O ser humano busca continuamente ser feliz.
Existem várias fontes de satisfação e bem estar que geram a felicidade nas pessoas.
Seja como for, apesar do que quer que conquiste, o ser humano busca e deseja, realmente, o Amor; almeja a sensação de ser amado e ser especial por quem sente que lhe é especial.
Ter Amor na vida é estar de bem e satisfeito consigo mesmo; é viver num nível de bem estar emocional harmonioso.
O desamor é justamente o contrário: é estar de mal e insatisfeito consigo mesmo; é viver num constante mal estar e desconforto emocional. E, por incrível que pareça, um dos sintomas do desamor é amar demais o outro.
O amor demais por alguém é fruto do amor de menos por si próprio. E amor de menos por si é desamor por si. É o sintoma de uma baixa auto-estima.
Esse amor de menos por si imanta a pessoa a atrair relacionamentos amorosos insatisfatórios e estéreis, emocionalmente falando. Às vezes, atrai pessoas difíceis e mesquinhas, mas, muitas vezes, apesar de tudo, atrai até pessoas dispostas a amá-la, mas - como vivem sob a égide do desamor - não conseguem reconhecer ou decodificar as atitudes amorosas do outro para consigo própria.
Este é um mal que acomete tanto mulheres quanto homens. Embora, ainda hoje, a sociedade permita mais facilmente às mulheres uma maior exposição de seus sentimentos, enquanto que aos homens resta somente apresentar-se indiferentes às próprias necessidades afetivas. Por isso, as mulheres têm mais facilidade em colocar suas necessidades e carências emocionais do que os homens, que camuflam-nas com comportamento do tipo galinha, com agressividade ou atirando-se loucamente no trabalho.
O que percebemos predominando atualmente nas pessoas é o sofrimento pela sensação de desamor em suas vidas. Mesmo as que têm parceiros fixos muitas vezes sentem essa forte sensação. Esta sensação de desamor leva as pessoas a uma angustiante e ansiosa busca do Amor. Esta busca do Amor, neste nível, produz concessões que beiram a anulação.
O histórico dessas pessoas é permeado de sofrimento, mágoas e decepções, pois - apesar de aceitarem as migalhas de afeto oferecidas pelas pessoas que amam - acabam rejeitadas e sozinhas.
O desamor gera comportamento emocional voraz, existindo dentro de si como que um buraco negro de carência. E então, quando finalmente tem a oportunidade de se relacionar, jogam-se de cabeça sem medir as conseqüências de seus atos, estando extremamente sensibilizadas com a possibilidade de relacionar-se.
E novamente decepcionam-se.
E assim vão de tentativa em tentativa... e só encontram o desamor. Na maioria das vezes estão sempre sozinhas e somente às vezes, quando a carência fala mais alto, é que se arriscam...
A sensação de desamor na vida é gerada pela própria pessoa que não se coloca para o Amor, que não se presenteia com situações amorosas. Conscientemente a pessoa fala e se esforça no sentido de ter o Amor e de ser amada, mas existe algum botãozinho inconsciente que fica ligado e que não lhe permite que seu desejo se realize.
O mais trágico para essas pessoas que amam demais – que vivem o desamor – é a dificuldade em romper com este círculo vicioso do desamor. Não percebem que para se ter o amor de alguém é preciso já ter o Amor presente em sua vida – estar imantada de Amor - pois, nesta questão de relacionamento humano - atraímos nossos iguais. Para se ter o Amor presente em sua vida é preciso que você o coloque, proporcionando situações que realmente lhe dêem satisfação e bem estar e ai, você realmente estará aberta para receber o amor do outro que tanto quer.
Por não saber como romper com esta sensação de desamor buscam fórmulas prontas, receitas de como fazer. Como se fosse possível através de uma receita de como ser amado e feliz simplesmente reproduzi-la e tirar do forno um bolo pronto, já recheado e com cobertura, para, apenas, deliciar-se.
Se assim fosse todos já seriam felizes com seus pares e plenamente satisfeitos com seus amores, pois o que mais encontramos atualmente são livros de auto-ajuda recheados de regrinhas básicas para se dar bem e ser feliz em todos os aspectos da vida.
Viver, amar, ser amado e ser feliz exige um exercício diário. Não existem fórmulas prontas.
Os livros de auto-ajuda são válidos por colocarem uma luz na escuridão deste buraco negro no qual a pessoa vive, mas é com o exercício do viver – colocando sistematicamente todas aquelas teorias em prática – que, de fato, se concretiza o amor e a felicidade na própria vida.
E para se viver uma vida onde cultivemos o Amor se faz necessário buscar dentro de si a semente do amor: o auto-amor.
Eu, como psicoterapeuta, acredito na psicoterapia como um caminho para o autoconhecimento e como suporte para o exercício desta busca – a busca de si mesmo, do Amor dentro de si e a conseqüente implantação deste Amor na própria vida.
Para ter o Amor na vida não basta querer, é preciso acreditar que ele está dentro de si e deixá-lo transbordar para fora de si, em todas as situações e relações que vivemos. É através de recursos internos disponíveis, como a compreensão e a tolerância, por exemplo, que podemos cultivar o auto-amor e a auto-estima adequada.
A compreensão e a tolerância têm que estar disponíveis, pois é preciso compreender que somos seres humanos – todos! – limitados e imperfeitos, mas dignos do Amor; sendo que a maior de todas as intolerâncias que uma pessoa tem por si mesma é saber-se limitado e imperfeito e em seguida, culpar-se e condenar-se.
A pessoa torna-se, aos seus próprios olhos, “culpada” por ser limitada e por não ser perfeita. E como bem o sabemos, todo culpado merece uma pena, que neste caso é a ‘clausura’ do desamor. Torna-se, portanto, vitima e algoz de si mesmo: não tendo como escapar, só lhe resta viver no desamor. Eis a prisão decretada! Isto gera alto nível de angustia e ansiedade provocando tentativas desesperadas para libertar-se.
Essa pena – o desamor – pode expressar-se de várias formas, seja com a solidão, com a traição amorosa, com a falta de reconhecimento e valorização, num casamento insatisfatório e tantas outras maneiras que nem julgaríamos como expressão do desamor; como amando demais.
Para identificar numa situação a presença do desamor por si mesma, perceberemos que ali haverá como tônica desse desamor, sempre, uma profunda e incomensurável dor e frustração no coração. Como se a pessoa não tivesse o direito – de fato! – de realizar seu sonho (ter Amor) e de ser feliz.
Psicologicamente falando, o desamor por si mesma pode chegar num nível tal que – além de amar demais o outro ou viver qualquer situação no limite e sofrer muito por isso – pode gerar uma série de doenças físicas, psicossomáticas – inclusive um câncer – pois é como se a pessoa “desistisse” de viver “aquela vida”, onde se sente infeliz, mas não sabe como sair dela. É claro que são processos inconscientes, por isso há necessidade da psicoterapia para sair deste círculo vicioso.
A vida sempre nos apresentará problemas. Faz parte! Porém, se a tônica da vida ou de uma situação qualquer é o sofrimento, a angústia e a ansiedade significa que se está sob a força do desamor por si mesma. Porque amor não rima com dor, já desamor, sim!
Quando temos verdadeiramente o Amor em nossas vidas os problemas são (em maior ou menor grau) facilmente resolvíveis, pois estamos sob a égide do Amor por nós. Porque Amor e Amar são sinônimos de bem estar emocional, harmonia e felicidade!
Maria Aparecida Diniz Bressani é psicóloga e psicoterapeuta Junguiana,
especializada em atendimento individual de jovens e adultos,
em seu consultório em São Paulo.
especializada em atendimento individual de jovens e adultos,
em seu consultório em São Paulo.
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