sábado, 11 de abril de 2009

Solitude

Por Bel Bezerra

E assim passam-se os dias, em meio a tanto silencio, como se nada acontecesse, somente imersa em pensamentos, triste solidão que se faz morada na alma.

De um sentimento ímpar, recolho-me e tento buscar-me, mas o silêncio é grande, a dor profunda que inunda e entristece, saudades de minha casa, saudades de mim, saudades dos meus.

Não importa o quanto, nem quando, talvez nem como, e muito menos para quê, pois o porquê é irracional e cego, incapaz de sentir através da luz, a concha escura se fecha, ela não vê e nem escuta, soturna em desconexos, desorientada em seu mundo, não há compreensão e nem lógica, apenas uma retrógrada e desenfreado medo, de quê? Controle do que não existe, máquinas programadas através do grito surdo de gargantas cansadas.

Olho a minha frente e nada vejo mais, agora, nesse momento nada mais me importa, nada faz sentido, não há emoção, apena introspecção. Sentimentos alados de um remoto sonho, um quê de romantismo que insiste em sobreviver, mas na razão não existe mais, somente sombras de uma vida.

Vidas entrelaçadas, perdidas em si mesmo, nada compõe, nada sinto,olho mas não vejo, não sinto mais, somente uma profunda e triste dor.

Dor que de nada interfere em mais ninguém, porque nada sou na verdade senão partícula de uma historia que antes desenhada em cor e forma e hoje a dura camina fere em negativo, transformada em preto e branco.

O tempo cada vez mais curto, sinto-me cansada, já embranquecida por esse tempo, o brilho que se esvai, a esperança cada vez mais longe de uma calmaria, os prenúncios cada vez mais presentes...

Ilusões, surrealismos, discordias, mascaras que de tanto usadas, estão incorporadas, massificadas, entranhadas nas pessoas, não importando sua cronologia.

Falsas mascaras que se espreitam com oportunos e pávidos olhos de interesse supérfluo, perdidos sem porto e sem rumo, ironia dos que vivem através dessas mascaras, não se escondem de si mesmos, perdem-se cada vez mais.

Que se faça a luz....mas para quem? Um ponto perdido em meio a escuridão, ouve-se gritos sem foras, gritos ameaçadores debatendo-se e ferindo como lanças que rasgam o espaço, atravessam o espírito provocando marcas doridas que ferem nos tirando o viço, a juventude do espirito, a alegria do jubilo, um massacre na alma, morte lenta.

Faço parte de um nada, talvez por me sentir tão pequena, engolida por mim mesma, sinto vontade de gritar, minha alma clama por esse grito há tempo...tanta dor, meu peito se aperta mas não explode, não agora, mas está próximo do renascimento ou da morte súbita.

Nao consigo mais sonhar, preciso sair e orbitar para lugares distantes, onde não possam me encontrar, quem sabe uma visita a minha casa astral, meu verdadeiro lar, nossa, como sinto falta. Não consigo mais encontrar a paz que reside dentro de mim, porquê?

A angustia me consome avidamente, cada vez mais ela toma conta, me sinto só, muito só nessa angustia, muito solitária a estrada.

Culpada por achar o que é melhor, culpada por achar em preencher as lacunas dos outros, quem sou eu? Nada. Nada significativo nesse egoísmo, tenho ânsias.

Moral de costumes, quem os tem? Infeliz daquele que espelha as próprias falhas.

A angustia cresce cada vez mais, não consigo desfocar, a tristeza se apoderou, deixei abrir as portas...

E como nada tivesse acontecido, sorrisos felizes, tranqüilos em suas camas, enquanto almas solitárias sentindo-se desgarradas, desprovidas e a margem, choram. Irônica calmaria, a verdadeira tempestade está por vir.

Mascaras virão ao chão e a paz profunda e eterna se fará presente.

A dor é uma punição, a consciência é uma cobradora do ser profundo que emerge em silêncio de forma aterradora.

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