segunda-feira, 25 de abril de 2011

Respeitar o seu momento


Nem todos os momentos são de ação. Em muitas horas é adequado ficar parado, deixando a vida passar, observando as pessoas e os resultados naturais para as coisas que estão acontecendo. Nem sempre teremos razão, e nem sempre precisamos agir. O que existe de mal em deixar a bola pingando, ou reinar o silêncio numa discussão?

Se você não tem o que falar não diga nada. Deixe rolar. Pois dar resposta porque tem que falar alguma coisa é um peso e ainda tem a chance de dar tudo mais errado.

Conheço Augusto há anos. Engenheiro com uma carreira respeitável, uma linda família e muito esforço para conseguir suas conquistas. Sei também o quanto esse homem é correto, pois já tivemos ao longo dos anos oportunidade de trabalhar juntos sua questão mediúnica e espiritual. E seus conflitos sempre foram de ordem filosófica, já que ele trabalhando com executivos muito competitivos sempre sofreu no ambiente empresarial.

Descobrimos juntos que ele foi guerreiro em muitas vidas e que nesta existência estava justamente na área de construção civil como um resgate de suas ações no passado. Aliás devo fazer um pequeno parêntese aqui para chamar a atenção do amigo leitor para um passado comum a todos nós. Você já reparou quantas guerras o nosso planeta já fez?

Quando o foco da compreensão é limpar as arestas deixadas em vidas passadas, parece mesmo natural a necessidade que temos de reencontrar pessoas, refazer caminhos, arrumar nossas escolhas. E meu amigo Augusto é uma pessoa com real vontade de acertar, o que não o isenta de sofrimentos e questionamentos.

Normalmente, quando me procura ele está enfrentando algum dilema. E dessa vez, não foi diferente. Ele estava se perguntando porque seu coração estava ficando duro. Não sentia vontade de dar esmolas, não estava mais com paciência de ouvir as lamentações das pessoas, e se sentia cansado de ser cordial num ambiente cheio de complicações com colegas e com a empresa que cada vez fazia mais cobranças.

As imagens do inconsciente mostraram pesadas cenas de derrota e uma história triste de impotência frente a desajustes familiares, quando ele era um fazendeiro e cuidava de tudo para sua família. Morreu se sentindo sozinho e sem forças, porém, teve uma vida honesta e com momentos de verdadeira felicidade. Porque, então, estava tão triste?

Augusto voltou da sessão com o semblante mais leve, dizendo que entendia tudo e foi explicando: Sabe, Maria Silvia, acho que tenho que dar um tempo e me respeitar. Estou querendo ser como o cara da vida passada, o senhor perfeito, e não sou perfeito. Às vezes, estou com raiva, ou triste, querendo ficar sozinho, mas não me respeito. Estou o tempo todo cuidando dos outros e tentando agradar às pessoas. Por isso o estresse toma conta. Acho que vou sair daqui mais leve, mas sei que preciso fazer alguns ajustes.

Tenho certeza que quando Augusto ficar mais calmo e descansado, a sua vida voltará a fazer sentido e ele encontrará novamente vontade de se harmonizar com as pessoas à sua volta; no momento, porém, é bom mesmo dar um tempo. Assim ele não colocará os pés pelas mãos, e não perderá sua preciosa energia explicando demais, conversando demais, tentando acertar a qualquer custo. O silêncio pode curar inúmeras situações.

Por Maria Silvia Orlovas


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