando as próprias emoções e as alheias;

2. Utilizando as emoções no dia-a-dia e na solução de problemas;

3. Compreendendo as emoções para descobrir suas causas e formas de melhorar sua atuação no futuro;

4. Administrando as emoções, ou seja, aprender a usar os sentimentos a nosso favor nas mais variadas situações e inclusive a modificá-las de acordo com a ocasião.


O livro traz embasamento científico e vários exercícios. Também está longe de ser confundido com um manual de auto-ajuda. Observe a seguir como aquelas emoções que consideramos negativas, podem ser na verdade benéficas, desde que bem utilizadas.


A ansiedade sempre foi vista como um grande causador de stress e até de doenças. Na verdade, ansiedade em demasia faz muito mal à saúde. Contudo, na dose certa ela nos obriga a buscar novas decisões, analisar outros rumos e nos mantém alertas. O problema maior com a ansiedade é que o seu excesso gera preocupação em demasia e a sensação de que as coisas nunca chegam a um ponto ideal, consumindo grande parte de energia. Porém, a sua falta torna a pessoa totalmente relapsa. A ansiedade é um sentimento que não deve ser relegado a um segundo plano, mas controlado.

A famosa raiva é outro sentimento que queremos evitar a todo custo. Mas você já percebeu que a raiva normalmente surge diante das situações em que a injustiça predomina? A raiva é fundamental para detectarmos ações que não estão certas, ou que ferem os valores de uma boa convivência. Não querer sentir raiva de algo ou de alguém é como ir contra a própria natureza humana. A raiva ajuda a combater uma ameaça percebida e nos dá energia para corrigir uma situação injusta. Agora, sentir raiva e usá-la para uma situação positiva é uma coisa totalmente diferente de tornar-se uma pessoa raivosa que explode por qualquer coisa. Ninguém gosta de trabalhar com pessoas raivosas e descontroladas e nesse caso, é necessária a ajuda de um profissional.

O bom humor e o otimismo, todo mundo sabe, ajudam a enxergar com novos olhos situações que a princípio apresentam-se negativas, a enfrentar diversidades e a superar problemas. Mas esses dois amiguinhos, quando em excesso, nos tornam dispersivos, deixam-nos fora da realidade, utópicos e até mesmo tiram nosso foco em determinadas situações. Não dá para ficar de bom humor quando um projeto está com o cronograma todo atrasado. O bom humor excessivo nos torna desatentos aos detalhes, fazendo-nos imaginar que tudo está bem, quando na verdade não está. Por outro lado, o bom humor e o otimismo são características fundamentais para a carreira de vendas, por exemplo.

Como vimos, podemos ficar o dia inteiro dissecando e conversando sobre os mais variados sentimentos como: medo, confiança, felicidade, tristeza, surpresa, depressão, entre tantos outros. O importante é aprender que todos eles podem ser maléficos ou benéficos de acordo como são utilizados. O segredo, segundo os autores, é "ajustar o seu estilo de pensamento à emoção". É preciso aprender a relacionar os sentimentos às circunstâncias que vivenciamos.

Ignorar os próprios sentimentos e as emoções alheias pode ser a fonte das más decisões, por isso analisar as circunstâncias em que surgem é fundamental. É claro que devemos aliar razão e emoção. A atitude analítica é fundamental na tomada de decisões, mas podemos começar a partir de agora a exterminar de vez o preconceito em relação aos sentimentos no trabalho. As emoções, na verdade, são grandes oportunidades para que se possa extrair o melhor de cada pessoa, aliando o sentimento ao momento e assim aumentar as chances de sucesso e a motivação de uma equipe.


Paulo Araújo é palestrante e escritor. Autor de "Desperte seu Talento
– dicas essenciais para a sua carreira"
- Editora EKO, entre outros livros.




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