segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Abandonando a dependência


Todos nós nascemos dependentes e, enquanto crianças, dependemos dos pais para quase tudo, mas por que alguns adultos mantêm a dependência em algum grau de sua vida? Se analisar sua vida em todas as áreas será que encontrará algum tipo de dependência?

A dependência seja física e/ou emocional pode trazer muitos danos tanto ao corpo como para a mente e nem sempre nos damos conta da extensão de suas conseqüências. Por que em algumas situações nos sentimos tão frágeis e carentes que não conseguimos encontrar com facilidade nossa própria maneira de viver?

É imprescindível compreendermos e termos consciência de nosso valor pessoal para assumirmos a responsabilidade pelo próprio caminho. Sim, para muitos a responsabilidade pela própria vida é assustadora. Muitas pessoas acreditam que são responsáveis porque trabalham, acordam cedo, como a maioria dos mortais, mas se esquecem que a vida não se resume a apenas isso.

Quem cuida de suas roupas? E de sua alimentação ao chegar em casa? Quem mantém sua casa limpa, administra o que e quando deve ser feito? E o supermercado, quem compra seu sabonete, o papel higiênico, o sabão em pó para lavar suas roupas? Quem paga a conta de luz, água?

Muitas vezes algumas pessoas pensam que o fato de trabalharem e terem alguém que limpe suas casas é o suficiente. Esquecem-se de quantas coisas é preciso para manter uma casa organizada e uma vida independente. Parece que acreditam que a roupa fica lavada e passada e vai até o guarda-roupa, sozinha. Alguns ainda respondem que quem lava é a máquina de lavar, sim, mas quem coloca essa roupa na máquina, quem foi comprar o sabão para lavá-la? Quem a pendurou no varal ou colocou na secadora para que secasse? Pensam que a cama toda manhã se arruma por si só. Alguns acreditam que pai, mãe, esposa, ou quem quer que seja, tem a obrigação de fazer isso.

Temos sim, cada um a obrigação de cuidar daquilo que nos diz respeito e ponto. Se alguém faz algo para nós ou se fazemos para alguém, é feito como um gesto de carinho e o mínimo que se espera é que ao menos isso seja reconhecido. Quando tudo se encontra arrumado, organizado, é fácil acreditar que tudo foi feito num passe de mágica, ignorando quem fez e o tempo e carinho dedicado. Claro que tudo isso depende muito das necessidades de cada um e da maneira com que cresceu. Quem nunca precisou fazer nada por si mesmo, encontrando tudo pronto, por pais que queriam acima de tudo suprir todas suas necessidades, com certeza encontrará muita dificuldade em tornar-se independente.

Não me refiro também àquelas pessoas que fazem de tudo para os outros, as eternas boazinhas, sempre dispostas a ajudar, mas que, na verdade, também são dependentes, da aprovação e reconhecimento. Fazem de tudo para agradar, sempre com o intuito de ajudar alguém. O que não percebem é que estão presas num círculo vicioso. Deseja conquistar amigos, a família, os filhos, o chefe, os colegas de trabalho, o companheiro(a), para que assim possa acreditar em seu próprio valor enquanto pessoa, pois do contrário se sentem inseguras. Por que não simplesmente ser sem ficar tão preso ao ter?

Sermos nós mesmos é tomar decisões, ainda que possamos correr riscos, mas quem disse que a vida é um eterno acerto? Tomar decisões não para agradar aos outros, mas porque estamos usando, consciente e responsavelmente, nossa capacidade de ser, sentir, pensar e agir.

Sermos nós mesmos é eliminar a dependência que nos impede de crescermos, sem medo de ficar só. Quantas pessoas não mantêm relacionamentos afetivos, ainda que destrutivos? Ou ainda, usam roupas de grifes não porque se sintam mais confortáveis, mas para obterem aprovação das outras pessoas? Não nos deixar influenciar pelo consumismo, pelas idéias alheias, não significa abandonar completamente as pessoas, mas somente a dependência, muitas vezes doentia, dessas mesmas pessoas. Por que não ter a coragem de romper com as amarras internas e externas que impedem a conquista da liberdade?

Essa liberdade exige esforços, coragem, ousadia, sem nos permitirmos mais permanecer em situações ou relações que apenas nos manipulam e nos fazem sofrer. Por estarmos tão acostumados a voltarmos nossos olhos para fora pode ser difícil olharmos para dentro de nós e percebermos a riqueza de nosso mundo interior. A realização interior tão almejada está relacionada com o conhecimento de nós mesmos, e dificilmente é possível conseguir olhar para dentro enquanto houver a dependência no externo. E a pior dependência ainda é a busca pelo reconhecimento e aprovação, seja de quem for.

Todo ser humano precisa de reconhecimento pelo que faz, mas há uma diferença enorme entre querer esse reconhecimento de uma maneira sadia e depender do reconhecimento exterior por sentir-se incapaz de reconhecer por si mesmo. Não lhe compete mudar o mundo, mas com certeza poderá mudar o que quiser dentro de si mesmo e de sua própria vida.
Para abandonar a dependência é necessário identificar em que áreas de sua vida ela se faz presente. Isso requer alguns minutos de reflexão:

Por Rosemeire Zago

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