sábado, 25 de julho de 2009

Tolerância

Tolérance n'est pas quittance, que poderíamos traduzir por: ”Tolerância não é liberdade total...”.

Numa pequena cidade do interior, um deficiente físico, sem pernas, perambulava pela cidade com auxílio das duas mãos e o apoio do tronco. Durante anos, no seu trajeto, era debochado por um homem que dizia: -Vai gastar o ... Um dia ele perdeu a paciência e matou o homem importunador. Na justiça, o aleijado foi duramente atacado, e tido como assassino cruel. O advogado, ao iniciar a defesa, falou durante dez minutos elogiando a qualidade de cada membro do júri, até que o juiz interrompeu: -Se o senhor não iniciar a defesa, não permitirei que prossiga. Sabiamente, o advogado respondeu: - Meritíssimo, se o senhor não aguentou dez minutos de elogios, imagine a situação do réu que suportou anos de insultos....Nestes casos, pode valer o provérbio: “Não seja intolerante a menos que você se confronte com a intolerância.”

Tolerância é o respeito, a aceitação e o apreço da riqueza e da diversidade das culturas de nosso mundo, de nossos modos de expressão e de nossas maneiras de exprimir nossa qualidade de seres humanos. É favorecida pelo conhecimento, da abertura de espírito, da comunicação e da liberdade de pensamento, de consciência e de crença. A tolerância é a harmonia na diferença. A tolerância é uma virtude que torna a paz possível e contribui para substituir uma cultura de guerra por uma cultura de paz.

A tolerância é o sustentáculo dos direitos humanos. Implica a rejeição do dogmatismo (dogmatismo é toda doutrina que afirma a capacidade do homem de atingir a verdade absoluta e indiscutível) e do absolutismo (é uma teoria política que defende que uma pessoa (em geral, um monarca) deve deter um poder absoluto,) e fortalece as normas relativas aos direitos humanos.

Tudo que é “perfeito” tem limites impostos pelo seu próprio ser ou estado de “perfeição”: um ser que manifeste as suas qualidades não o pode fazer sempre em todos os aspectos, isto é limite e não incompetência.

O homem é um ser social e possui uma individualidade. Não é perfeito, e portanto, sob diversos aspectos, limitado. Precisa viver consigo mesmo e com os outros, porém, as leis pessoais não são as mesmas que as sociais. Pelo valor que é a individualidade, alguns homens são melhores em certos aspectos; outros, em outros, e assim a sociedade se completa e a vida social é possível. Assim somos nós, com nossa individualidade, nos completamos.

Mas a moeda tem outra face e o fato das pessoas diferirem em tantos aspectos pode gerar atritos de valores. Os limites das pessoas também são diferentes. Neste ponto começa o limite entre o pessoal e o social.

Existem situações que podem ser ignoradas, passíveis de serem aceitas, em prol da sociedade, do bem comum. Mas o limite não é fixo, pode variar muito: toleramos algo numa manhã, mas se o mesmo assunto for apresentado à noite..., passa dos limites. Quereríamos que este limite fosse mais elástico, e de certo modo o é. O limite da tolerância tem por um lado à manutenção da individualidade e por outro a inclusão do individual no social. Se isto não ocorrer, alguns perdem sua individualidade e outros são excluídos e preferem se isolar do convívio social.

Nossas limitações são patentes. Não somos o que queremos, não fazemos tudo que sonhamos, não temos o dom de estar onde desejamos. Dentro destes limites é que nos movemos.

Conhecer os limites pessoais e os dos outros – pois somos seres que não se repetem – é uma tarefa que dura toda a vida. O limite também não é estático, as pessoas mudam. Logo, o sistema de comunicação entre as pessoas é algo dinâmico e tem suas “leis” próprias, que cabe a cada um descobrir em cada momento. Em vez de gastar tempo reclamando, que não existe comunicação, poderemos empregá-lo, verificando como estabelecer esta relação, com muito respeito.

Portanto, vamos promover a paz. Escutar mais uns aos outros, observar e respeitar, lembrem-se: o direito de um acaba quando o do outro inicia. A Oração de São Francisco é um grande ensinamento, mas não basta lê-la apenas, devemos praticar em nosso dia-a-dia e para com nossos próximo.

Temos tudo para sermos felizes e harmoniosos, aproveitemos a chance que Deus nos dá, a verdadeira felicidade bate à nossa porta uma única vez e precisamos reconhecer quando ela chega, sermos merecedores para então ela se fazer morada em nossas vidas, dentro do coração de cada um e poder germinar, florescendo nosso caminho.

Lembrem que a semeadura é opcional, porem a colheita é e sempre será obrigatória.


Namastê.

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