terça-feira, 10 de agosto de 2010

Sobre a infidelidade conjugal




Navegando pela internet, deparei-me com um assunto que volta e meia eu abordo, por estar sendo, infelizmente, rotina em muitos relacionamentos. Para minha surpresa, os detetives particulares estão se especializando cada vez mais com ferramentas surpreendentes. Atenção aos infiéis que acham que enganam seus parceiros, pelas novidades que estão surgindo no mercado a palavra impossível de ser pego está cada vez mais longe.

Todos nós temos visões de um amor e um casamento perfeito no qual nunca machucaremos um ao outro, relevaremos as faltas, seremos honestos, abertos, exclusivos, encorajadores e fiéis.Como é possível que tais compromissos sejam abandonados, e homens e mulheres traiam-se mutuamente, e com o passar dos anos, cada vez mais? Pesquisas atuais nos dão alguns números referentes aos casos de infidelidade.

A revista Veja (Jan/2002) trouxe uma pesquisa que revelam que 47% das mulheres e 60% dos homens comprometidos são infiéis. Estas traições geralmente ocorrem nos primeiros 4 anos de relacionamento, e que as razões masculinas, comumente, estão ligadas ao sexo propriamente dito e a das mulheres a problemas de relacionamento. A mesma revista em outra pesquisa aponta que o fator considerado mais importante numa relação é a fidelidade, confirmada pela recente pesquisa entre mulheres no RJ (Nascimento, 2004). Contradição?!? Como podemos valorizar tanto a fidelidade, odiar a traição e ser complacentes com os casos extra-conjugais, que atualmente ocorrem aproximadamente, em 2 de cada 3 casamentos?

É inegável o dano psicológico para ambos – traído e traidor. Compreender com isto ocorre pode nos ajudar a perceber, antecipar e prevenir o processo que cedo ou tarde pode desenvolver-se em nossa vida.

Os casos na maioria das vezes reflete tentativas de satisfação de expectativas não atendidas, consciente ou inconscientemente, de natureza frustrante numa relação. Tal busca de atender necessidades internas no mundo externo é tola porque, na maioria das vezes, são questões que envolvem crises pessoais de auto-valorização e auto-estima.

Os casos ocorrem quando maridos e mulheres chegam num ponto de descrença total na mudança. Esta desesperança provoca uma dúvida imperativa de que o casamento não irá satisfazer importantes necessidades não resolvidas no contexto do casamento. A natureza desta necessidade direciona a pessoa a ser buscada , ou a que será permitida aproximar-se. Algumas necessidades são comumente identificadas como motivos para traições:

a) Necessidade de Conquista – Geralmente ligados a masculinidade, a conquista sexual está muito ligada ao poder de atração. No passado isto era mais comum, quando a iniciativa era a marca masculina e a passividade feminina. Para muitos homens mulher boa era a difícil. A relação de desafio era a que excitava, e no casamento ela deixaria de existir. Haveria muito pouco a se conquistar. Este recurso era e ainda é um eficiente suporte para a auto-valorização e dificilmente se conseguirá sobreviver sem ele; a não ser que ocorra uma revisão dos valores da masculinidade.

b) Necessidade de um Amante Jovem – Para alguns atingir a 3ª idade é algo ameaçador. Afinal toda nossa cultura é direcionada para os jovens. Mesmo com a ameaça do “tio Sukita”, enfrentar o envelhecimento pode ser doloroso. Durante este processo muitos deixam de se sentir atraentes, viris e sexy. O declínio das paixões sexuais, as insegurança e as necessidades de valorização que deixam de ser preenchidas em casa passam a ser buscadas em outros círculos. Todos nós precisamos aceitar as mudanças que ocorrem em nossas vidas e o envelhecimento é uma delas.

c) Necessidade de Vencer a Depressão – A depressão pode ser a base para muitos desdobramentos comportamentais, incluindo os motivos de infidelidade conjugais. Geralmente eles podem aparecer como meio de fuga do tédio, falta de objetividade na vida, perdas pessoais, desesperança, raivas e irrealizações. Quando tudo vai mal, seja lá qual for a fonte real da tristeza o companheiro é sempre o pólo das insatisfações. Ele é visto como o principal responsável pela felicidade do casal. Os casos ocorrem como meio de trazer excitação e prazer temporário, ou até como mesmo retaliação inconsciente contra o cônjuge.

d) Necessidade de evitar intimidade – No relacionamento conjugal necessariamente temos que lidar com a questão da dependência. Ela exerce parte fundamental no vínculo matrimonial. Isto pode ameaçar. Proximidade e intimidade nos torna vulneráveis, depender totalmente do outro pode trazer risco insuportável. Pode ocorrer, sem mesmo estarmos conscientes disto, de mentalmente fazermos uma “divisão de papéis”. Alguns são destinados ao nosso cônjuge outros direcionados para outras pessoas fora do casamento. Muitos casais estão famintos por aproximação, mas não crêem que seus companheiros conseguirão saciá-los em suas necessidades. Na realidade não querem que eles o façam. Um marido ou uma mulher pode representar determinada figura incongruente com outra imaginária. Por ex. ser uma boa mãe está dissociado de ser uma boa amante. Ser um pai responsável entra em choque com as fantasias sexuais alimentadas. A razão desta fragmentação geralmente vem de um modelo familiar distorcido. Esquecemo-nos que homens e mulheres são destinados a relacionamentos completos. Quando uma necessidade vital, como a dependência é retirada, será buscada em outro lugar, fora do casamento.

e) Necessidade de dupla identidade – Quando laços que unem o casamento são por demais aprisionadores (tipo obrigatórios), geralmente ligados a questões religiosas e morais. Pode ser que o homem ou mulher sinta necessidade de viver um outro tipo de vida furtiva. É o relacionamento mais enganador e hipócrita que existe. Finge-se “pelo bem dos filhos”, até que as criança cresçam”, “o que os outros vão pensar”. O outro exerce uma função simbólica. Não existe intimidade,pelo contrário, só distanciamento e superficialidade. A excitação e paixão reais ocorrem em outro lugar , com outra pessoa. Na maioria das vezes , estão satisfeitos, pensam que não estão machucando ninguém e recebem o melhor dos dois lados. A permanência desta fragmentação poderá gerar sentimentos ambivalentes e questionamentos internos , afetando a produtividade cotidiana.

A fim de manter encoberto o relacionamento extraconjugal o traidor reagirá com dissimulação e negação. Este esforço de guardar segredo será como um espinho na carne, sempre indicando que há algo de errado.

Pode ocorrer de existir culpa, que nem sempre é consciente, manifestando-se em irritabilidade, discussões, depressão e até mesmo falta de cuidado consigo mesmo (autodestruição). Alguns não suportam o peso das mentiras e falsidades e acabam contando tudo. O efeito sobre o cônjuge é devastador: choque, raiva, dor, dúvida, perturbação mental, confusão, depressão, difícil, é dizer se a ferida será cicatrizada e a confiança restabelecida. De qualquer forma resgatar o relacionamento poderá representar um esforço e coragem gigantescos. A cura leva mais tempo do que se espera , mas menos tempo do que se teme. O caminho da reestruturação passa pelo diálogo honesto e pela busca da mudança. Do mesmo modo a separação: pelo respeito dos limites e individualidades, direito ao luto e realinhamento de conduta. Feito isto o equilíbrio finalmente poderá ser estabelecido.

Por Dr. Carlos Henrique - Detetive especializado em diversos assuntos, confiram no site http://www.detetiveparticular.hpgvip.ig.com.br/index.htm

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