Todos nós queremos o amor, queremos ser aceitos e viver coisas boas, mas nem sempre é isso que a vida nos traz. As vezes nos envolvemos em trabalhos que fracassam, em relacionamentos que nos frustram, em amizades que não preenchem nossas expectativas. Tudo isso é rejeição e dor, mas com certeza tudo será maior se a expectativa em relação a questão for grande.
Aprendemos que para viver temos que ter esperança, precisamos desenvolver a fé, acreditar no sucesso de nossas empreitadas, mesmo que haja a mesma possibilidade de sucesso e de fracasso. Porque é assim que a vida funciona. Podemos perder ou ganhar, mas temos que fazer a nossa parte.
Recebi Déia num momento de muito sofrimento; na sessão de vidas passadas, apareceu uma história de escravidão, ela presa, sem ação, tendo que aceitar o que a vida lhe trazia sem questionar, o sentimento era de revolta, mágoa e dor. Quando terminamos ela me contou que o seu casamento de mais de vinte anos acabou com uma traição, e que ela enfrentava um enorme sentimento de impotência frente ao ocorrido, pois durante todo o tempo que ficou casada foi companheira, trabalhou junto, construiu um patrimônio...
Claro que isso explicava a energia que apareceu na vivência de vidas passadas, mas conversando com ela perguntei: Você ainda ama este homem? Quer tentar se aproximar dele de novo?
Fiz estas perguntas porque compreendi que se ela ficasse presa ao fracasso, sua vida não andaria, pois ela já estava dizendo para si mesma que era uma pessoa injustiçada, que o mundo não servia, que as pessoas eram covardes. Enfim, a raiva estava aprisionando aquela mulher. Porque podemos sofrer traições terríveis e nos revoltar, mas não podemos permanecer para sempre nessa vibração. Em algum momento, temos que levantar a cabeça, abrir o coração e tirar de dentro do peito a dor da injustiça e da rejeição. Queria saber se ela estava pronta para começar seu caminho de cura.
Olhando para a parede ela respondeu que não, que ainda não se perdoara, pois durante os últimos tempos do casamento ela foi omissa, tinha se afastado do marido, queria apenas trabalhar, os filhos adolescentes estavam dando problemas, a mãe tinha ficado doente e ela reconhecia que não foi mulher para ele... Nesse momento, vieram muitas lágrimas, muitos sentimentos de arrependimento.
Mas você ainda gosta dele? Perguntei querendo ajudá-la a refletir, porque conforme sua narrativa o que se mostrava era uma necessidade de segurança que o casamento trazia, e não um amor. Afinal, se ela o amasse, mesmo enfrentando problemas, o afastamento entre os dois não teria se tornado um abismo.
O que sempre explico para meus clientes é que quando aparece uma outra pessoa o espaço já existia. Déia se culpava por ter deixado o marido solto. E ai cabe a pergunta: Por que você fez isso? Por que você não deu prioridade ao amor? Será que você estava triste com ele por algum motivo? Por que se omitir na relação? Por que não falar o que sente?
Muitas vezes, não olhamos para nossas ações, vamos deixando a vida passar e deixamos de lado atitudes simples sem refletir sobre a conseqüência de nossos atos. Vamos nos deixando levar pelos problemas, sofrendo, lutando sem perceber que estamos nos abandonando.
Não podemos recusar o aprendizado da vida. Quando algo não dá certo, precisamos olhar para dentro de nós em busca de respostas, que podem ser diferentes do que o mundo nos fala. Aparentemente, Déia estava totalmente encaixada no papel da vítima, mas podemos perceber que ela havia também participado da criação do triste rompimento. Agora é dar tempo ao processo de cura para entender o que de fato está por trás do sentimento de rejeição e da impotência.
Caminhar não é fácil nessas horas, mas a vida continua e precisamos nos cuidar para que a solução se apresente.
Por Maria Silvia Orlovas
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