quarta-feira, 16 de março de 2011

Ausente-se de você mesma...


Com certeza o leitor(a) espera ler aqui o óbvio, ou seja, todos nós precisamos de férias. Alunos e professores tiram férias. Executivos tiram férias, profissionais liberais tiram férias, qualquer trabalhador de cargo simples ou graduado tira férias, magistrados e políticos tiram férias.

Há outras férias igualmente necessárias: férias do sogro, da sogra, dos filhos, do marido, da esposa, da internet e por aí vai.

Talvez ninguém tenha parado para pensar que, às vezes, as férias mais necessárias são aquelas que tiramos de nós mesmos.
Sim... um tempo em que você se coloca propositalmente no "piloto automático" seja por uns dias, por uma semana, por um mês ou até mais.

Não se trata de fuga, procrastinação, nem de atitudes inconseqüentes, até porque, você vai continuar levando a sua vida do jeitinho que ela se apresenta e fazendo tudo que está na sua programação, só que em atitude interna distanciada, sem envolver-se com nada do que está fazendo. Tipo robô, mesmo!
Poucas pessoas notarão que você "desligou as antenas" e está navegando em outros mares.

Por que isto? Porque muitas vezes na vida sentimo-nos acuados, muitas vezes sentimo-nos cobrados(as) e onerados(as) acima de nossas forças. Quantas vezes temos que tomar decisões rápidas e importantes e sentimo-nos sem condições de mover uma única peça do nosso tabuleiro? As responsabilidades se avolumam na proporção inversa da nossa capacidade de suportá-las, os problemas parecem surgir de todos os lados e percebemos que nossa mente começa a girar num ritmo desenfreado e depois trava de vez.

Estes momentos da vida não coincidem (infelizmente) com os períodos de férias reais e, mesmo que venham a coincidir, levaremos na bagagem as nossas apreensões, as nossas responsabilidades, os nossos grandes problemas não resolvidos, as nossas escolhas e as nossas decisões vitais procrastinadas.

Então esta é a hora de você tirar férias de você pelo seguinte:
- neste estado de espírito não é prudente tomar decisões
- faz-se necessário um distanciamento interno de tudo e de todos
- é imprescindível deixar o tempo passar e a poeira baixar
- é bem provável que logo à frente, esteja a solução para um ou vários problemas que você não enxergará, se estiver oprimido(a) e tenso(a) feito corda de violino

Estas sobrecargas acontecem com todos indistintamente.
Quando acontece comigo eu simplesmente ausento-me de mim, porém não sem antes fazer uma breve oração nos seguintes termos:


"Senhor, não sei lidar com todos estes problemas que estão me esmagando. Peço que assuma o comando da minha embarcação até que eu me refaça e consiga ver as coisas com mais nitidez. Neste momento deposito humildemente todos os meus problemas nas suas mãos. Zele amorosamente pela minha vida porque estarei temporariamente (e necessariamente) ausente de mim.


Descalvado - SP - 28.02.2006

Fátima Irene Pinto


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