sexta-feira, 25 de junho de 2010

O significado de Namastê





Quando alguém chega à "CEU" pela primeira vez e é saudado com namaste, sente que a sonoridade acolhedora da saudação transcende à sua compreensão.
Muitos chegam a arriscar um "adamastê" ou algo parecido. Outros hesitam em juntar as mãos na altura do peito e fazer um meneio de cabeça. Mas o que vem a ser namaste?

Originado do sânscrito, namaste é um mantra, um gesto e sobretudo uma atitude interna que transpõe o indivíduo à divindade do outro, evocando reverência e quietude. É o reconhecimento de almas, uma forma singela de meditação, uma vibração que se exterioriza quando existe intenção de paz e harmonia. "O postulado celeste inclui namaste em sua ritualística como símbolo de submissão à Lei Divina.Para comungarmos da força de um ritual é preciso subjugar nossa personalidade e lançar por terra a descrença, o desdém e a indisciplina", explica Kabir da Pérsia, Sumo Sacerdote da "CEU".

Na Índia namaste ou namaskar é uma saudação ao homem interno e denota aceitação, disponibilidade e amor. Para os indianos, a palavra sagrada significa ‘Deus em mim saúda Deus em ti’. Já no Nepal, este significado recebe uma interpretação parecida: ‘Eu te reverencio porque em ti habita todo o universo, porque tu és amor, verdade, luz e paz. Quando tu estás dentro de ti e eu dentro de mim, somos a Unidade’.

O gesto namaste é feito unindo-se as palmas de ambas as mãos na altura do chakra cardíaco e inclinando levemente a cabeça. Pode ser feito também unindo-se as palmas das mãos na altura do chakra frontal, inclinando levemente a cabeça e descendo as mãos até o cardíaco. No Ocidente, o gesto é geralmente acompanhado da palavra.



No Oriente, o gesto fala por si mesmo. Em seu livro ‘Descumprimentos de promessas e juramentos’, Ubirair do Nascimento, Patriarca Xazyr I da IEVE (Irmandade Espiritualista Verdade Eterna), diz que no "gesto de ficar com as mãos postas, entre elas fica um espaço que é preenchido pelas energias palmares".

Um gesto simples como namaste pode transmitir um sentido de acolhida, paz, tranqüilidade, respeito e unidade. O gesto conduz o ser humano à reflexão de que é preciso agir e viver tendo sempre como ponto de partida o coração, morada da divindade. Por tudo isso, da próxima vez que ouvir ou proferir essa palavra, faça com todo amor e respeito. Namaste.



Publicado originalmente no Mensageiro Celeste n.º 4, edição de setembro de 2003.




As 10 Estratégias de Manipulação pela Mídia - CHOMSKY




AS 10 ESTRATÉGIAS DE MANIPULAÇÃO MIDIÁTICA


O lingüista estadunidense Noam Chomsky elaborou a lista das “10 estratégias de manipulação” através da mídia:


1- A ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes.

A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à granja como os outros animais (citação do texto 'Armas silenciosas para guerras tranqüilas')”.


2- CRIAR PROBLEMAS, DEPOIS OFERECER SOLUÇÕES.
Este método também é chamado “problema-reação-solução”. Cria-se um problema, uma “situação” prevista para causar certa reação no público, a fim de que este seja o mandante das medidas que se deseja fazer aceitar. Por exemplo: deixar que se desenvolva ou se intensifique a violência urbana, ou organizar atentados sangrentos, a fim de que o público seja o mandante de leis de segurança e políticas em prejuízo da liberdade. Ou também: criar uma crise econômica para fazer aceitar como um mal necessário o retrocesso dos direitos sociais e o desmantelamento dos serviços públicos.


3- A ESTRATÉGIA DA GRADAÇÃO.
Para fazer com que se aceite uma medida inaceitável, basta aplicá-la gradativamente, a conta-gotas, por anos consecutivos. É dessa maneira que condições socioeconômicas radicalmente novas (neoliberalismo) foram impostas durante as décadas de 1980 e 1990: Estado mínimo, privatizações, precariedade, flexibilidade, desemprego em massa, salários que já não asseguram ingressos decentes, tantas mudanças que haveriam provocado uma revolução se tivessem sido aplicadas de uma só vez.


4- A ESTRATÉGIA DO DEFERIDO.

Outra maneira de se fazer aceitar uma decisão impopular é a de apresentá-la como sendo “dolorosa e necessária”, obtendo a aceitação pública, no momento, para uma aplicação futura. É mais fácil aceitar um sacrifício futuro do que um sacrifício imediato. Primeiro, porque o esforço não é empregado imediatamente. Em seguida, porque o público, a massa, tem sempre a tendência a esperar ingenuamente que “tudo irá melhorar amanhã” e que o sacrifício exigido poderá ser evitado. Isto dá mais tempo ao público para acostumar-se com a idéia de mudança e de aceitá-la com resignação quando chegue o momento.


5- DIRIGIR-SE AO PÚBLICO COMO CRIANÇAS DE BAIXA IDADE.
A maioria da publicidade dirigida ao grande público utiliza discurso, argumentos, personagens e entonação particularmente infantis, muitas vezes próximos à debilidade, como se o espectador fosse um menino de baixa idade ou um deficiente mental. Quanto mais se intente buscar enganar ao espectador, mais se tende a adotar um tom infantilizante. Por quê?
“Se você se dirige a uma pessoa como se ela tivesse a idade de 12 anos ou menos, então, em razão da sugestionabilidade, ela tenderá, com certa probabilidade, a uma resposta ou reação também desprovida de um sentido crítico como a de uma pessoa de 12 anos ou menos de idade (ver “Armas silenciosas para guerras tranqüilas”)”.


6- UTILIZAR O ASPECTO EMOCIONAL MUITO MAIS DO QUE A REFLEXÃO.
Fazer uso do aspecto emocional é uma técnica clássica para causar um curto circuito na análise racional, e por fim ao sentido critico dos indivíduos. Além do mais, a utilização do registro emocional permite abrir a porta de acesso ao inconsciente para implantar ou enxertar idéias, desejos, medos e temores, compulsões, ou induzir comportamentos…

7- MANTER O PÚBLICO NA IGNORÂNCIA E NA MEDIOCRIDADE.
Fazer com que o público seja incapaz de compreender as tecnologias e os métodos utilizados para seu controle e sua escravidão. “A qualidade da educação dada as classes sociais inferiores deve ser a mais pobre e medíocre possível, de forma que a distância da ignorância que paira entre as classes inferiores às classes sociais superiores seja e permaneça impossíveis para o alcance das classes inferiores (ver ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.


8- ESTIMULAR O PÚBLICO A SER COMPLACENTE NA MEDIOCRIDADE.
Promover ao público a achar que é moda o fato de ser estúpido, vulgar e inculto…


9- REFORÇAR A REVOLTA PELA AUTOCULPABILIDADE.
Fazer o indivíduo acreditar que é somente ele o culpado pela sua própria desgraça, por causa da insuficiência de sua inteligência, de suas capacidades, ou de seus esforços. Assim, ao invés de rebelar-se contra o sistema, o individuo se autodesvalida e culpa-se, o que gera um estado depressivo do qual um dos seus efeitos é a inibição da sua ação. E, sem ação, não há revolução!


10- CONHECER MELHOR OS INDIVÍDUOS DO QUE ELES MESMOS SE CONHECEM.
No transcorrer dos últimos 50 anos, os avanços acelerados da ciência têm gerado crescente brecha entre os conhecimentos do público e aquelas possuídas e utilizadas pelas elites dominantes. Graças à biologia, à neurobiologia e à psicologia aplicada, o “sistema” tem desfrutado de um conhecimento avançado do ser humano, tanto de forma física como psicologicamente. O sistema tem conseguido conhecer melhor o indivíduo comum do que ele mesmo conhece a si mesmo. Isto significa que, na maioria dos casos, o sistema exerce um controle maior e um grande poder sobre os indivíduos do que os indivíduos a si mesmos.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Parar de evitar a si mesmo

Em geral, evitamos olhar de frente para os conflitos, sejam eles dentro ou fora de nós. Vamos protelando os fatos desagradáveis da vida com a esperança de que eles mudem com o tempo. Alguns se resolvem por si mesmos: outros, no entanto, quando vêm à tona, são verdadeiras explosões.

Tendencialmente, preferimos nos acomodar. Evitamos o confronto tanto externo como interno. No entanto, é ao admitir nossas falhas e fraquezas que começamos a cultivar uma boa estima, a confiança em nossa capacidade de refletir e de enfrentar os desafios básicos da vida. Na medida em que evitamos a nós mesmos nos tornamos vítimas passivas dos infortúnios da vida. Isto é, deixamos de contestar o que vemos e sabemos a respeito de nós mesmos. Quando recusamos a nós mesmos, perdemos a oportunidade de transformação.

Olhar de frente requer aceitação, um antídoto direto da tendência de evitar o que nos incomoda.

Aceitar nossas falhas é uma atitude que desperta o autocomprometimento. Quanto mais aceitamos o que ocorre em nosso interior, mais perto estamos de nós mesmos e assim, podemos nos tornar agentes ativos em nosso desenvolvimento interior.

Aceitar é um modo de parar de lutar contra nós mesmos e de adquirir autorespeito. Quando aceitamos nossas falhas deixamos de sentir vergonha de nós mesmos. Nos tornamos testemunhas de nosso próprio processo de sofrimento. Aqui ocorre a verdadeira mudança: uma vez que não temos mais porque evitar a consciência de nossas falhas, torna-se mais difícil deixar de admiti-las! Uma vez tão próximos de nossa verdade interna, surge o desejo autêntico de fazer algo melhor por nós mesmos.

A esta altura, o desejo de mudar não está mais sustentado pelo desconforto de ser quem somos, mas sim pela vontade de nos oferecermos melhores condições!

A partir do momento em que aceitamos nossas falhas, elas deixam de ser fardos que temos que carregar inevitavelmente. Há um novo acordo interno. A autoresponsabilidade faz com que nos sintamos dignos de nós mesmos.

Quando nos decepcionamos, sentimos raiva de nós mesmos. Nestes momentos, aceitar nossas falhas poderia parecer concordar com nosso mal estar. Mas, não é isto... aceitar nossas falhas não quer dizer dar a mão à palmatória! É, sim, um ato de autocompaixão.

A ação compassiva baseia-se principalmente em não lutar contra, mas com. A medida em que deixamos de atuar contra nós, mas com nós mesmos, desenvolvemos a autocompaixão.

O budismo nos inspira a sermos guiados pela sabedoria da compaixão. Yongey Rinpoche escreve em Alegria de Viver (Ed.Campus): Quanto mais claramente vemos as coisas como são, mais dispostos e capazes nos tornamos de abrir nossos corações a outros seres.... Ao aprender ver de onde a outra pessoa está vindo, qual é sua real condição, teremos menos chances de nos envolver num conflito, pois a clareza de saber distinguir as nossas limitações das limitações criadas pela outra pessoa irá nos proteger de não continuar agindo unilateralmente.

Neste sentido, ver com clareza gera energia, disposição para enfrentar o que em geral evitamos. Se aplicarmos a frase Ao aprender ver de onde a outra pessoa está vindo a nós mesmos, estaremos tendo uma atitude de autocompaixão. Admitir nossa real condição torna-se um modo de não gerarmos mais conflitos para nós mesmos, pois a clareza de saber distinguir as nossas limitações das limitações criadas por nosso hábito de evitar o confronto irá nos proteger de não continuar implicando com nós mesmos.

Quando passamos a acolher nossas falhas, nossa mente sossega, pois não precisamos mais escapar ou resistir. Aliás, para quem busca despertar a coragem de encarar a si mesmo, há uma frase poderosa a ser dita para antes de dormir: Universo me revele a verdade.

Por Bel Cesar

sábado, 19 de junho de 2010

O pior inimigo: a auto-sabotagem!

Quando estamos bem, quando tudo está correndo como o planejado entra em cena a AUTO-SABOTAGEM, a traição começa dentro de nós mesmos!

O grande inimigo a vencer não se encontra lá fora e sim dentro de cada um de nós e age no silêncio do dia-a-dia, escondido entre os nossos medos, anseios e dificuldades.

Dificilmente percebemos que nos auto-sabotamos. Por que isso ocorre? O que acontece quando estamos muito bem e as pessoas do nosso circulo não estão bem?

Na maior parte do tempo nos sentimos culpados!Sentimos que não somos merecedores. Muitas vezes não bastam os obstáculos naturais que a vida e as situações nos colocam, somos mestres na arte de encontrar dificuldades, criar obstáculos e complicar tudo o que puder ser facilitado.

Todos nós queremos as mesmas coisas, que é a realização, o sucesso e a felicidade em todos os aspectos.

Dentro de nós existem muito mais medos e receios do que podemos imaginar. Apesar de querermos a felicidade usamos mecanismos de auto-sabotagem, sem perceber, colocando muitas barreiras e empecilhos que acabam por nos impedir de atingir nossos objetivos.

Na maioria das vezes, é muito difícil entender que as dificuldades que encontramos no caminho estão saindo exatamente da mesma fonte, ou seja, da nossa cabeça, da nossa maneira de pensar e de agir. Mentimos para nós mesmos! Nos enganamos e usamos muitos disfarces e desculpas.

Cada vez que duvidamos da nossa capacidade em superar obstáculos, cultivamos um sentimento de covardia interior, que bloqueia nossas emoções e nos paralisa.

Muitas vezes não queremos pensar no que estamos sentindo já que temos dificuldade para lidar com os nossos sentimentos sem julgá-los. Enfrentar nossos sentimentos requer de nós sinceridade e compaixão. Caímos em armadilhas criadas por nós mesmos.

A auto-sabotagem tem muitas origens e também muitas formas de se manifestar. Para saber como fazemos isso devemos começar respondendo a seguinte pergunta: "O que eu sei de mim mesmo que preferia não saber?". A resposta deve gerar em nós um autoconhecimento, é através dele que começamos a desarmar o mecanismo de auto-sabotagem.

Quando percebemos o mecanismo que estamos acionando, quando começamos a identificar dentro de nós mesmos as razões para nossos fracassos, já estamos com meio caminho andado. O primeiro passo, e que geralmente acontece dentro de um processo de psicoterapia, é rever as próprias atitudes, deixar claro para si mesmo o que se quer da vida e o que se está fazendo para chegar lá. Muitas vezes, aquilo que se quer está claro, mas os métodos que estamos usando para chegar lá estão levando a caminhos totalmente opostos, e exatamente aí pode estar acontecendo a auto-sabotagem.

Nós nos auto-sabotamos quando saímos do nosso propósito de vida. Somente pelo processo de autoconhecimento, bem como o conhecimento real dos nossos objetivos, anseios e metas, onde queremos chegar e quais os caminhos e métodos que iremos escolher para alcançar, é que podemos entender se estamos ou não nos sabotando. E, se estamos fazendo isso, porque estamos tendo essa atitude, porque estamos sendo inimigos dos nossos próprios sonhos e desejos.

Muitas vezes o medo da mudança é maior do que a força para mudar, pense nisso!


Katia Cristina Horpaczky é psicóloga formada pela F.M.U - Faculdades Metropolitanas Unidas. Terapeuta com especialização em crianças e adolescentes pelo Violet Oaklander Institute. Practitioner em N.L.P pelo Southern Institute of N.L.P e pela Society of Neuro Linguistic Programming. Formação holística especialização em sexualidade humana. Experiência em recursos humanos e desenvolvimento de workshops, palestras e cursos.

A diferença entre cobrar e receber amor




Todos nós conhecemos a necessidade de amar e ser amado. No entanto, quando esta necessidade se torna carência, há algo extra a ser alertado: estamos vulneráveis e desequilibrados.

A origem da carência afetiva encontra-se em nossa dificuldade para receber amor. É como estar com fome e não ter estômago para digerir. Mas, como será que nosso estômago afetivo tornou-se tão pequeno? Fomos nos alimentando cada vez menos, à medida em que o alimento emocional tornou-se escasso ou invasivo.

Em outras palavras, fomos instintivamente diminuindo nosso estado de receptividade ao associar a experiência de receber amor a vivências de insuficiência, abandono ou de um controle excessivo. Se nos sentimos manipulados ao receber alimentos, presentes, elogios, carícias e incentivos, associamos a idéia de receber com o dever de retribuir algo além de nossa capacidade ou vontade pessoal. Quem não se lembra de ter escutado advertências como: Agora você já deve se comportar como um menino grande ou Se você comer todo jantar, pode comer a sobremesa....

Estas frases parecem inocentes, mas revelam os condicionamentos pelos quais passamos a aprender que receber modula nosso modo de ser.

Filhos de pais intrometidos e controladores desde cedo aprendem a conter seus desejos, pois sabem que ao revelarem suas intenções acabarão tendo que abandonar seus planos para realizar as vontades de seus pais. Para garantir fidelidade frente aos seus desejos e gostos, diferentes de seus pais e orientadores, acabam se contraindo cada vez mais - por um instinto de autopreservação, necessário no processo de autoconhecimento e autoconfiança, distanciam-se de seus pais para conhecer a si mesmos.


Desta forma, com a intenção de nos proteger do excesso ou da falta de atenção diante de nossas necessidades de amarmos e sermos amados, fomos nos fechando, isto é, formando camadas protetoras contra os ataques diante à nossa vulnerabilidade. Este processo sutil e delicado tem um efeito bastante grave:
ao estar mais atento no que estou recebendo do que no que desejo, acabo aprendendo a dar mais atenção ao mundo exterior que às minhas reais necessidades.

A necessidade de ser amado faz parte de nosso instinto de sobrevivência, portanto é algo natural, enquanto seres que vivem em sociedade. Mas em nossa sociedade materialista onde autonomia é sinônimo de maturidade, muitas vezes esta necessidade é vista como um sinal de imaturidade ou infantilidade. Vamos esclarecer este preconceito: amar só se torna infantil quando se torna uma exigência unilateral: quando queremos apenas ser amados.

Estranhamente, quando quero algo do outro, deixo de perceber a mim mesmo. Quando
preciso do outro, passo a controlá-lo. Então, ao invés de expressar o meu amor, passo a cobrar por atenção. No lugar de dizer que amo, digo o que falta no outro para me sentir amada.


Quantas discussões entre casais, pais e filhos estão baseadas nesta troca de intenções!


Vamos exemplificar melhor este drama. Quando o parceiro se distancia, por razões alheias à sua parceira, ela se sente abandonada. Então, no lugar de dizer: Quero estar mais próxima de você, ela diz: Você está distante!. Este seu modo de alertar o outro de sua carência é defensivo. Ela não está sendo aberta, nem transparente, pois detrás de sua reclamação há um desejo de controlá-lo, para que ele seja do modo como ela quer. Ele, sentindo-se pressionado, perde a espontaneidade e afasta-se cada vez mais. Ela sentindo-se carente, se torna refém da atenção dele!


Quando nos tornamos refém do comportamento alheio, deixamos de estar conectados ao nosso sentimento de amar e esperamos apenas ser amados. Em outras palavras, deixo de perceber o que estou sentindo em relação a ele e apenas me atenho ao que ele está demonstrando sentir em relação a mim. A expressão do afeto se contrai sob a pressão e gradualmente ambos perdem a espontaneidade.


Há uma diferença entre expressar claramente o que se quer e cobrar indiretamente o que se necessita. No momento em que simplesmente expresso meu desejo, desobrigo o outro de atuar. Assim, ele já não se sente mais pressionado a mudar e torna-se naturalmente disposto a retomar a relação.

Ao perceber nossas verdadeiras necessidades, desejos e intenções, liberamos o outro da carga de adivinhar o que secreta e indiretamente desejamos. Deixamos de imaginar o que precisamos e passamos a sentir nossas reais necessidades.

Este processo exige auto-observação. Muitas vezes, dar-se conta de algo que nos falta dói mais do que imaginávamos. Perceber nosso bloqueio em saber receber pode ser uma surpresa maior do que pensávamos. Mas, a cada momento que percebo uma limitação interior tenho a chance de mudar. Como?

Começando por admitir que receber é bom. Não é uma ameaça. Só a experiência pode nos afirmar o que queremos ou não. Precisamos aprender a sermos sinceros com nossas necessidades frente aos desejos alheios. Isso ocorre quando nosso sim é um sim verdadeiro.

Não precisamos deixar de ser quem somos ao receber algo intencional de outra pessoa. Não precisamos usar máscaras sociais comportando-nos como é esperado de nós. Nem nos sentirmos insuficientes e inadequados se não estivermos em condições de retribuir. Podemos ser autênticos!


Nos sentimos amados quando o outro nos aceita tal como somos. Portanto, dar amor é abrir-se para receber o amor que o outro tem para lhe dar. Dar um espaço de si para acolher o outro em seu interior.


Por Bel Cesar





domingo, 13 de junho de 2010

Madrugada sem nome


Passeando pela internet deparei-me com esse belíssimo poema de Carlos Barão de Campos, talvez desconhecido para muitos o que é uma pena, portanto, deleitem-se agora.


Podia apenas tratar-te por madrugada,

esquecer o teu verdadeiro nome,

deixar partir o sabor dos teus lábios,

perder o teu rosto, lentamente no horizonte...


Podia, apenas lembrar-me do teu anonimato,

dos teus olhos sem ontem nem amanhã,

dos gestos saturados e repetidos...


Podia, nesta crueldade faminta

de devorar as memórias,

inventar-te um nome, uma morada,

talvez uma vida...


Podia, consumir-me na imensidão dos sentidos,

fazer dos meus olhos o teu olhar,

dos meus lábios o teu beijar...


Podia tentar tudo num último momento,

inventar-te um coração e uma alma

para poderes amar...


Podia abraçar-te e acreditar que sentias,

podia gritar o teu nome na direcção da multidão,

podia procurar-te em todos os lugares,

podia lembrar-te numa última visão,

pensar-te apenas e soltar um som,

talvez um nome,


Madrugada...


by Barão de Campos