terça-feira, 10 de agosto de 2010

Por medo de errar, não vou nem tentar!




Não entro na água, enquanto não souber nadar!

É óbvio que uma pessoa que diz isso, nunca conseguirá "aprender a nadar, enquanto não entrar na água". Esta expressão, manifesta a realidade de muitas pessoas, em alguns aspectos de suas vidas, em que agem dessa forma, e dizem: não posso realizar "determinada questão", pois ainda não sei fazer de forma perfeita. Só quando tiver total domínio sobre isso, é que poderei ir em frente.

O que quero dizer com isso, é que muitas pessoas, quando escolhem realizar algo, iniciam uma trajetória para isso acontecer e começam a estudar, pesquisar, criar projetos, planejar, enfim, se movimentam bastante nesse sentido e, apesar de todos esses movimentos, intenções e esforços, nunca conseguem, de verdade, colocar em prática aquilo que desenvolveram.

Reconhecem que tem bastante conhecimento, aptidão, domínio teórico, técnicas adequadas, sabem a forma com que devem atuar, porém nunca conseguem ultrapassar as barreiras da insegurança. Isto é fruto do perfeccionismo, da necessidade de fazer tudo de forma impecável, sem cometer o mínimo erro possível.

A estrutura de pensamento dessas pessoas, consciente ou não, é assim: "ou eu sei, perfeitamente, o que e como fazer, ou não dou um único passo, enquanto não me sentir totalmente pronto para tal". "E se, mesmo tendo total domínio teórico, eu não conseguir dominar perfeitamente na prática"? "Ah, não posso começar a colocar em pratica esse meu anseio, enquanto não me sentir totalmente preparado e seguro!

Para se libertar disso, a única coisa a ser feita, é correr riscos, confrontar a insegurança e os medos, e começar a dar os primeiros passos no sentido da realização.

Errou? Ok, faz parte! O problema não está em cometer erros, mas sim, no fato de a pessoa não se permitir errar e não aceitar seus erros.

Se estas pessoas se libertarem e se entregarem, aceitando a possibilidade de vir a "falhar", a probabilidade de cometer erros, é muito menor, pois o grau de tensão diminui. Tensão sempre gera mais falhas.

Quando realizamos algo, que intuimos que deveríamos fazer, significa que estamos conectados com o nosso propósito de vida. Mesmo assim, as pessoas continuam a sentirem-se inseguras pelas questões que expus acima.

Gostaria de lembrar, que todos nós temos um propósito de vida, que é determinado pelo nosso Espírito Imortal. Quando ele faz essa escolha, antes de sua encarnação, significa que se baseia em todas as capacidades, potenciais e dons que sabe que tem, e que se adequam ao tipo de personalidade humana que ele escolhe "ser", para essa determinada existência. Ele sabe também, que carrega toda a sabedoria necessária, para o cumprimento de seu propósito, mas que esta se manifestará aos poucos, à medida que for necessário, para cada passo que a personalidade encarnada der, em sua trajetória.

Diante disso, podemos falar aqui, sobre desenvolvimento. Nosso Espírito sabe que irá alcançar seu propósito, mas dentro de suas possibilidades, de acordo com suas limitações como ser humano manifestado. Isso quer dizer, que ele sabe que terá todo um processo de desenvolvimento, e que cometerá erros, até chegar ao ponto de estar bem alinhado com essa missão de vida. Então, está tudo perfeitamente certo, quanto ao fato de não dominarmos totalmente nossas habilidades e dons, pois estamos aqui, justamente para desenvolvê-los. E só os desenvolveremos, quando decidirmos ousar e correr riscos, e ir em frente, buscando superar todos os nossos obstáculos internos.

Nunca nos sentiremos 100% prontos, para realizar, seja o que for, que tenhamos escolhido fazer. A cada passo que damos, novos desafios se apresentam e mais insegurança poderá se manifestar, e perceberemos novamente que não nos sentimos totalmente prontos. Se, por isso, desistimos de avançar, viveremos frustrados. Mas, quando aprendemos a dar um passo de cada vez, de forma entregue, aceitando tudo o que vier a acontecer, estaremos sempre nos aprontando e realizando.

Desde o início, até o final de uma encarnação, estaremos em desenvolvimento. Aprendendo, praticando, errando, corrigindo, aprendendo mais, temendo e recuando, recuperando a segurança, e avançando... é um sem-fim de ciclos assim. Isto é ser um humano. Se desenvolvendo durante toda a sua existência.

Então, se uma pessoa assim, continuar a seguir o seu coração, encontrará muitas possibilidades de desenvolvimento e estará sempre se "aprontando", mas nunca com a exata sensação de estar totalmente pronta. Quando compreender isto e aceitar, se sentirá muito mais tranquila para dar os passos que forem necessários, sem uma auto-cobrança excessiva em termos de perfeição. Fará apenas aquilo que conseguir, quando e como puder, à medida que se sentir pronta.

Somos seres duais. Ou estamos nos sentindo totalmente inseguros, e não saímos do lugar, ou vamos para uma polaridade oposta e nos sentimos extremamente seguros e atuamos de forma incauta. Nada em excesso é saudável.

Desta forma, podemos entender, que os erros acabam sendo importantes para um processo de crescimento, pois eles evitam que as pessoas, quando estão com excesso de auto-confiança, entrem em um sentimento de superioridade, pois se assim se manifestarem, ficarão muito desatentas, achando que sabem tudo, e cometerão muitos erros. E isso as levará de volta à velha insegurança. Assim, um grau de atenção e cautela serão sempre adequados.

Portanto, o ideal seria as pessoas criarem coragem de, pelo menos, começarem a colocar os pés na água, depois entrarem lentamente, iniciando pela parte rasa da piscina, aprendendo devagar, mesmo que engulam bons goles de água no início. Quando começarem a se sentir mais seguros, mesmo que ainda não dominem algum nado, poderão se soltar mais, para irem além. Tudo a seu tempo.

Por Teresa Cristina Pascotto

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