As verdades, quando o são,
não se ocultam nem se impõem
Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)
Está plenamente comprovado o difícil que é convencer, a quem se acha identificado com o erro, de que vive fora da realidade. Achar-se identificado com o erro é viver sob uma permanente sugestão que a tudo deturpa ou tergiversa. Exemplo eloqüente temos no campo político. Quantos não se deixaram enganar pelas afirmações dos líderes totalitários, que se proclamam paladinos da democracia, da liberdade e do direito? Nem mesmo vendo todo o contrário as pessoas saem de seu erro, tal é a obstinação e a invalidez mental que as dominam.
No campo religioso, os erros se fundamentam numa pregação de fatos absurdos, que os adeptos admitem sem reflexão nem julgamento. Grave é a cegueira do crente, cuja inteligência não pode discernir entre o verdadeiro e o falso. Conforma-se em crer que está no certo e rechaça toda idéia emancipadora de sua incondicional submissão ao dogma, porque o aterroriza o simples fato de pensar que poderia estar equivocado.
No social, à semelhança do político e do religioso, ele se abraça com fanatismo a uma ideologia e, embora esta se estruture sobre falsidades e ponha de manifesto embustes inqualificáveis, acredita docilmente que ali está a verdade, caindo sob o feitiço sedutor de suas promessas, como o pássaro na armadilha.
A evolução consciente permite ao homem defender-se do engano onde quer que este o espreite, porque fundamenta sua defesa no conhecimento das causas que o engendram. Assim, por exemplo, sabe que é impostura o que não concorda com a realidade e o que se esquiva à verificação individual, à qual todo ser tem direito. As verdades, quando o são, não se ocultam nem se impõem; revelam-se à luz da razão, com o objetivo de que o homem tome consciência delas e as use para emancipar-se da ignorância.
O que se pretende impor como verdade só tem um fim: escravizar o ente humano, para convertê-lo em instrumento passivo daqueles que exploram sua credulidade.
A sabedoria logosófica permite optar entre viver no erro, que escraviza, ou na verdade, que faz o homem livre e forte, como seu destino requer.
Trechos extraídos do livro Curso de Iniciação Logosófica
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