sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Respeite seus limites de crescimento


Respeite seus limites de crescimento, disse um treinador de cavalos para minha filha – então com seis anos - quando ela reclamou que queria ter as pernas mais compridas para poder colocar os pés nos estribos como os adultos. Esta frase sempre me volta à mente quando sinto a mesma ansiedade de querer estar pronta de imediato para situações que ainda não estão maduras.

Afinal, o que nos faz ter tanta pressa se a vida está sempre em movimento? Creio que são nossos próprios preconceitos sobre como as coisas já deveriam estar acontecendo para sermos quem realmente gostaríamos de ser... Estamos correndo atrás de nós mesmos!


Como resultado de uma somatória de pequenas e grandes expectativas, acabamos por idealizar o futuro sem nos darmos conta de que estamos nos distanciando da realidade.


É verdade que se o futuro não for um lugar onde tudo é possível, talvez não tenhamos inspiração suficiente para transformar o momento presente, mas, se não soubermos nos encantar com a realidade imediata, nossa vida se parecerá mais com um mar de promessas do que com uma oportunidade de realização interior.


Sonhar é bom, mas viver tem que ser melhor. A realidade imediata é a única coisa que temos em nossas mãos! Mas se o futuro almejado estiver demasiadamente distante das condições de nosso momento presente, é possível que sejamos tomados pelo desânimo, uma vez que não nos sentimos mobilizados por nosso cotidiano.


Desanimados, acabamos nos pondo para baixo quando não nos sentimos prontos para os desafios que acabam de chegar! Em geral, nos sentimos tensos quando somos pressionados pela expectativa dos acontecimentos, e nos criticamos quando queremos viver de acordo com os resultados esperados ao invés de lidar com a situação tal qual ela se apresenta. Todos os eu devo ressoam em nosso interior, impedindo-nos de nos sintonizarmos com nosso ritmo interno.


Neste momento, temos que nos distanciar, mesmo que por alguns instantes, de nossos julgamentos e daquilo que nos pressiona para aceitarmos nossos reais sentimentos e necessidades, seja frente aos outros, seja em relação a nós mesmos. Caso contrário, podemos criticar a falta de consideração alheia e esquecer de nos incluir diante do desentendido: ninguém poderá atender as nossas necessidades se nós mesmos não formos capazes de identificá-las!


Quando não incluímos nossos limites, desconsideramos os sentimentos de acolhimento e pertencimento tão importantes para nos sentirmos inteiros nas situações. Quando queremos mais do que de fato podemos ter ou fazer, logo somos expelidos daquela realidade maior do que o espaço que somos capazes de ocupar. É como querer correr com calçados dois números maiores que o de nossos pés: logo mais vamos tropeçar e cair...


Quando levamos em conta nossas faltas e necessidades começamos a relaxar, pois como não precisamos mais nos esticar, cabemos confortavelmente em nós mesmos. Desta forma, superamos o hábito de nos compararmos com os outros, com quem fomos no passado ou até mesmo com a imagem que idealizamos ter no futuro.


Como é bom poder sentir que estamos de acordo com nosso próprio tamanho! Finalmente, podemos nos sentir completos, como diz o velho ditado: ser pequeno mas ser inteiro é ser grande!


Por Bel Cesar


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