Dissemos no começo que a arte de ensinar é muito diferente da arte de aprender. Com efeito, tratando-se do conhecimento transcendente, que é o que guia para o aperfeiçoamento, não se pode ensinar o que se sabe, se, ao fazê-lo, não vai refletida, como uma garantia do saber, a segurança que cada um deve dar com seu próprio exemplo. Eis aí, justamente, onde começa a tornar-se difícil a arte de ensinar, porque não se trata de transmitir um ensinamento, ou de mostrar que se sabe isto ou aquilo; quem assim fizesse, se converteria em um simples repetidor do ensinamento, em um autômato, e seu labor careceria de toda eficácia.
Já é outra coisa, quando através da palavra de quem ensina, coincidente com seus atos, vão se descobrindo qualidades relevantes; e outra coisa é, também, quando, no que escuta e aprende, vai se manifestando a capacidade de assimilação; então, o que aprende, aprende de verdade, e quem ensina, ensina com consciência.
Um ensinamento pode ser transmitido bem ou mal pelo que ensina, mas, o fato de transmiti-lo mal não tem porque implicar má intenção ou má vontade; comumente é transmitido de forma errônea, por não o haver entendido bem, vivido e incorporado a si mesmo. Quem faz isto não possui, certamente, o domínio do ensinamento, que permite não esquecê-lo mais; e está longe de ser como aquele que, de posse de uma fórmula, pode reproduzir a qualquer momento o conteúdo da mesma. Esquece o ensinamento quem não teve consciência dele e, por tal causa, acha-se na mesma situação do que aprende. Estas particularidades da arte de ensinar e da arte de aprender devem ser tidas sempre muito em conta.
Quando se aprende deve-se sempre situar a si mesmo na posição mais generosa, qual seja a de aprender sem mesquinhez, a de aprender para saber dar, para saber ensinar...
Para cultivar estas artes, quando se aprende deve-se sempre situar a si mesmo na posição mais generosa, qual seja a de aprender sem mesquinhez, a de aprender para saber dar, para saber ensinar, e não com objetivos egoístas, fazendo-o para usufruto próprio, exclusivo, que é, em último termo, a negação do saber.
A Sabedoria logosófica prodigaliza-se, por isso, aos que mais tarde saberão ensinar, aqueles que terão em conta, ao fazê-lo, todos os detalhes que, correntemente, passam inadvertidos e depois travam o entendimento dos seres.
Quem é generoso ao aprender, é generoso ao ensinar; mas nunca terá que se exceder nessa generosidade, pretendendo ensinar antes de haver aprendido.
É mister conhecer a fundo a psicologia humana, para descobrir todos os subterfúgios que existem no complexo e misterioso mecanismo mental do homem.
Quando se inicia a heróica empresa do próprio aperfeiçoamento, é necessário acostumar-se a caminhar com firmeza, sem vacilações nem desacertos, buscando sempre a segurança no próprio conhecimento, e, quando aquela não existir, este deve ser cultivado, para que se consiga obter esses frutos que fazem, depois, a felicidade interna.
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