sexta-feira, 10 de abril de 2009

Liberdade


Liberdade: princípio e fundamento da vida

Por Carlos Bernardo González Pecotche (Raumsol)

A palavra liberdade assume, nos dias em que vivemos, a máxima importância. É a expressão com que todos os povos do mundo definem o maior de seus desejos e de suas aspirações para o futuro.

Para alcançar o verdadeiro significado ou, melhor ainda, o conteúdo essencial da palavra liberdade, é imprescindível que cada ser humano saiba com a maior amplidão o que se deve entender por liberdade em seus aspectos fundamentais, já que ela, como princípio, lhe assinala e substancia sua posição dentro do mundo.

Se em verdade se quer obter um conhecimento cabal do que a liberdade é e deve representar para a vida, é preciso vinculá-la muito estreitamente ao dever e à responsabilidade individual, pois estes dois termos, de grande conteúdo moral, constituem a alavanca que move os atos humanos, preservando-os do excesso, sempre prejudicial à independência e à liberdade de quem nele incorre.

A liberdade é prerrogativa natural do ser humano. Como espécie superior a todas as que povoam o mundo, o homem nasce livre, embora disso não se dê conta até o momento em que sua consciência o faz experimentar a necessidade de exercê-la como único meio de realizar as funções primordiais da vida e o objetivo que cada um deve atingir como ser racional e espiritual.

O conhecimento confere maior liberdade a quem sabe usá-la com prudência e inteligência

Muitas vezes ocorre, sem que o homem na maioria dos casos o perceba, que o cerceamento da própria liberdade deve ser atribuído a si mesmo. Todos os atos equivocados, todos os erros ou as faltas em que se incorre, fazem minguar a liberdade individual. Se, levados pela confiança de uma amizade, frequentássemos livremente a casa de um amigo, onde nos fosse oferecido o prazer de ser bem atendidos e de passar momentos agradáveis, e, por uma deficiência de nosso temperamento ou caráter, incorrêssemos em uma falta que o desgostasse, perderíamos essa liberdade. De igual modo aconteceria se, havendo tido a liberdade de frequentar à vontade uma instituição ou outro lugar qualquer, nos víssemos obrigados a nos privar disso por causa de uma má atuação ou de um desses momentos irrefletidos que geralmente motivam desagrados. O mau comportamento, portanto, é motivo de constante diminuição da liberdade individual.

O conhecimento é o grande agente equilibrador das ações humanas e, em consequência, ao ampliar os domínios da consciência, é o que faz o ser mais livre, ou seja, aumenta o direito de maior liberdade, ainda quando condicionando esse direito às altas diretivas de seu pensamento.

E assim, enquanto o conhecimento confere uma maior liberdade a quem sabe usá-la com prudência e inteligência, a ignorância a reduz, como também a reduzem, já o dissemos, os erros e as faltas cometidas.

A liberdade terá de ser concebida em todo o seu volume, importância e conteúdo; e quando a humanidade compreender em que medida deve usá-la, conservá-la e defendê-la, então se haverá afirmado na alma dos homens o seu verdadeiro e sublime conceito, e o mundo terá dado um grande passo adiante.


Trechos extraídos da Coletânea da Revista Logosofia Tomo 2 p. 205

Nenhum comentário: