terça-feira, 15 de março de 2011

Preciso falar com você



Lembro que quando era pequena sentia um frio na barriga quando ouvia minha mãe dizer isso. Porque sempre ela apontava uma falha, um problema no qual eu estava envolvida. Quase sempre a "pequena"conversa acabava em bronca. Penso que guardei isso na memória e, ainda hoje, quando alguém me chama para conversar, muitas vezes, a sensação incômoda aparece, mas é claro que agora estou mais consciente de minhas ações e, como não tenho compromissos pendentes, posso ouvir tranquilamente as colocações das pessoas.

Olhando para as minhas filhas e pessoas próximas, percebo que essa outra geração não se perturba muito com conversas com os pais, ou com figuras de autoridade. Pode ser que o tempo tenha de fato mudado e as coisas estejam diferentes, as pessoas mais livres, inclusive, na forma de se portar, de conversar e de manter relacionamentos, mas será tudo tão simples assim? Será que essa nova geração tem garantida felicidade e tranqüilidade com os parceiros? Sucesso em suas empreitadas?

Sinceramente, acho que não. Penso também que não devemos e não podemos banalizar o que dizemos aos outros, nem deixar de dar valor ao que ouvimos de colegas e amigos. A opinião das pessoas sobre nós continuará sendo importante. Afinal, se queremos ter o amor das pessoas e uma convivência harmoniosa precisamos levar em consideração o que o mundo tem a nos dizer. E se fechar não muda o que estamos recebendo.

Mas nem sempre é fácil aceitar o feedback. Assim como também não é fácil dizer aos outros aquilo que desejamos, ou pensamos deles. Precisamos desenvolver uma maneira sutil de nos colocar. Assim como precisamos também desenvolver uma forma inteligente de aceitar possíveis críticas ao nosso jeito de ser, ou comentários sobre nosso trabalho, comportamento dos nossos filhos etc.

O mundo gira, as pessoas mudam e nem sempre ficamos satisfeitos com os resultados, mas o pior de tudo é ser pego de surpresa, quando você acredita que está fazendo o seu melhor e o outro simplesmente não lhe dá nem a oportunidade de mudar. Foi isso que aconteceu com José Carlos, médico endocrinologista que pouco antes do Natal foi demitido sem maiores explicações.

Com uma viagem marcada com a família, o sujeito embarcou em estado de choque, pois estava fazendo tudo certinho e, de repente, recebeu essa notícia sem explicação. A mesma surpresa desagradável e sensação de impotência aconteceu com Simone quando o namorado simplesmente tirou tudo do guarda-roupa sem se despedir deixando a casa em que moravam vazia. Será que essas pessoas não mereciam uma conversa prévia? Uma explicação?

Claro que sim. Todos merecem respostas, todos merecem feedback e orientações. Se você chefia pessoas, ou mesmo tem responsabilidades com amigos e familiares aprenda se colocar, e dizer o que pensa da forma correta sem magoar, mas colocando limites. Todos merecem uma segunda chance, uma nova oportunidade.

Sei também que existem casos em que o diálogo já se esgotou, o que é muito triste, porque falar demais não funciona. Mas se em algum momento você foi pego de surpresa, não se desespere. As coisas acontecem na nossa vida para um aprendizado maior. Se você ainda não entendeu qual foi a lição, não desista de encontrar e desfazer esse nó e, com certeza, fazer uma terapia pode ajudar. Porque, afinal, a vida é sua, e é sua a responsabilidade de crescer com os desafios e de criar oportunidades de felicidade.

Por Maria Silvia Orlovas


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