Ansiedade, angústia, medo, insegurança, timidez são todos parentes próximos, diríamos que frutos de uma mesma árvore. Embora a ansiedade contenha atributos orgânicos (é uma conseqüência normal do funcionamento do corpo), ela é uma decorrência do funcionamento mental. Ela se traduz por uma pressa, uma ânsia para o movimento, uma inquietação interior, uma aflição do corpo, para que aquilo que estiver acontecendo acabe logo.
Também pode aparecer como um desejo exagerado para que algo aconteça, como se esse algo fosse muito bom, gostoso e agradável. A mente de uma forma mentirosa promete que quando acabarmos aquilo que nos gera ansiedade, tudo ficará tranqüilo, ficaremos sossegados e ou viveremos a glória ou não correremos mais perigo.
A realidade é diferente pois a ansiedade vicia e quanto mais pressa temos, mais falta sentimos dela. A mente se habitua com a pressa e passa a precisar dela. E nós reles mortais, ficamos aprisionados a ela, sempre ansiosos querendo acabar, chegar lá e percebendo que sempre há mais para se fazer.
Ansiedade e Instinto de morte
A ansiedade é o desejo de acabar, de terminar, de cessar a sensação física e psíquica do contacto com a vida, com a realidade. Este desejo acaba sendo o representante do instinto de morte, a única maneira de acabar com esta sensação. A pressa de acabar desemboca no desejo de terminar a própria vida. Trágico, mas quando a ansiedade é exagerada, absolutamente verdadeiro.
Como diminuir a ansiedade com a respiração e a meditação
Primeiro é preciso entender que a ansiedade é um fato normal quando não é exagerada.
A ansiedade corresponde a excitação do neurônio e a sua necessidade de descarregá-la. Ela normalmente é desencadeada quando a pessoa entra em contacto com situações novas e desconhecidas, ou quando a situação contém alto valor afetivo.
Para poder combate-la o primeiro passo é identificá-la. O corpo fica tenso, existe uma necessidade de se movimentar fisicamente (mexer pés ou mãos e inquietação em geral), a respiração fica mais acelerada e o pensamento fica agitado (muitas idéias passam pela cabeça de forma acelerada). Algumas vezes a cabeça fica confusa e não se sabe direito o que se quer.
Uma vez identificado este estado deve-se focar na respiração. A freqüência respiratória precisa ser diminuída. Inspirar lentamente e encher o pulmão em mais ou menos 75%. Em seguida deve-se expirar e tirar todo o ar do pulmão (inclusive com a ajuda do diafragma), também de forma lenta.
A respiração tem a capacidade de controlar o corpo e a mente. Na verdade a respiração é a maior fonte de nutrição e harmonização das nossas emoções. Este tipo de exercício deve ser feito por pelo menos 10 minutos e deve-se tentar manter a cabeça vazia. Os pensamentos precisam sair da mente junto com o ar expirado. Os Yogues e as filosofias orientais já sabem deste recurso poderoso há mais de 3000 anos.
A ansiedade é desencadeada por preocupações. Uma incerteza que desperta o nosso pessimismo, e a sensação de que algo muito ruim vai acontecer. E que é preciso fazer algo para evitar o pior e atingir as nossas metas e objetivos. Esta é a hora de parar, quanto maior a nossa pressa para atingir o objetivo maior a ansiedade. Não se pode ter pressa para atingir objetivos. É como dizem os ditados populares: "O apressado come cru" ou "Devagar se vai ao longe".
É lógico que não devemos abrir mão de nossos objetivos, mas é preciso saber que ele deve ser atingido quando possível e necessário no plano do real e não na cabeça. O que nos protege é a nossa ação e não as nossas idéias, portanto as idéias servem para nos orientar e não para nos acelerar.
Esvazie a cabeça quando estiver ansioso e confie que de forma lenta você chegará num ponto de proteção. Abra mão mentalmente de sua meta e objetivo por um tempo. Só até recuperar o equilíbrio. "Mente acelerada é mente desequilibrada" (Isaac Efraim).
Se depois de cuidar da respiração e de esvaziar a cabeça você não melhorar totalmente, vá para a meditação, ela te ajudará ainda mais.
A saída é o centramento
A ansiedade nos coloca na periferia de uma roda que ao girar continuamente, passa por eternos altos e baixos, instabilidades e inseguranças. Uma hora sentimos alegria, alívio e positivismo. Depois vêm momentos de angústia, sensações corporais desagradáveis (dor na boca do estômago, suores, tremores, vazios na cabeça, enfim ...) e o pessimismo.
Para sairmos destes altos e baixos, tão desgastantes e improdutivos, a grande saída é o centramento. Ao nos centrarmos, através da respiração e da prática da meditação, passamos a nos auto conhecer, reconhecer nossas verdades internas, os reais valores da alma, e deixamos de estar na periferia da roda.
Centrados no eixo de nós mesmos, as instabilidades deixam de existir e ter sentido ou espaço. Estando equilibrados em nosso eixo, a roda segue girando em meio aos desafios da vida, mas sem os altos e baixos que existem quando estamos desconectados do nosso auto conhecimento e dos nossos valores conscienciais.
Só a prática da meditação pode nos levar para esta valiosa conquista. Usando a técnica meditativa mais adequada ao nosso tipo de ser e momento evolutivo, percebermos a ansiedade e nos recolhermos em silêncio para o nosso centramento.
Por Conceição Trucom
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