terça-feira, 6 de julho de 2010

Beleza


Nossa sociedade nos ensina alguns valores que aplicamos em nosso dia-a-dia de forma equivocada. Só é belo o que se vê e se percebe como tal. O padrão de beleza está sempre vinculado à maneira de se vestir, de aparentar, de ostentar e, invariavelmente, de se mostrar.

Pouco ou quase nada se argumenta sobre a beleza do ‘sentir’. Aquela que vive em nosso interior. Aquela que ‘toma conta’ de nossas decisões corretas. O ponto cinza que todos temos, muitas vezes adormecido, e que precisa ser enaltecido e bem explorado.

Claro, o primeiro conceito, a beleza externa, é mais fácil de ser avaliado, afinal, é aparente e qualquer um de nós a percebe. Não precisamos de conteúdo, de bons valores éticos e morais para fazermos e produzirmos esta avaliação. Tampouco é necessário equilíbrio emocional e muito menos sabedoria.

Estou vendo, é bonito e assim é belo. Todos percebem. Não há questionamento.

No segundo conceito, para perceber a beleza na profundidade de um ser, é preciso que se preste mais atenção. Temos que efetivamente ‘sentir’.
O que se toca, se vê e se escuta, tem um sentido material, mas o que se sente tem o sentido da alma. É com a essência do nosso ser que construímos nossa avenida de futuro, de nossa evolução.

Descobrir a beleza que agrega, a que cada um tem dentro de si, é o mesmo que buscar uma agulha em um palheiro. Precisa ter habilidade, paciência, perseverança e determinação bem aguçadas e super desenvolvidas. Esta é a beleza do sentido, a soma de tudo isso.

A razão desta diferença é a total ausência de valor para com esta beleza por parte da sociedade em que vivemos.

Poderíamos até criar outro paralelo, para melhor definirmos a beleza interior, entre uma pessoa ambiciosa e uma outra cobiçosa.
Cobiçar é sempre buscar se aproveitar ou tirar dos outros. O ambicioso, ao contrário, quer ficar cada dia melhor.


Ambos são facilmente confundidos quando nossos valores estão equivocados e buscamos crescer a qualquer preço e a qualquer custo. Estes crescimentos cobiçosos, tal como a beleza efêmera, de nada servem porque carecem de base sólida. Nada que se construa com sofrimento de outros será desfrutado. Até, e principalmente uma idéia, precisa ser respeitada. Não posso me apossar da criatividade de outra pessoa porque esta atitude cria débito Cósmico, ou karma, não importa como queiramos definir.

O que não é nosso pertence ao outro.
Parece uma frase fraca, ridícula, mas na Lei de Causa e Efeito ela é forte e soberana.
Não é meu, portanto, não tenho o direito de usar. Não importa o fim e o propósito. Assim preciso valorizar muito mais a beleza que vem de dentro. Uma idéia vem de dentro... O que não conseguimos admirar... Não possui valor aos nossos sentimentos. A beleza sem conteúdo logo cansa. A pessoa tende a ser fútil e rapidamente tudo se torna uma gangorra... Quando um senta a gente levanta. Imagine então quando pessoas se casam só por ostentação e beleza efêmera... Casamento temporário... Isso posto, precisamos aprender a sentir e valorizar a verdadeira beleza. Olhar o que é belo fica fácil. Sentir a beleza de um ser equilibrado faz toda a diferença em nosso caminho evolutivo. A beleza que brota do interior jamais cansa. Na realidade, ela cativa. É bom evitar, também, confundir nossa ambição de sermos fortes, lúcidos e melhores, com a cobiça de crescermos a qualquer custo. Beleza exterior e cobiça são parentes... Beleza interior e ambição andam juntas.


Por Saul Brandalise Jr.

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