domingo, 25 de julho de 2010

DON JUAN: ÓDIO OU FASCÍNIO PELAS MULHERES?



O estilo Don Juan, é um tipo de homem, extremamente sedutor, encantador, acolhedor e atencioso. Um perfeito cavalheiro. Por quem a maioria das mulheres se "derrete". Quando ele se interessa por uma determinada mulher e deseja conquistá-la, em seu jogo de sedução, faz com que essa mulher se sinta a mais especial e maravilhosa fêmea do planeta.A única. Ele eleva a auto-estima dela às alturas, e faz com que se sinta muito segura.

É um apreciador de mulheres. A mulher não precisa ser linda e perfeita, para atrair sua atenção e desejo, pois ele se atrai pelos detalhes, por algum encanto especial que ela tenha e que o instigue.

Pedro, meu cliente, encaixa-se nesse perfil de homens. Em suas sessões, sempre se vangloria contando sobre suas novas e frequentes conquistas. Mas, apesar de se sentir bem sucedido nisso, não está feliz, pois está sempre sentindo-se vazio e ansioso. Por conta disso, manifestou seu desejo em compreender o motivo pelo qual se sente assim.

Eis o relato sobre sua realidade interna, conforme captei e lhe pontuei, em sua sessão.

Observei que ele tem um grande conflito inconsciente: acredita realmente que ama as mulheres, mas na verdade, as odeia.Isto o chocou, quando pontuei.

Ele ama o poder feminino, principalmente seu irresistível sexo. Mas, por não conseguir resistir a esse poder, que o fascina e o domina, sente-se vulnerável diante de uma fêmea. Por assim ser, e por se sentir dependente desse poder e pela insegurança que isso gera nele, tem uma crença de que a qualquer momento será rejeitado e abandonado pela mulher com quem estiver envolvido. Toda pessoa, quando acredita que ama alguém, teme ser abandonada, isto faz parte da natureza humana.

Aqui está seu conflito. Por viver no fascínio pelas mulheres e no medo de perdê-las, e vir a sofrer a dor da rejeição, acredita que a culpa por seu tormento é delas e, por isso, as odeia.

Perguntei sobre sua relação com sua mãe. Ele contou que ela o abandonou - e ao seu pai -, quando ele tinha 4 anos.

Ficou claro que, ainda hoje, ele continua em busca da mãe perdida. Em cada mulher que conquista, busca uma parte dessa mãe. Para formar uma "mãe inteira", ele quer possuir todas as mulheres. Assim, ele "rouba" um pouco da essência - num nível energético - de cada mulher que conquista.

Para conseguir isso, usa técnicas de sedução, em que atrai as mulheres que deseja, valorizando-as ao máximo, fazendo-as sentirem-se seguras com ele. Apesar de se sentir inseguro diante de seu poder, vai adiante, até o ponto em que sente que a mulher já está dominada pelos seus encantos de Don Juan. Assim que isso acontece, para garantir sua segurança - como teme ser abandonado -, começa a drenar a segurança da mulher. Faz isso tocando em seus pontos fracos, de acordo com o que percebe em cada mulher. Se, por exemplo, uma mulher tem tendência a engordar e teme isso, ele diz coisas do tipo: se você engordar, não vou te querer mais. Isto, obviamente, deixa a mulher totalmente insegura. E, como a essa altura ela já está apaixonada, sentindo-se presa, ele resgata sua própria segurança.

Porém, infelizmente, quando ele consegue chegar a esse ponto, perde totalmente o interesse pela mulher, pois ela se tornou muito fácil e até "pegajosa" por sua insegurança. Ela torna-se desprezível aos seu olhos.

Então ele a rejeita e a abandona. Antes de ser abandonado. Mas esse tipo de mulher que atrai, sofre muito pela dor da rejeição, sentindo-se destruída, e isso faz com que nunca o esqueça. Algumas tornam-se até obsessivas em tentar reconquistá-lo. Desta forma, como elas estão sempre emanando energia de desejo e desepero em tê-lo de volta, em sua direção, ele sente que "possui" uma parte dessa mulher.

Como tudo o que acontece na energia, é muito mais poderoso do que o que acontece na realidade, é na energia que ele as possui e as domina "eternamente". Ele é um colecionador de mulheres. Mantém todas presas em seu harém.

Ao conquistar cada uma delas, está conquistando sua mãe. E vinga-se de sua mãe, toda vez que abandona uma mulher.

Sempre tem uma namorada fixa para garantir sua segurança enquanto vive em busca de novas fêmeas para seus jogos de conquista.Tornou-se compulsivo nesta questão.

Apesar de todas essas conquistas e de todas as mulheres aprisionadas a ele, sente-se muito solitário. Sua busca é insaciável, nunca conseguirá encontrar a "fêmea perfeita", com quem possa ter uma relação de amor. Se, para manter-se seguro, só atrai mulheres que sabe que irá desprezar, nunca conseguirá atrair uma mulher que não se deixe dominar por ele. Este é o tipo de mulher que conquistaria seu coração, uma que ele admire: a que é segura de si, e não se sujeita a nenhum tipo de humilhação, submissão, domínio ou aprisionamento. Ela é livre. Porém, este é exatamente o tipo de mulher que o apavora, pois se sentiria extremamente inseguro diante dela.Isso o angustia.

Com uma mulher assim, ele abriria seu coração e poderia amá-la de verdade. Mas seu medo da vulnerabilidade o impede de permitir que isso ocorra. Então, mantém-se fechado para o amor.

Bem, é por tudo isso que ele está vivendo a angústia do sentimento de solidão. Existe um modo de se libertar disso, mas precisará de muita coragem para tal. Ele disse que deseja conquistar essa liberdade e a felicidade, amando e respeitando uma mulher, e que está disposto a prosseguir. Estamos trabalhando em seu processo nesse sentido e pequenos resultados já estão se manifestando. Espero realmente que ele consiga vencer essa questão, só depende dele, diante das escolhas que fizer.

Antes de encerrar, gostaria de acrescentar, que muitos homens deste perfil, experimentam o mesmo conflito interno - quase sempre, de forma inconsciente - de amor e ódio pelas mulheres. A única coisa que muda, é o contexto de vida, que desencadeou esse conflito, em cada um deles.

Por Teresa Cristina Pascotto

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