sábado, 21 de maio de 2011

Não se deixe limitar por agentes externos


Nossas limitações são sempre internas, porém, quando o Ego teme que ultrapassemos as barreiras que nos impõe, providencia mecanismos de defesa, ligando-nos a situações e pessoas, com os quais criamos algum tipo de vínculo negativo, com poder de nos aprisionar. Criamos uma complexa teia energética com tudo e todos, de forma muito intensa, tudo se ramifica e se estende, criamos uma trama "perfeita", na qual ficamos aprisionados.

Quando buscamos o autoconhecimento, percebemos alguns desses pontos de nossas teias e até conseguimos nos libertar um pouco e criar mudanças em nossa vida. Porém, chega um determinado momento em que não conseguimos ir além de certo limite e, por mais que nos esforcemos, não conseguimos e nos sentimos presos.

No processo de autoconhecimento, passamos a olhar muito para dentro de nós, mas acabamos desconsiderando condições externas que, apesar de serem ilusórias, "existem em potencial energético" e tem poder sobre nós. Nossas teias familiares (que não se atém somente à família de origem, mas também aos nossos antepassados), nos limitam intensamente, pois fizemos um acordo de nos mantermos aprisionados uns aos outros e aceitamos as limitações impostas, antes de encarnarmos dentro de nossa linhagem, eles nos cobram fidelidade.

As pequenas mudanças que efetuamos até então, só aconteceram porque não afetaram intensamente essa teia, tudo o que fazemos dentro da teia, ressoa por toda a trama e todos são afetados. Se nossos movimentos são benéficos aos demais, ninguém se opõe, porém, se são contrários aos acordos firmados (inconscientes) - ex: seremos todos fracassados, ninguém pode se sobressair, sendo bem sucedido, para não causar desconforto aos demais. Se alguém tentar burlar as regras, será "excluído" e rejeitado por todos -, e se resolvemos mudar e buscar o sucesso, que é nosso de direito, nossa vibração irá ressoar fortemente pela teia, trazendo mudanças ao contexto e todos se abalarão. Causamos um abalo "sísmico" e todos se inquietam e começam a reagir contrapondo-se aos nossos intentos de mudanças.

Nossas mudanças sempre causam benefícios a todos, por ressonância, mesmo com um grave abalo na teia, sempre existirá um ponto de cura para todos. Mas na sensação, tudo é doloroso, ninguém quer que as coisas mudem.

Assim, enquanto mudamos e vibramos essa mudança, os demais começam a se inquietar, a estrutura familiar começa a se modificar, mas eles ainda não conseguem definir o que está acontecendo e de onde vem o abalo. Alguma pessoa da nossa família, em especial (quer seja alguém bem próximo ou até mesmo distante ou falecido. Aqui vou citar um exemplo de alguém vivo e próximo, ou pode ser levado a uma situação dentro de um grupo), pode ser afetada e se alterar de forma mais "negativa", principalmente se tiver uma ligação ou afinidade mais intensa conosco e, por isso, ser o mais sensível às nossas mudanças, sentindo-se ameaçado por elas.

Essa pessoa poderá começar a se desesperar e se desequilibrar, tendo reações negativas, externando-as e afetando a todos. Na verdade, seu inconsciente está registrando nosso movimento e essa sua reação, sem que saiba, é como um grito de desespero, para despertar a todos, na intenção de fazer com que todos o ajudem a se contrapor ao nosso processo de mudança.

Obviamente, ninguém tem consciência desse movimento, mas toda a família começa a se desarmonizar, a se desentender, tudo parece ficar confuso e até mesmo caótico. Dentro deste desconforto geral, cada um, à sua maneira, tentará encontrar uma forma de reverter o quadro, para que tudo volte ao "normal", ao confortável estado de limitações e aprisionamento geral.

É aqui que vacilamos, pois pensávamos que já conhecíamos muito dessa dinâmica e que bastava olharmos para dentro de nós e encontrarmos formas de lidar com cada um, para que tudo fosse favorável a criarmos uma nova possibilidade de vida para nós. Mas algo muito pior aconteceu e estávamos desatentos e não percebemos o "caos" que estava ocorrendo em nossa família e fomos nós que o iniciamos e nos prejudicamos. A família estava tentando puxar todos os fios da teia, tentando fazer reparos desesperados.

Se estivermos conscientes de que um abalo nessas proporções poderá ocorrer, não seremos muito afetados, passaremos por dificuldades pela contraposição natural de todos, claro, mas poderemos fazer isso de forma suave, nos fortalecendo e encontrando soluções para cada situação. Mas se estamos desavisados e "felizes e contentes" apenas saboreando um bom momento de conquista em nosso processo de vida, somos pegos de surpresa quando, sem que possamos perceber e compreender, tudo parece ruir à nossa frente. Começamos a sentir que estamos "em queda", enquanto assistimos àquele, que se desesperou com nosso crescimento e se desequilibrou, "se elevar", diante de nós.

Somos tomados pela confusão e perplexidade, tudo é muito sutil para percebermos. Não conseguimos compreender nem mesmo os motivos de nossa queda, como vamos compreender a elevação do outro? Do desequilíbrio à elevação, do nada. Tínhamos percebido o desconforto dele diante de nossa pequena mudança, mas achávamos que ele não tinha mais nada a seu alcance para nos atingir, como fazia sempre, durante toda a nossa vida.

Foi aqui que nos perdemos, pois quando ele não tinha mais armas para nos derrubar, como sempre o fez, de forma tão fácil, baixamos guarda e ele, na tentativa de assumir o poder sobre nós, causou um grande movimento que desestruturou a família, para que ela, vendo-o tão desequilibrado e afetando a todos, buscasse fazer de tudo para dar a ele o poder que ele queria.

E assim a família o fez: entregou a ele aquilo que era nosso, aquele lugar, que há muito tempo buscamos e fomos construindo, degrau por degrau e, lá no topo, num patamar acima, construímos um lugar de "poder pessoal", onde tudo começou a ser possível, um lugar só nosso. Não tínhamos a intenção de afetar os demais, mas sabíamos que isso até os ajudaria, pelo exemplo, por ressonância. Esse lugar era nosso, de fato e de direito.

Na nossa "queda", percebemos que a família, à sua maneira, nos "convidou" a sair de nosso lugar, nos ameaçando de desaprovação e rejeição e, para que o desequilibrado pudesse se sentir melhor e no poder, nos obrigaram a abrir mão do que era nosso, deixando que o outro assumisse o lugar como sendo seu. A mensagem velada foi de punição, ou seja, se burlamos as regras e criamos mudanças, "causando mal" ao outro, devemos pagar por isso, oferecendo de bandeja para o outro, tudo aquilo que conquistamos com tanto esforço.

Apesar da nossa dor, precisamos aceitar os fatos e colher o aprendizado dentro disso. Desta forma, se construímos aquele lugar, com certeza poderemos construir outro, mas de forma mais cuidadosa e atenta, não de forma persecutória. Com isso, poderemos aproveitar para fazer um planejamento de mudanças nesse novo lugar a ser criado, pois perceberemos que o outro lugar tinha falhas. Com aceitação e nova atitude, criaremos um lugar que nos levará para mais além, sem causar danos aos demais, mas nos dando até mesmo forças para ajudarmos aos outros, caso se abalem, sem que nos impeçam de prosseguir e sem que nos tirem novamente do lugar que conquistarmos.

Por Teresa Cristina Pacotto



As interdições que atraímos



Temos a crença de que sempre sentiremos dor, independentemente do que viermos a escolher, sempre esperamos sentir dor; acreditamos que a verdade traz grande dor, pois ela nos remete às lembranças de experiências passadas, em que sofremos muito, por isso, criamos um mundo de ilusão, na tentativa de nos aliviarmos da dor. Sair da ilusão significa termos que enfrentar um mundo novo, o mundo da verdade, que é divina, mas não a vemos assim e acreditamos que este mundo baseado na "verdade real" está cheio de perigos, desafios e dificuldades extremas, com as quais não aprendemos a lidar e contra os quais ainda não criamos mecanismos de defesa, como já fizemos para viver no mundo da "verdade ilusória".

Assim, se e quando resolvemos despertar a consciência, conseguimos entrar em contato com a "verdade real" e descobrimos que não há nada de perigo no mundo à nossa volta e que todos os "perigos externos" são apenas projeções de nossas crenças negativas e de nossas necessidades internas, baseadas nas limitações de nosso Ego, que é o guardião de nossas memórias inconscientes.

Não há nada nem ninguém contra nós, nada pode nos acontecer de mal se formos apenas nós mesmos, se formos apenas a expressão de nossa divindade interior, que está aprisionada em um calabouço, vigiada pelos nossos inimigos internos - medo, covardia, raiva, desejo de vingança - comandados pelo poderoso e soberano Ego, para que não haja a mínima chance de nossa divindade ser libertada. Se resolvermos enfrentar nossos medos e crenças negativas, a despeito de qualquer dificuldade que venhamos a enfrentar, descobriremos que essas dificuldades são apenas condições externas que foram por nós projetadas e plasmadas, e tomaremos consciência de que todas as situações ou pessoas que "se levantam contra nós" quando damos alguns passos na direção do cumprimento de nosso propósito de vida, nada mais são que cúmplices de nossa ignorância interna, de nosso Ego e de todas as ilusões impressas em nosso inconsciente. Precisamos que alguém nos interdite, atrapalhe e aprisione, para que não tenhamos que enfrentar os riscos de viver de verdade.


Se meditarmos, sobre nossas reais dificuldades e de onde elas são provenientes, descobriremos que somos nós que não queremos avançar, porque tememos conquistar aquilo que tanto acreditamos querer. Tudo o que mais queremos, é também tudo o que mais tememos. Isto ocorre por conta das memórias que carregamos de vidas passadas, onde tivemos experiências similares em que não fomos bem sucedidos ou até mesmo nos prejudicamos muito.

Sempre que damos algum passo seguindo nosso coração, nos sentimos felizes, mas, ao mesmo tempo, sentimos também um medo se manifestando, sensações desagradáveis se sobrepõem a sensações de conforto e alegria. Um lado nosso se sente feliz e satisfeito por estarmos prosseguindo nos caminhos do coração, mas o outro lado nos faz sentir incômodo, inquietude, irritabilidade, ansiedade, medo. Ficamos confusos, pois não conseguimos compreender por que estamos nos sentindo mal, se estamos fazendo justamente o que queríamos.

Algumas vezes nem percebemos o desconforto, mas ele sempre está lá, pois nosso Ego, que está de sentinela e à espreita, colaborando de um lado e nos vigiando de outro - por medo de perder sua soberania -, se ele detecta qualquer possibilidade de que passemos por situações em que poderemos finalmente nos colocar num patamar acima em nossa evolução, imediatamente o sinal de alerta soa e logo vemos tudo se modificar, parar de fluir e até mesmo começar a ruir, ou seja, tudo estava fluindo, mas ao entrarmos em contato com circunstancias que nos remetem a lembranças negativas de vidas passadas, o alarme soa e imediatamente o Ego convoca a tropa de choque - medos e qualquer sentimento que nos interdite -, nos fazendo projetar nossos piores temores para o mundo externo e isso imediatamente ativa o lado oculto das pessoas com quem interagimos, fazendo com que elas reajam a nós e nos interditem ou nos prejudiquem da forma que for necessária naquele momento.

Nosso inconsciente entra em contato com o inconsciente do "inimigo" e pede a ele que faça algo contra nós, que nos tire do caminho perigoso que nosso coração está nos levando a trilhar. Desta forma o tal inimigo começa a nos lançar algum tipo de "míssil" - seja um olhar reprovador, uma palavra agressiva, um pensamento de raiva, uma vibração negativa, sua simples presença, ou qualquer outra forma que seja - com impacto inconsciente suficiente para nos interditar e nos tirar do "caminho perigoso".

Quando o inimigo nos afeta, imediatamente o Ego se levanta para atacar o inimigo. Dono da verdade, o Ego nos faz acreditar que de verdade a tal pessoa está nos fazendo mal. Claro que essa pessoa está interagindo negativamente conosco, mas é porque temos algum tipo de afinidade, e é por isso que nosso inconsciente conseguiu ativá-la solicitando-lhe o auxilio de nos impedir, o Ego escolhe justamente as pessoas que são mais próximas e com as quais temos mais conflitos, que são aquelas que reagem muito mais negativamente a nós e contra as quais temos uma contra-reação também negativa, para que o embate seja intenso, pois o Ego não pode falhar, caso contrário, o nosso coração vencerá, nos levando a um patamar mais alto. A cada patamar conquistado, estamos cada vez mais próximos de estarmos conectados com nossa realidade superior, nosso Eu Real, e isto é algo que o Ego fará de tudo para impedir.

Enquanto a mente atuar no poder, fazendo de tudo para impedir o coração de se manifestar, estaremos sempre criando e vivendo as mesmas experiências dolorosas. Precisamos urgentemente tomar consciência de que somos nós mesmos que nos interditamos e que isto continuará acontecendo enquanto não tivermos o firme propósito de nos conectarmos com nosso coração. Se esta tomada de consciência acontecer, a cada investida de um "inimigo" a nos interditar, poderemos simplesmente mandar-lhe uma mensagem mentalmente, mas com nosso coração, que será tanto para ele quanto para nós: sei que você só está se levantando contra mim porque fui eu mesmo que pedi para você me interditar; tenho medos que me impedem de prosseguir no caminho do coração e, por isso, preciso que me interdite, sempre que sinto medo do que poderá me acontecer neste caminho, por conta de minhas lembranças de experiências passadas, busco alguma condição que me impeça de avançar, justamente para que eu não precise passar por essas dificuldades.

Mas agora sei que elas são fáceis de serem solucionadas e que são apenas questões que preciso iluminar, e que cada questão tratada com este olhar e iluminada pela minha sabedoria interior, me levará a um patamar cada vez alto, onde estarei cada vez mais entregue ao meu Eu Real e isto é algo que meu Ego não quer, mas saberei como lidar com isto. Portanto, eu te agradeço e reverencio por ter se proposto a esta tarefa difícil, de se levantar contra mim. Agradeço à sua luz divina por ter me ajudado a descobrir estas verdades, não fosse você ter se contraposto a mim, eu não teria a oportunidade que tive de reconhecer que não há perigos e inimigos contra mim e que o único "inimigo" com o qual preciso me conciliar é meu Ego. Gratidão!


Por Teresa Cristina Pascotto



segunda-feira, 2 de maio de 2011

Síndrome do Pânico



A pessoa tem uma vida normal, sem grandes sobressaltos. Pode ter 10 ou 50 anos.
Mas nela existe um gatilho pronto para ser puxado, porém ela não tem consciência disso.
Poderá ser uma cena violenta resgatada do nosso cotidiano, na TV, na rua, num pequeno acidente de transito, num insignificante ferimento superficial nela ou em outra pessoa...

De repente terá que ir - ou ser levada - ao Pronto Socorro mais próximo pois, sem mais nem menos, entra num quadro de desespero total. O coração parece querer explodir, o ar quase desapareceu da face da terra, a visão fica ofuscada, a sudorese dispara parecendo seu corpo a Fontana de Trevi e o local em que se encontra por mais espaçoso que seja lhe passa a sensação de ser um túmulo!

Muitos acham que se trata do momento final... mas não é bem isso.
O medico experiente verifica os sinais vitais e percebe que é mais um caso clássico de síndrome de pânico... e nós ficamos sabendo que por algum motivo aquele gatilho armado às vezes até em vidas passadas, foi finalmente disparado, e atingiu o alvo.
Se a causa raiz não for devidamente encontrada e solucionada, este gatilho poderá voltar a atacar em outra ocasião, e normalmente sem aviso prévio.

Estatísticas varias falam que esta desordem atinge hoje cada vez mais crianças e adultos e está aumentando sua intensidade rapidamente, chegando a atingir cerca de 5% da população atual.
Temos tido conhecimento de casos em que até os animais sofrem de algo parecido, tanto que, pela dificuldade de serem ajudados, chegam a morrer ao ficar em situações de desespero extremo. É o caso de um cão da raça doberman que, durante uma queima de fogos, procurou abrigo alojando-se debaixo do painel de um automóvel e vindo a falecer por hemorragia causada pelos cortes ao se debater descontrolado nas ferragens.

Estudo de casos:
Wagner, 42 anos, casado, empresário muito bem sucedido de Import/Export. Ex-piloto da FAB, dois filhos, escritório em Miami, vivendo mais tempo no ar do que na terra.

Tudo começou ao adentrar o elevador - lotado de gente - da sua residência, num dia muito quente. Entrou, a porta se fechou e se deu o disparo do gatilho.
O tempo parecia ter congelado. Neste curto espaço de tempo o terror tomou conta dele, fazendo que ele manifestasse todos os sintomas acima descritos assolam quem é acometido por uma crise de pânico. Ao chegar no 8° andar já se sentia uma pessoa diferente, tendo até machucado mão e ombro ao danificar a porta do elevador, por não esperar que esta abrisse totalmente para poder sair.

Demorou algumas horas para retornar ao normal, pois a esposa ministrou um calmante que tinha na residência permitindo que ele finalmente relaxasse.
Pensando ter voltado ao normal, no dia seguinte Wagner retornou à rotina de sempre, mas qual não foi a sua surpresa quando – novamente no elevador – o disparo do gatilho estava novamente à espreita, pois tudo voltou a acontecer, tendo ele saído no andar seguinte, completando o percurso pelas escadas.
A partir desta data, somente utilizava o elevador quando estivesse vazio, saindo dele caso outros entrassem.

Mas outros desafios estavam para serem enfrentados...
O desafio era do tamanho de um Boeing.
Acostumado a voar rotineiramente e também por ser um ex-piloto, não podia imaginar o que iria acontecer.
O vôo estava lotado, o dia era de muito calor e ao percorrer os poucos passos até a poltrona dele, começou a sentir algo estranho, mas que começaria a se tornar cada vez mais familiar.
No momento em que a porta se fechou, os sintomas começaram a piorar de tal maneira que quando a aeronave se preparava para decolar, já na cabeceira da pista, ele levantou desesperado e descontrolado se encaminhando para a porta a qual passou a esmurrar aos berros pedindo para sair, o que obrigou o piloto a abortar a decolagem - apesar de todos os esforços do tripulantes – pois não conseguiram acalma-lo.
Wagner acabou aparecendo como noticia no jornal local do dia seguinte.

Foi um cardiologista amigo comum que o encaminhou pra mim, a fim de tentar solucionar de forma não convencional este grave distúrbio que o impedia de ter uma vida como sempre teve.

Ao fazer o retorno cronológico, foi possível acessar um fato ocorrido na hora do nascimento, que tinha sido bem complicado. Solicitei que Wagner fizesse uma comparação entre o que estava vivenciando naquele momento e as situações do avião e do elevador.
Segundo ele as situações eram parecidas mas não tão fortes.

Em função disso procurei aprofundar este retorno cronológico que chegou a surpreender ambos, pois Wagner, que nunca tinha feito uma regressão, passa a narrar um episódio ocorrido em outra vida em que se vê como infeliz protagonista:
Era menino brincando com outros sobre uma ponte, num dia quente e ensolarado. Estavam todos alegres naquela brincadeira de um querer empurrar o outro para a água - sendo que todos sabiam nadar - praticamente desde o nascimento. Ele é subitamente jogado na água e se vê afundando mais e mais num buraco um pouco maior que ele, existente no fundo do rio.

Ele está de início vendo a cena até o momento da morte por afogamento.
Como experiência, peço que ele vivencie o ocorrido como se estivesse acontecendo no momento presente, narrando o que sentia desde o inicio da queda.
Quando meu corpo toca a água, sinto que ela está quente e clara. Mas num certo ponto fica tudo escuro e me sinto muito apertado. Tento sair mas não consigo, me apavoro, engulo água e acabo falecendo.
Peço para novamente fazer a comparação entre o que estava acontecendo na água e o episódio do avião. A resposta foi:
É exatamente igual.
Tínhamos encontrado a causa raiz.

Pedi que fizesse o Perdão aos colegas - que não tiveram culpa - e fiz o resgate da alma dele (aquele aspecto da alma dele – referente àquela vida - que é um fragmento do seu espirito imortal), e que ainda estava presa no evento.

Voltando do retorno cronológico ele confessa que se sente completamente diferente e renovado e que uma sensação de leveza e tranqüilidade tomou conta de todo o seu ser.

Nesta mesma noite Wagner me comunicou que tinha utilizado o elevador lotado – e quente – e que nada de anormal tinha acontecido. Hoje está totalmente curado e o fator principal ao qual podemos atribuir a cura definitiva (Além do Perdão e do resgate da Alma) é a conscientização da causa raiz que foi responsável por todos os disparos do gatilho.

Também tivemos a colaboração da Terapia Floral que ajudou na completa desimpregnação da sua Alma e dos seus registros causadores.

Por Eraldo Manfredi

O perdão - Como entender e aplicar essa máxima de Jesus.



Muitas pessoas afirmam que já perdoaram um desafeto. Na verdade, decidiram entregar o caso a Deus, afastar-se da pessoa, como se diz na gíria "deixar pra lá..." e tocar a sua vida, deixando o Tempo decidir o que é certo, o que é errado.


As pessoas boas de coração possuem a capacidade de aceitar as atitudes daqueles que lhes fizeram ou ainda fazem mal. Muitas vezes, elas são até incompreendidas por essa capacidade de amar e perdoar. São Espíritos mais antigos e elevados em seu grau de consciência e discernimento, e sabem que perdoar faz bem principalmente para si mesmos, que entendem que não vale a pena permanecer aferrados a uma mágoa, a uma raiva, a uma aversão, pois é como um veneno que se ingere diariamente e que vai destruindo os pensamentos, os sentimentos e o corpo físico de quem costuma permanecer remoendo fatos passados.

Outras pessoas dizem que querem perdoar alguém, mas acham isso impossível, e que apenas um Ser Superior como Jesus poderia perdoar. São Espíritos em um grau um pouquinho menos elevado de consciência, mas que já têm a suficiente elevação para querer perdoar, já entenderam que o beneficiado maior é quem perdoa, conhecem as Leis Divinas da atração pelos cordões energéticos e até levantam a possibilidade de, em encarnações anteriores, terem agido mal, prejudicado, o atual "vilão".

Outros dizem que não querem perdoar um inimigo porque têm razão na sua mágoa ou no seu ódio por essa pessoa. Não esquecem o que foi feito contra eles, ou o que deixou de ser feito, enfim, acreditam-se com absoluta razão para decretar que aquela pessoa é um vilão, que é mau, não merece seu perdão e terá de se entender com Deus.

Enfim, nessa questão de "Perdão", encontram-se as mais variadas opiniões, os mais diversos raciocínios, dependendo do grau de elevação espiritual da pessoa que sofreu ou sofre um mal. Se somos um ser espiritual com no mínimo 500.000 anos de existência mais as poucas décadas da nossa persona atual, como é arriscado ter uma opinião firmada a esse respeito... Quando alguém sente mágoa ou raiva do seu pai ou de sua mãe, pelo que lhe fez ou deixou de fazer, na sua infância, como pode afirmar estar certo, ter razão nesse sentimento, se não lembra de duas questões importantíssimas, a seguir:

1. Por que seu Espírito "pediu", em outras palavras, por que necessitou desse pai ou dessa mãe?
2. O que pode ter feito para ele(a) em encarnações passadas de igual ou pior teor?

Se a mágoa ou a raiva é em relação a seu marido ou ex-marido, sua esposa ou ex-esposa, outro familiar, um amigo que lhe traiu, lhe enganou, enfim, um acontecimento durante a vida, se pensar nessas mesmas duas questões, poderá afirmar com convicção que tem razão?
Somos um ser, que chamamos de Espírito, muito antigo, vivemos centenas ou milhares de encarnações; todo esse tempo, tudo o que aconteceu, o que fizemos, o que nos fizeram, guardado dentro do nosso Inconsciente, apenas lembramos dessa vida atual, poucas décadas de vida... vocês não acham extremamente arriscado decidir coisas como "Não vou perdoar!", "Ele(a) me fez(faz) mal, sou(fui) sua vítima!", "Ele(a) não merece perdão!"...

No Mundo Espiritual, existe algo que na Terra ainda não existe: o Telão. Quando voltamos para Casa, durante a nossa permanência no período intervidas, em um certo momento, somos chamados a assistir um filmezinho de nossas vidas passadas, o que fizemos, o que não fizemos, como éramos, e, ao contrário da Regressão Terapêutica realizada por nós aqui na Terra durante um tratamento de Psicoterapia Reencarnacionista, no qual é vedado incentivar o reconhecimento de pessoas no passado, lá, nessa sessão de Telão, os Mentores oportunizam esse reconhecimento, tanto da "vítima" como do(a) "vilão(ã)", e o resultado dessa viagem no tempo é uma cena chocante de arrependimento, de vergonha e de frustração, por não termos, na vida encarnada anterior, alcançado o que havíamos proposto a nós mesmos: o resgate e a harmonização com aquele Espírito que sabíamos iríamos encontrar aqui na Terra, para fazermos as pazes, e, pelo contrário, mantivemos a nossa tendência anterior, arcaica, de nos magoarmos, de odiarmos, de sentirmos aversão a ele.

E nesse momento, quando a verdade está ali, escancarada à nossa frente, percebemos que perdemos uma grande oportunidade de nos reconciliarmos com aquele antigo desafeto e, com isso, elevarmos o nosso grau espiritual e, com bastante freqüência, nos redimirmos do que havíamos feito a ele, até pior, em encarnações passadas.


Muitas vezes, por trás do hábito de fumar, beber, usar drogas, encontra-se mágoa, rejeição, raiva e, então, é muito importante trazer essa mensagem, de que é extremamente perigoso julgar alguém, condenar-se uma pessoa, decretar quem é o vilão e quem é a vítima, considerando que 20, 30, 40, 50 anos de vida é muito pouco tempo, comparado com milhares e milhares de anos, que é a idade do nosso Espírito.

Em um tratamento com Psicoterapia Reencarnacionista, do qual faz parte as "sessões de Telão", realizadas pelo terapeuta, mas totalmente comandadas pelos Mentores Espirituais das pessoas, é relativamente freqüente encontrar-se depois da visita às encarnações mais recentes, vidas mais anteriores em que se trocam os papéis, e a atual "vítima", descobre-se um "vilão" e o atual "vilão" como sua vítima... E a pessoa que fumava, bebia, usava drogas, para amenizar a sua mágoa, acalmar a sua raiva, para vingar-se ou para agredir o "vilão" (muitas vezes o seu pai ou sua mãe), o que faz agora com essa descoberta?

Pode-se fazer duas coisas:

1. Aguardarmos a morte do nosso corpo físico e o nosso desencarne e assistirmos as sessões de Telão no Mundo Espiritual e nos encaixarmos na estatística oficial de 99% de frustrações, arrependimentos e vergonha.

2. Assistir essas sessões aqui, durante a encarnação, quando ainda estamos "vivos" e podemos, pela mudança radical do nosso raciocínio, perceber o nosso erro de interpretação, e resolvermos reavaliar completamente a nossa infância e a nossa vida, substituindo a "versão persona" da nossa história pela "versão Espírito", e, com isso, amenizarmos os nossos sentimentos inferiores, elevarmos o nosso grau espiritual e nos reconciliarmos com antigos desafetos que "pedimos" para reencontrar.

E quando deixamos de nos sentir "vítimas" nem precisamos mais perdoar, precisamos é pedir perdão pelo que fizemos em nosso passado para o(a) atual "vilão(ã), e que Deus, em Sua Absoluta Justiça, nos presenteou com esse reencontro. Essa mudança de raciocínio, esse novo tipo de enfoque, essa abertura para a verdadeira história de conflito entre Espíritos há séculos digladiantes, opera verdadeiros milagres, pois ao invés de sabermos disso apenas lá em cima, para deixarmos para a próxima encarnação (quando provavelmente erraremos novamente...), podemos fazer isso agora, já, aqui na Terra, nessa encarnação mesmo, acertando o nosso rumo, retificando o nosso pensamento e sentimento, e aproveitando a atual encarnação para alcançarmos o crescimento espiritual há tanto tempo almejado e também adiado. E, então, pedir perdão a Deus e ao(a) vilão(ã) e seguir nosso caminho, como aconselhou Jesus: "Vá e não peques mais!"

Por Mauro Kwitko

A Dúvida


Um dos primeiros passos para que nos libertemos das crenças a que fomos condicionados, é a dúvida. Começar a duvidar daquilo que nos foi imposto como verdade é um sinal dos mais positivos.

Ele representa o início da viagem ao encontro de nosso verdadeiro ser e, embora possa ser assustador, a princípio, se formos capazes de prosseguir neste caminho, certamente chegaremos a valiosas descobertas. Em muitas circunstâncias da vida, a dúvida é algo saudável e não deve ser vista como uma fraqueza.

Há outras situações, entretanto, em que precisamos fazer uma escolha, mas a dúvida nos domina. De um modo geral, já sabemos em nosso coração qual é a decisão que devemos tomar. Entretanto, ficamos paralisados, com medo de assumir a responsabilidade por nossa escolha.

De fato, às vezes, o preço a ser pago é alto. Nestes momentos, o pior que podemos fazer é nos deixarmos dominar pelo medo, sufocar o nosso desejo mais profundo e permanecer na estagnação.

Saber distinguir entre a dúvida que nos leva ao crescimento e aquela que nos paralisa é um desafio permanente. A saída, mais uma vez, é olhar para dentro e deixar que a resposta surja a partir de nossa alma, do que acreditamos de modo absoluto ser imprescindível para a nossa felicidade.

Para muitas pessoas, esta afirmação pode soar inusitada e até mesmo irresponsável. Elas foram educadas para jamais ter dúvidas e seguir sempre o caminho já conhecido que as leve a agir baseadas em certezas.

Ocorre que as certezas só têm real valor quando surgem a partir de nossa própria vivência, daquilo que experienciamos ao seguir nosso coração. A sensação de felicidade e paz interior é o único critério em que podemos nos basear para ter a certeza de que estamos no rumo certo.

"....A criança é pura inteligência, pois ainda não está contaminada. Ela é uma lousa em branco; nada está escrito sobre ela. Uma criança é um vazio absoluto, é uma tabula rasa.

A sociedade imediatamente começará a escrever que você é cristão, católico, hindu, muçulmano, comunista.... Ninguém quer um rebelde, e a inteligência é rebelde.

Ninguém quer ser questionado, ninguém quer que sua autoridade seja questionada, e a inteligência é questionadora. A inteligência é pura dúvida. Sim, um dia, a partir dessa pura dúvida, surge a confiança, mas não contra a dúvida; ela cresce somente por meio da dúvida.

....A dúvida é a mãe da confiança. A confiança real vem somente por meio da dúvida, do questionar, do indagar. E a confiança falsa, que conhecemos como crença, vem pelo matar a dúvida, pelo destruir o questionamento, pelo destruir toda a investigação, a indagação, a procura, pelo dar às pessoas verdades prontas.
....Esse é o meu trabalho. Você veio como uma máquina, muito ajustada, cheia de memórias, de informações, de erudição, absolutamente na cabeça, pendurada na cabeça. Você perdeu todo o contato com o seu coração e o seu ser. Empurrá-lo para baixo, em direção ao coração, e depois ao ser, é realmente uma tarefa difícil.

....A inocência é sua verdadeira natureza. Você não precisa se tornar inocente, você já é inocente. Você nasceu inocente. Então, camadas sobre camadas de condicionamento foram impostos sobre sua inocência.
...A inteligência não é contra a inocência, lembre-se. A inteligência é o sabor da inocência, a
fragrância da inocência. A astúcia é contra a inocência; e a astúcia e a esperteza não são o mesmo que inteligência.


Mas, para ser inteligente é necessária uma tremenda jornada interior. Nenhuma escola, nenhuma faculdade e nenhuma universidade podem ajudar.

...Não se comporte como um papagaio, não siga vivendo baseado em informações emprestadas. Comece a procurar e a buscar a sua própria inteligência."
OSHO, do livro, Inteligência, a resposta criativa ao agora.

Por Elisabeth Cavalcante


Traição, Perdão e outras Reflexões...

O dito popular afirma: quem nunca foi, está sendo ou um dia será! Mas eu, particularmente, não considero a traição tão inevitável assim!

Além do mais, como se trata de uma situação que não depende de nosso controle, melhor mesmo é se concentrar em possibilidades pessoais.
E tem mais: antes de entrar na grande questão, sobre perdoar ou não perdoar, vale esclarecer melhor o conceito. Trair é, por definição, enganar o outro. Ou seja, é fazer o outro acreditar que você age de uma determinada maneira quando, na verdade, age de outra!

Portanto, o grande problema da traição não é exatamente com quem você está ou não, quem você beija ou com quem você transa, mas, sim, o fato de estar mentindo e enganando algum ou alguns dos envolvidos nessa trama amorosa.


Pra esclarecer melhor a minha teoria, vou contar o que sempre digo a um amigo que "defende" a traição. Ele é casado e sai com outras mulheres. Dependendo do caso, chega a ficar longos meses com a mesma mulher, embora mantenha sua vida amorosa com a esposa e dê escapadas extraconjugais e extra-amante fixa.
Ao abordarmos o assunto, sempre deixo claro que não concordo com a atitude dele.

E ele argumenta: "essas relações paralelas são apenas diversão, e terminam fazendo bem à minha relação. Fico mais tranqüilo e mais carinhoso com a minha mulher"!
Pois muito bem! Como não quero entrar no mérito da questão, abordando detalhes do relacionamento dele, procuro ser prática e objetiva: "se você está sendo sincero comigo e realmente acredita que não há nada de errado em manter relações paralelas, então, por que precisa mentir para sua esposa?

Diga isso a ela, defenda a sua teoria e explique por que age dessa forma. Convença-a dos benefícios e seja verdadeiro. Ao menos, assim, ela saberá quem você é realmente e poderá escolher se quer continuar com você ou não"!
Mas vou um pouco adiante! "Além disso, se você realmente acredita que esse tipo de comportamento faz bem à relação, então, suponho que não se importaria se ela fizesse o mesmo. Ou seja, se saísse com outros homens para se divertir, tornando-se mais tranqüila e carinhosa com você!". Mas, estranhamente, ele sempre retruca: "De jeito nenhum! Se descobrir que ela me trai, está tudo acabado!".

E, assim, sinto-me ainda mais propensa a reafirmar: o que mais importa numa relação não é o fato de jamais ter cometido um erro ou jamais ter magoado o outro. Isso, sim, é inevitável, considerando o grau de envolvimento, entrega e intimidade que permeia um relacionamento amoroso.
O que mais importa é a coerência entre o que você diz e o que faz. É o nível de verdade que existe naquilo que você está se propondo a viver.

É o comprometimento que cada um dos envolvidos tem com cada detalhe desta importante escolha, que é dividir sua vida com outra pessoa!
Portanto, se você está vivendo uma situação dolorosa, sentindo-se traído, tendo descoberto um erro e uma mentira de seu parceiro, acredite: não existe uma resposta certa e uma resposta errada que sirva para todas as relações. Para decidir se você vai perdoar ou não, se vai continuar ou não nessa relação depois do que aconteceu, sugiro que você se faça algumas perguntas fundamentais e tente responder com o coração, baseando-se naquilo que sente de mais real, de menos contaminado pela raiva ou pela dor que, provavelmente, queima dentro de você! - Apesar desse erro, o que existe de bom e que vale a pena nesta pessoa e nesta relação? - Você gostaria de dar a si mesmo a chance de tentar fazer dar certo mais uma vez? - Quanto você consegue reconhecer de seu nisso tudo. Ou melhor, você também comete erros.

Quanto consegue compreender o que o outro fez a partir dessa autopercepção?
- Saiba: você pode conseguir perdoar, mas esquecer só será possível se você vier a sofrer algum tipo de perda de memória que apague esse acontecimento de seu cérebro. Caso contrário, essa lembrança continuará viva como a de qualquer outra ocasião relevante de sua vida. Você vai precisar aprender a lidar com ela! - Ao fazer um balanço, caso descubra que as dores e as mágoas são bem maiores que o respeito, a admiração e a confiança, pergunte-se: o que você está ganhando ao ficar nesta relação?

Porque ninguém fica numa situação onde não esteja ganhando absolutamente nada!
Por fim, lembre-se que toda dor e toda raiva vai amenizar com o tempo e que a lucidez tende a ser maior com o passar dos dias. Então, não aja de modo precipitado e nem seja radical ou implacável consigo ou com o outro.

Espere até recuperar-se do choque e, somente então, pense no que quer fazer. No final das contas, a vida -incluindo as maiores dores contidas nela- sempre nos oferece aprendizados incríveis e surpresas impagáveis.


Por Rosana Braga


Para realizar nossos desejos precisamos reconhecer nossas necessidades


Por que nossos desejos nos parecem tão inalcançáveis? Porque não soubemos atender às nossas necessidades...

Quando não reconhecemos nossas necessidades, corremos o risco de não estabelecer os limites reais entre o que podemos e queremos oferecer.
Em geral, temos dificuldade para discernir a diferença entre necessidades e desejo.

Desejo é a motivação de manifestar algo, seja interno ou externo a nós, que nos proporciona prazer e satisfação. Já as necessidades são todas as condições que precisamos adquirir e amadurecer para que nossa motivação possa se manifestar de modo estruturado. Neste sentido, para conquistarmos o que quer que seja, interior ou exteriormente, temos antes que primeiro adquirir uma base sólida.

No entanto, na maioria das vezes, passamos por cima de nossas necessidades pois cremos que basta seguir nossos desejos para encontrar a felicidade.
O problema é que sem atender nossas necessidades não teremos condições reais para sustentar a manifestação de nossos desejos!

É como a construção de uma casa: primeiro, temos que analisar as condições do terreno, construir uma boa fundação, para depois ver a casa de nossos sonhos sendo construída... Caso contrário, estaremos construindo um castelo de areia.

Muitas vezes, associamos o fato de reconhecermos aquilo que nos falta como um sinal de carência, fraqueza e vulnerabilidade. Se tivermos uma autoimagem baseada no condicionamento de que somos insuficientes para enfrentar as adversidades, iremos naturalmente evitar olhar de frente o que nos falta. No entanto, isso é um erro de interpretação. Perceber nossas necessidades é apenas o primeiro passo do processo de autorrealização.

O perigo de nos sentirmos envergonhados de nossas necessidades é que acostumamos a escondê-las de nós próprios e dos outros. Desta forma, com frequência dizemos: "Não se preocupe comigo" (o famoso "tudo bem"). Associamos à ideia de que nossas necessidades podem incomodar os outros. Declaramos de que "não precisamos de nada" devido ao medo de nos tornamos um peso extra e sermos rejeitados. Afinal, quem nunca "dá trabalho" não corre o risco de ser excluído...

No entanto, desta forma, o feitiço se volta contra o feiticeiro. Poderemos não ser excluídos, mas seremos facilmente vítimas de abusados, pois nossas necessidades não serão reconhecidas e muito menos atendidas!

Nós mulheres, porque escutamos várias vezes o conto da Cinderela, aprendemos desde pequenas a associar a ideia de que precisamos primeiro sofrer para depois termos momentos de prazer. Afinal, Cinderela só poderia ir ao baile depois que tivesse cumprido todas as ordens de suas irmãs.

Mas, se reconhecermos essas irmãs como um símbolo de nossas necessidades internas, a coisa muda de figura. Atender às nossas necessidades é um dever que temos para conosco. Ou seja, ao "escutar as ordens de nossas irmãs", estaremos simplesmente atendendo às exigências que surgem diante de um processo de realização.

Neste sentindo, cumprir nossas obrigações deixa de ser um fardo para se tornar parte do processo de amadurecimento das condições necessárias para manifestar nossos desejos.

Seguir nossos desejos sem ter revisto nossas necessidades é uma forma de autodestruição. Pois, sem atender nossas necessidades, não somos capazes de sustentar nossos desejos.

Por exemplo, podemos ter o desejo de subir o Everest (substitua-o mesmo por algo que você queira muito), mas se ao começarmos a subir a montanha não nos dermos conta de que não temos os sapatos adequados, estaremos fadados ao fracasso.

Voltar para trás em busca de melhores condições não quer dizer desistir do desejo de subir a montanha, mas, simplesmente, compreender que nossas necessidades vêm em primeiro lugar!

Fazer esforço com perseverança faz parte de nossas conquistas, mas se passarmos por cima de nossas necessidades esse sofrimento se tornará inútil.

Precisamos aprender a considerar nossas necessidades como algo precioso e de grande valor ao invés de associá-las a uma condição de fraqueza ou insuficiência.

Nossas necessidades possuem um valor de moeda de troca importante em nossos relacionamentos. Afinal, para atender as necessidades alheias precisamos incluir também as nossas necessidades para ajudá-los!

Imagine a seguinte situação: você está apaixonada e seu amor pede que o leve ao aeroporto às 5:30h da manhã, pois passará seis meses fora do país. Sem hesitar, você diz que sim. Em seguida, ele a convida para jantar fora no restaurante de que você mais gosta. Imediatamente, você aceita. Vocês voltam para casa tarde, depois de alguns copos de vinho e acordam cedo para ir ao aeroporto. Depois, no caminho para o trabalho, você começa a sentir o cansaço tomando conta de seu corpo e sua mente. Triste com a despedida e irritada com a falta de sono, passa o dia distorcendo a realidade devido ao seu mau humor. As consequências desta empreitada mal elaborada virão à tona uma hora ou outra...

O fato é que desta forma você foi ao baile sem ter arrumado sua cozinha... Ao seguir impulsivamente o desejo de agradar seu namorado, deixou de se autopreservar. O hábito de agradar ao outro a qualquer custo faz com que as suas necessidades não sejam vistas.

À medida que aprendemos a atender às nossas necessidades diante das necessidades alheias, passamos a ter relacionamentos mais saudáveis. Pois, livres do fardo de corresponder às expectativas alheias como ordens inquestionáveis, passamos a nos sentir recompensados pelos benefícios de cuidarmos de nós mesmos.

Por Bel Cesar