domingo, 8 de agosto de 2010

Incoerência gera estresse


Como vimos no artigo anterior, Como tornar-se próximo de si mesmo e dos outros, a sinceridade consigo mesmo é uma condição imprescindível para superarmos o desconforto de lidar com nossos sentimentos antagônicos. Mas o fato é que apesar de muitas vezes nem nos darmos conta do quanto estamos sendo incoerentes conosco mesmos, e, portanto, com os outros, o nosso cérebro sabe que sim e reage para se defender contra tais desajustes.

O cérebro tem um radar para a insinceridade! Ele não reage bem às informações incoerentes. Por exemplo, quando escutamos uma pessoa nos dizer algo racionalmente coerente, mas seu tom de voz não condiz com a sua fala, sentimos um desconforto imediato! Aliás, o mesmo também ocorre quando somos incoerentes conosco mesmos. Quando racionalmente decidimos algo, mas emocionalmente não estamos convencidos desta idéia.


Conversando sobre esta questão com o psiquiatra Dr. Sergio Klepacz, ele explicou que a incoerência faz disparar a amígdala cerebral que, por sua vez, leva-nos a um estado de alerta que, tornando-se constante, gera medo e estresse.


A amígdala cerebral, como explica Dr. Sergio, é como um radar no cérebro que nos chama a atenção para o que pode ser novo, surpreendente ou importante e que, portanto, necessita de investigação. Quer dizer, ela coordena os sinais de advertência no cérebro e provoca a reação de luta, fuga ou inércia diante do perigo.

Quanto maior a vigilância gerada pela amígdala, maior nossa atenção para as dicas emocionais transmitidas por outras pessoas. Até aí tudo parece ir bem. Mas, o ponto é que, à medida que esse foco torna-se constante e intensificado, ele aumenta o contágio das emoções alheias, ou seja, nos tornamos suscetível e, portanto, vulneráveis, às emoções de outra pessoa. Quando elas se referem às emoções hostis, mal-humoradas ou de raiva, causam danos que nem precisamos exemplificar...

A questão-problema é que nosso cérebro lê e registra as emoções em voz baixa... Precisamos ouvi-las para decifrá-las e direcioná-las!


Quem nos ajuda a realizar esta façanha é o psicólogo americano Paul Ekman. Ele fez uma pesquisa incrível sobre as micro-expressões faciais: catalogou 3 mil combinações de movimentos musculares de rosto e concluiu que elas são universais.


O seu trabalho gerou o seriado
Lie to Me (Engana-me se puder – terças-feiras, às 22h, na FOX). É um programa ótimo para aprendermos a ter consciência destas expressões incoerentes. Por exemplo, ele explica que se uma pessoa ri durante uma conversa sem mexer os olhos, o nosso cérebro sabe que o seu riso não é verdadeiro.

No seu site www.paulekman.com ele tem um treinamento para aprendemos a ler as microexpressões faciais. Pelo menos, assim podemos pelo menos avisar ao nosso cérebro que elas são de fato incoerentes, e, portanto, cabe à nossa racionalidade e inteligência emocional decidir o que fazer com elas!


Continuação da matéria anterior escrito por Bel Cesar.

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