sábado, 25 de abril de 2009

Posso escolher mudar todos os pensamentos que ferem


Por Dr. Jampolsky

A maioria de nós tende a esquecer que o livre-arbítrio e a possibilidade de escolher são atributos inerentes à mente. Todos já tivemos a experiência de nos sentir presos na armadilha de uma situação da qual parece que não há saída.

Aqui está uma sugestão que pode ser útil nessas circunstâncias: você pode usar a imaginação ativa para encontrar a saída.

Imagine um muro e deixe que ele represente seu problema. Pinte uma porta nesse muro e afixe um cartaz: SAÌDA. Imagine-se abrindo a porta, passando por ela e fechando-a firmemente atrás de si.

Seu problema não está com você, pois você o deixou para trás. Sinta a liberdade récem-descoberta imaginando-se num lugar além daquilo que você gostaria de realizar.

Quando estiver pronto para deixar esse refúgio tranquilo, leve com você essa nova sensação de libertação das tentativas passadas de resolver problemas. No frescor de sua nova percepção, soluções antes inacessíveis podem lhe ocorrer.


Quando percebemos as coisas não como problemas e sim como oportunidades de aprender, podemos ter uma sensação de alegria e bem-estar depois que as lições são assimiladas. As lições nunca nos são apresentadas quando não estamos prontos para prendê-las.
Em minha cabeça há pensamentos que podem me ferir ou me ajudar.

Estou constantemente escolhendo o conteúdo de minha mente, uma vez que ninguém mais pode fazer isso por mim. Posso escolher libertar-me de tudo, exceto de meus pensamentos Amorosos.
Exemplo A historinha que se segue pode ajudar a ilustrar a lição de hoje.

O episódio aconteceu em 1951 no Satnford Lane Hospital, que, naquela época, ficava em San Francisco.
A situação era uma daquelas em que me senti preso numa armadilha e imobilizado pelo medo. Sentia uma dor emocional e pensei que estava ameaçado por uma dor física em potencial.

O passado certamente influenciava minha percepção do presente e eu não estava sentindo nem um pouquinho de paz interior e felicidade.
Às duas horas da madrugada de um domingo fui chamado para atender um paciente que estava na ala psiquiátrica, que trancada, e que de repente teve um ataque de loucura furiosa.

O paciente, que eu nunca vira antes, havia sido internado na tarde anterior com um diagnóstico de esquizofrenia aguda. Uns dez minutos antes de eu vê-lo, ele havia removido o batente da porta. Olhei pela janelinha da porta e vi um homem de 1,92 metro de altura e quase 130 quilos.

Corria em volta da sala completamente nu, carregando aquele enorme pedaço de madeira com os pregos cravados e proferindo palavras sem sentido. Eu realmente não sabia o que fazer.
Havia dois enfermeiros e cada um deles mal chegava ao 1,55 metro. Eles se viraram para mim e disseram: “Nós vamos estar bem atrás do senhor, doutor.” Não achei a frase nem um pouco tranquilizadora. Enquanto eu continuava olhando pela janela, comecei a perceber o quanto o paciente estava assustado.

De repente, ocorreu-me que ele e eu tínhamos um ponto em comum que poderia levar à unidade – qual seja ambos estávamos assustados.
Sem saber mais o que fazer, gritei pela porta: “Eu sou o Dr. Jampolsky e quero entrar e ajudá-lo, mas estou com medo. Estou com medo de me machucar,e não posso deixar de perguntar se você também não está com medo.” Ao ouvir isso, ele parou de falar aquelas algaravia, virou-se e disse: “Você está certíssimo, estou com medo.”


Continuei gritando, dizendo-lhe o quanto eu estava assustado, e ele me respondia também aos gritos, dizendo o quanto ele estava assustado. Enquanto conversávamos, nosso medo desapareceu e as nossas vozes baixaram. Então, ele me deixou entrar sozinho, conversar com ele, dar-lhe um medicamento por via oral e sair.


Essa foi uma experiência de aprendizagem muito intensa e importante para mim. No começo, vi o paciente como um inimigo em potencial que ia me machucar (meu passado me disse que qualquer um que parecesse perturbado e que tivesse uma clava na mão era perigoso).

Escolhi não usar o dispositivo manipulador da autoridade, que só teria servido para criar mais medo e separação.
Quando descobri um ponto em comum – a nossa atitude de medo – e pedi ajuda com sinceridade, estabelecemos um vínculo. Depois disso estávamos em condições de ajudar um ao outro.

Quando vi o paciente como meu professor em vez de considerá-lo como um inimigo, ele me contou a reconhecer que talvez sejamos todos igualmente loucos e que só a forma da loucura seja diferente.
Hoje determino que todos os meus pensamentos se libertem do medo, da culpa e da condenação, de mim ou dos outros, ao repetir: “Posso escolher mudar todos os pensamentos que me ferem.”

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