Psicossomática II: O sintoma como expressão da alma
O melhor remédio para o homem é o homem.
O mais alto grau da cura é o amor.
Paracelso
Quando ficamos parados, estagnados, acomodados, muitas vezes recebemos sinais através de nosso corpo que é preciso fazer algo. Os sintomas, assim como as doenças, geralmente nos trazem uma mensagem que é preciso olhar para dentro de nós mesmos e perceber onde paramos, onde deixamos de crescer. Adoecemos quando nos desviamos da essência, da busca, quando deixamos essencialmente de trocar. Quando não há troca, se morre. Já percebeu que quando duas pessoas envolvidas emocionalmente param de trocar, o relacionamento adoece ou acaba? O mesmo acontece conosco. Se há estagnação, não há evolução e surge a doença. O sintoma é uma denúncia que não está tendo troca em alguma área da vida. Quando há um sintoma e/ou doença é importante questionar onde parou de evoluir, trocar. Nossa sociedade não busca a troca, mas o acúmulo. Quando não há troca, evolução, há estagnação, doença, morte. Vida é evoluir, trocar. Observe sua vida e responda a si mesmo: Em que aspecto de minha vida não há mais troca? Há seis instâncias humanas que refletem como estamos agindo diante da vida, elas são:
- físico
- sentimental/emocional
- espiritual
- profissional
- familiar
- social
Em que área de sua vida não tem havido troca e crescimento? Será que está dando mais atenção a uma área para fugir de outra que se encontra em conflito? Por exemplo, é muito comum uma pessoa trabalhar em excesso, saindo cedo e chegando tarde em casa, evitando confrontar com as dificuldades que existem no ambiente familiar, ou até, se sobrecarregar, ter muitos compromissos, evitando pensar e entrar em contato com os próprios sentimentos. Pode também acontecer de haver um conflito familiar que se reflete na relação afetiva. Ou ainda, um conflito interno, pessoal e que se reflete em alguma área. Ou seja, quando há um conflito, ainda que não seja percebido ou vivenciado de maneira consciente e negamos, esse conflito pode se refletir em nosso físico, pois nosso inconsciente sabe muito bem tudo que sentimos.
O meio de expressão do corpo é a linguagem simbólica, apesar de que muitos jamais cheguem a compreender o que lhes diz o próprio corpo. E os sintomas são expressões simbólicas que, de forma violenta, violam e denunciam conflitos não resolvidos da alma, mas muitas pessoas preferem tomar um comprimido a ter que se confrontar e aprofundar na busca das causas de seus conflitos. Escolhem terceirizar a responsabilidade da cura para o médico, os remédios, sem perceber que a capacidade de cura está dentro delas mesmas. Mas quando um sintoma se manifesta no corpo, chama atenção e interrompe muitas vezes a continuidade do caminho que estávamos até então percorrendo, muitas vezes como um sinal de advertência, indicando que alguma coisa não está em ordem, não está havendo harmonia em alguma área de sua vida, ou ainda, como reflexo de todo um histórico.
O sintoma nos avisa que estamos doentes e que o equilíbrio de nossas forças interiores está comprometido. É quando devemos desviar o olhar do sintoma e examinar tudo com mais profundidade, a fim de compreender para que o sintoma está apontando. O sintoma nos informa que está faltando alguma coisa. Isso nos leva a perguntar: O que está faltando? Ou, estou no caminho certo?
Como disse o escritor Peter Altenberg: A doença é o grito de uma alma agredida. Ao surgir uma doença, observe seus sintomas e pense onde sua alma foi agredida, e porque permitiu que isso acontecesse. Analise com precisão em que momento surgiu o problema. Tente lembrar-se de sua situação de vida, seus pensamentos, sonhos, dos acontecimentos e das notícias que recebeu, pois tudo isso pode ter contribuído para o surgimento do sintoma. O ponto exato no tempo em que o sintoma se manifesta pode nos dar informações importantes. Um sintoma geralmente tem mais do que um significado e serve para simbolizar diversos processos inconscientes. Raramente há uma única causa para resultar num sintoma.
Na verdade, quando ficamos parados, adoecemos porque existe algo mais forte, a nossa essência, o self, nosso verdadeiro eu, que nos impulsiona para o crescimento, é quando o inconsciente começa a exigir uma evolução da vida. Enquanto houver a negação do conflito, ele buscará uma forma de se manifestar com o intuito de ser confrontado e elaborado, surgindo os sintomas físicos e psíquicos. Os sintomas são partes da sombra da nossa consciência que se precipitaram em forma física. É no sintoma que se manifesta aquilo que nos faz falta. Ou seja, as doenças e seus sintomas são sinais de alarme de nossa psique nos avisando que há algo muito mais profundo pedindo atenção, e cabe a cada um de nós entendermos a linguagem do próprio corpo. Lembre-se: a doença é um ato criativo da alma buscando a vida, ou o amor. Pense nisso!
Por Rosemeire Zago
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