sábado, 10 de julho de 2010

Paz de espírito, o caminho!



Lembremo-nos que o homem interior se renova sempre. A luta enriquece-o de experiência, a dor aprimora-lhe as emoções e o sacrifício tempera-lhe o caráter. O espírito encarnado sofre constantes transformações por fora, a fim de engrandecer-se por dentro". (Chico Xavier)


Como conseguir a tão almejada tranquilidade interior, cura de todos os males do corpo e da alma? Será que somente os seres privilegiados da natureza humana como os beatos, santos e gurus, conseguem atingir este estágio espiritual?

Sem dúvida, são questionamentos que fazemos há milênios, sempre à procura de respostas às quais teremos acesso se experenciarmos a jornada evolutiva da própria consciência.

O certo é que ignoramos o fato de que os seres humanos que atingiram o nível de paz espiritual, conseguiram-no com muito esforço, discernimento e perseverança no Bem. Conquista adquirida após muitas quedas e erguimentos no campo da moral e da ética humana.

No âmbito dos desequilíbrios psíquicos, são muitas as inquietações da alma, a começar pelos sentimentos não resolvidos que nos acompanham há séculos. Perturbações de difícil solução à medida que temos dificuldades em abrir o chacra cardíaco e nos tornarmos receptivos ao contágio do amor desinteressado e profundo que encontra-se latente em nós mesmos.

Libertar-se do eu egóico, exclusivista e investir na expansão da consciência visando um melhor nível de percepção de si mesmo inserido em um contexto existencial multidimensional, é desafio de quem procura a paz de espírito.

Nesse sentido, o cultivo da simplicidade - porque a natureza é simples - é a melhor forma de erradicarmos as impurezas espirituais que levamos conosco de muitas vivências. Mas ser simples é abdicar, aos poucos, do eu centralizador em detrimento de um eu expansivo que liberta-se do egoísmo e do orgulho, sinônimos de alienação e cegueira do espírito...

Nos situarmos como seres pertencentes à natureza universal e temporariamente inseridos na dimensão física em estágio evolutivo, torna-se fundamental enquanto percepção adquirida de si mesmo. Compreensão que serve como base de autoconhecimento para a conquista da paz interior.

No entanto, dificilmente conseguiremos a tranquilidade almejada, se não tivermos a percepção do momento existencial (a vida) como oportunidade de alterarmos para melhor o paradigma comportamental que nos acompanha e que tende a repetir-se com a sua carga de inquietações e medos que nos desarmonizam.

A natural benevolência, associada à simplicidade, são sinônimos de uma mente - e de um espírito - que começa o seu processo de pacificação interior, quando a sintonia pelo pensamento passa a oscilar cada vez menos, mantendo-se compatível com o nível da caminhada evolutiva.

No momento em que oscilarmos menos a nossa frequência vibratória ou até estabilizarmos essa frequência em elevados níveis de consciência, é sinal de que começamos a conquistar a paz interior.

Contudo, até chegarmos a esse patamar, passaram-se séculos e séculos de alienação da consciência. Muitos equívocos foram cometidos em nome do "amor" ou do que achavamos que fosse amor. Muitas perdas afetivas nos provocaram dor e sofrimento sem entendermos as suas razões, assim como da mesma forma provocamos em outros indivíduos de nossas relações afetivas.

Até assimilarmos as Leis do Amor que encontram-se gravadas em nossa consciência, embora, paradoxalmente, não tenhamos consciência disso, muitas "infrações" foram ou serão cometidas em nome do livre arbítrio. Situações que acumulam "débitos a quitar" com as mesmas Leis, vida após vida...

A partir do momento vital que percebermos com os "olhos de ver" que a vida é mais uma oportunidade de nos (re)conciliarmos com o passado, tudo torna-se mais claro e o discernimento passa a funcionar como instrumento, que ao afastar as sombras da alienação, traz lucidez - ou luz - às nossas consciências.

Enfim, quando conquistamos o ponto de equilíbrio existencial, chamado paz de espírito, revelamos ao universo a nossa verdadeira identidade: o Eu espiritual, agente que promove a paz e o amor entre os seres vivos. E a partir desta estabilidade psíquico-espiritual conseguida com muita luta interior, abnegação, perseverança no Bem e aprendizados no âmbito do Amor Maior, nos tornamos, definitivamente, indivíduos de bem com a vida e a caminho de progredir ainda mais, até atingirmos níveis superiores de espiritualização, que é o real propósito de nossa existência.


Por Flavio Bastos

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