sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Psicopatia - Parte II


Caros leitores,
dando continuidade a matéria publicada, trascrevo abaixo trechos do livro Mentes Perigosas, perfeitamente colocados da médica psiquiatra Ana Beztria Barbosa Silva, onde, com muita maestria, nos descortina um mundo doentio desses indivíduos.

Fiquei impressionada com a descrição desses indivíduos que não medem esforços para alcançar seus objetivos, os psicopatas são frios, calculistas, insensíveis, inescrupulosos, transgressores de regras sociais e absolutamente livres de constrangimentos ou julgamentos morais internos. Nas diversas esferas do relacionamento humano, eles são capazes de passar por cima de qualquer pessoa apenas para satisfazer seis próprios interesses. Mas, ao contrário do que pensamos, não são considerados loucos, nem mesmo apresentam qualquer tipo de desorientação. E eles sabem exatamente o que estão fazendo e não sofrem nem um pouco com isso.

Podemos dizer que são verdadeiros “predadores sociais”, e às vezes seus atos são tão chocantes que nos recusamos instintivamente a reconhecer sua existência. Mentes Perigosas nos mostra em linguagem fácil quem são essas pessoas que estão por aí, ao nosso lado, e que desafiam a própria natureza humana. Conhecer essas mentes perversas é a melhor forma de nos proteger de sua presença em nossas vidas.

Quem lembra da fábula do sapo e do escorpião?

O escorpião aproximou-se do sapo que estava à beira do rio. Como não sabia nadar, pediu uma carona para chegar à outra margem.

Desconfiado, o sapo respondeu: “Ora, escorpião, só se eu fosse tolo demais! Você é traiçoeiro, vai me picar, soltar o seu veneno e eu vou morrer.”

Mesmo assim o escorpião insistiu, com o argumento lógico de que se picasse o sapo ambos morreriam. Com promessas de que poderia ficar tranqüilo, o sapo cedeu, acomodou o escorpião em suas costas e começou a nadar.

Ao fim da travessia, o escorpião cravou o seu ferrão mortal no sapo e saltou ileso em terra firme.

Atingido pelo veneno e já começando a afundar, o sapo desesperado quis saber o porquê de tamanha crueldade. E o escorpião respondeu friamente:

_ Porque essa é a minha natureza!

Trata-se de uma história tipicamente, que ilustra exemplarmente a natureza das pessoas que serão analisadas e descritas, ao longo da matéria.

Quando pensamos em psicopatia, logo nos vem à mente um sujeito com cara de mau, truculento, de aparência descuidada, pinta de assassino e desvios comportamentais tão óbvios que poderíamos reconhecê-lo sem pestanejar. Isso é um grande equívoco!

Para os desavisados, reconhecê-los não é uma tarefa tão fácil quanto se imagina. Os psicopatas enganam e representam muitíssimo bem ! Seus talentos teatrais e seu poder de convencimento são tão impressionantes que chegam a usar as pessoas com a única intenção de atingir seus sórdidos objetivos. Tudo isso sem qualquer aviso prévio, em grande estilo, doa a quem doer.

Mas quem são essas criaturas tão nocivas? São pessoas loucas ou perturbadas? O que fazem, o que sentem? Como e onde vivem? Todos são assassinos?

O livro discorre sobre pessoas frias, insensíveis, manipuladoras, perversas, transgressoras de regras sociais, impiedosas, imorais, sem consciência e desprovidas de sentimento de compaixão, culpa ou remorso. Esses “predadores sociais” com aparência humana estão por, misturados conosco, incógnitos, infiltrados em todos os setores sociais. Trabalham, estudam, fazem carreiras, se casam, têm filhos, mas definitivamente não são como a maioria das pessoas aquelas a quem chamaríamos de “pessoas do bem”.

Em casos extremos, os psicopatas matam a sangue-frio, com requintes de crueldade, sem medo e sem arrependimento. Porém , o que a sociedade desconhece é que os psicopatas, em sua grande maioria, não são assassinos e vivem como se fossem pessoas comuns.

Eles podem arruinar empresas e famílias, provocar intrigas, destruir sonhos, mas não matam. E, exatamente por isso, permanecem por muito tempo ou até uma vida inteira sem serem descobertos ou diagnosticados. Por serem charmosos, eloqüentes, “inteligentes”, envolventes e sedutores, não costumam levantar a menor suspeita de quem realmente são. Podemos encontrá-los disfarçados de religiosos, bons políticos, bons amantes, bons amigos. Visam apenas o benefício próprio, almejam o poder e o status, engordam ilicitamente suas contas bancárias, são mentirosos contumazes, parasitas, chefes tiranos, pedófilos, líderes natos da maldade.

A realidade é contundente e cruel, entretanto, o mais impactante é que a maioria esmagadora está do lado de fora das grades, convivendo diariamente com todos nós. Transitam tranqüilamente pelas ruas, cruzam nossos caminhos, frequentam as mesmas festas, dividem o mesmo teto, formem na mesma cama.

É importante ressaltar que os psicopatas possuem níveis variados de gravidade: leve, moderado e severo. Os primeiros se dedicam a trapacear, aplicar golpes e pequenos roubos, mas provavelmente não “sujarão as mãos de sangue” ou matarão suas vítimas. Já os últimos, botam verdadeiramente a “mão na massa”, com seus métodos sofisticados, e sentem um enorme prazer com seus atos brutais. Mas não se iluda! Qualquer que seja o grau de gravidade, todos, invariavelmente, deixam marcas de destruição por onde passam, sem piedade.

Além de psicopatas, eles também recebem as denominações de sociopatas, personalidades anti-sociais, personalidades psicopáticas, personalidades dissociais, personalidades amorais, entre outras. Embora alguns estudiosos prefiram diferenciá-los, no meu entendimento esses termos se equivalem e descrevem o mesmo perfil.

A parte racional ou cognitiva dos psicopatas é perfeita e íntegra, por isso sabem perfeitamente o que estão fazendo. Quanto aos sentimentos, porém, são absolutamente deficitários, pobres, ausentes de afeto e de profundidade emocional. Assim, concordo plenamente quando alguns autores dizem, de forma metafórica, que os psicopatas entendem a letra de uma canção, mas são incapazes de compreender a melodia.

O objetivo dessa narrativa é informar o público em geral, para que fique de olhos e ouvidos bem abertos, despertos e prevenidos. Suas vítimas prediletas são as pessoas mais sensíveis, mas puras de alma e de coração.

Estou convencida de que falhas em nossas organizações familiares, educacionais e sociais são dados importantes e merecem estudos aprofundados e toda a nossa atenção, mas por si só não são suficientes para explicar o fenômeno da psicopatia.

A natureza dos psicopatas é devastadora, assustadora, e, aos poucos, a ciência começa a se aprofundar e a compreender aquilo que contradiz a própria natureza humana. Saber identificá-los pode ser um antídoto (talvez o único) contra seu veneno paralisante e mortal. Infelizmente a desinformação nos torna vulneráveis, indefesos como “sapos tolos”, fisgados pelas habilidades camaleõnicas dos “escorpiões”.

Os Psicopatas: Frios e sem Consciência

Eles vivem entre nós, parecem fisicamente conosco, mas são desprovidos deste sentido tão essencial: a consciência.

Muitos seres humanos são destituídos desse senso de responsabilidade ética, que deveria ser a base essencial de nossas relações emocionais com os outros. Sei que é difícil de acreditar, mas algumas pessoas nunca experimentaram ou jamais experimentarão a inquietude mental, ou o menos sentimento de culpa ou remorso por desapontar, magoar, enganar ou até mesmo tirar a vida de alguem.

Eles são verdadeiramente atores da vida real, que mentem com a maior tranquilidades, como se estivessem contando a verdade mais cristalina. E, assim, conseguem deixar seus instintos maquiavélicos absolutamente imperceptíveis aos nossos olhos e sentidos, a ponto de não percebermos a diferença entre aqueles que têm consciência e aqueles que são desprovidos desse nobre atributo.

É importante ressaltar que o termo psicopata pode dar a falsa impressão de que se trata de indivíduos loucos ou doentes mentais. indivíduos não são considerados loucos loucos, nem apresentam qualquer tipo de desorientação. Também, não sofrem de delírios ou alucinações (como a esquizofrenia) e tampouco apresentam intenso sofrimento mental (como a depressão ou o pânico, por exemplo).

Ao contrário disso, seus atos criminosos não provêm de mentes adoecidas, mas sim de um raciocínio frio e calculista combinado com uma total incapacidade de tratar as outras pessoas como seres humanos pensantes e com sentimento.

Os psicopatas em geral são indivíduos frios, calculistas, inescrupulosos, dissimulados, mentirosos, sedutores e que visão o próprio benefício. Eles são incapazes de estabelecer vínculos afetivos ou de se colocar no lugar do outro, são desprovidos de culpa ou remorso e, muitas vezes, revelam-se agressivos e violentos. Em maior ou menor nível de gravidade e com formas diferentes de manifestarem os seus atos transgressores, os psicopatas são uns verdadeiros “predadores sociais”, em cujas veias e artérias correm um sangue gélido.

Sua marca principal é a impressionante falta de consciência nas relações interpessoais estabelecidas nos diversos ambientes do convívio humano.(afetivo, profissional, familiar e social). O jogo deles se baseia no poder e na auto promoção as custas dos outros, eles são capazes de atropelar tudo e todos com total egocentrismo e indiferença.

Muitos passam algum tempo na prisão, no entanto para a infelicidade coletiva, a grande maioria deles jamaias esteve numa delegacia ou em qualquer presídio. Como animais predadores, vampiros ou parasitas humanos, esses indivíduos sempre sugam suas presas até o limite improvável de uso e abuso. Na matemática desprezível dos psicopatas, só existe o acréscimo unilateral e predatório, e somente eles são os beneficiados.

Cabe aqui uma breve ressalva. Todos nós dotados de consciência podemos, em um momento qualquer da vida, magoar ou insultar o próximo; cometer injustiças ou equívocos, em casos extremos, matar alguem sobre forte impacto emocional. Afinal somos humanos e nem sempre estamos com nossa consciência funcionando a 100%: somos influenciados pelas circunstâncias ou pelas necessidades.

Além disso, vivemos em uma sociedade com valores distorcidos, competitiva, de poucas referências, que nos levam a querer tirar vantagens aqui e acolá. Essas derrapagens e esses deslizes aqui estão sujeitos a nossa jornada, definitivamente, não nos torna psicopatas. Um belo dia o senso ético nos faz refletir sobre nossas condutas, voltar atrás e voltar nossos conceitos do que é certo e errado. Caso contrário, o remorso vai nos perseguir e torturar e, dependendo da extensão jamais nos deixará em paz. Por isso, é sempre bom que o leitor tenha em mente que aqui me refiro às pessoas de má índole, que cometem suas maldades por puro prazer e diversão e sem vestígios de arrependimento. Essa última palavra simplesmente não existe no parco repertório emocional dos psicopatas.

Segundo o psiquiatra canadense Robert Hare, uma das maiores autoridades sobre o assunto, os psicopatas têm total ciência dos seus atos ( a parte cognitiva ou racional é perfeita), ou seja, sabem que estão infringindo regras sociais e por que estão agindo dessa maneira.

A deficiência deles ( e é ai que mora o perigo) está no campo dos afetos e das emoções. Assim, para eles, tanto faz ferir, maltratar ou até matar alguém que atravesse o seu caminho ou os seus interesses, mesmo que esse alguém faça parte de seu convívio intimo. Esses comportamentos desprezíveis são resultado de uma escolha, diga-se de passagem, exercida de forma livre e sem qualquer culpa.



terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

O Resgate da Doce Madrugada


Mesmo sem descortinar o futuro, eu já estava tatuafa em sua alma...era uma questão de tempo...
Bel



O RESGATE DA DOCE MADRUGADA

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K@du


Doce madrugada a acompanhar teu sono,
Onde um sorriso furtivo iluminava o seu sonhar...
Realçando a silhueta nua e dengosa,
Que me absorvia os desejos e vontades...
Incendiando com o teu calor a minha contemplação...
Absorta...
Maravilhada!


Doces lábios a conversarem com os meus,
Onde os teus olhos cor de mel a me fitar...
Anunciando a senha do teu umbral,
Que me impulsionava os movimentos e sentimentos...
Viajando com o teu amor à minha realização...
Absoluta...
Encantada!


Doce voz a sussurrar o teu canto,
Onde as palavras brotavam a dançar...
Preenchendo os meus vazios lúdicos,
Que me acalmava os medos e inseguranças...
Envolvendo com o teu abraço o que restava de solidão...
Amorosa...
Linda!


Doce gozo a infundir o seu corpo ao meu,
Onde os caprichos do tempo pareciam não mais existir...
Inundando o seu ser com o meu,
Que nos iluminava em paz e segredos...
Transformando tudo na alegria da eterna paixão...
Carinhosa...
Resgatada!



sábado, 6 de fevereiro de 2010

Psicopatas `leves´ pesam muito

Quem não conhece um leve psicopata? Depois de ter lido o livro Mentes Perigosas, da psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, você vai ver que conhece, e muitos!


Eles são narcisistas, egocêntricos. Pensam muito e sentem pouco. Tomam decisões a partir de como podem ser beneficiados com prazer, auto-satisfação, poder, status e diversão.


Além de terem o prazer no errado, isto é, de nadar contra a corrente, facilmente se ofendem e tornam-se violentos, pois não suportam contrariedades. São sempre vítimas.

Intolerantes ao tédio ou a situações rotineiras, os psicopatas buscam situações que possam mantê-los em um estado permanente de alta excitação. Por isso, evitam atividades que demandam grande concentração por longos períodos. Compromissos e obrigações nada significam para eles.

Naturalmente, pessoas assim não são confiáveis. Eles mentem, manipulam e chantageiam sem a menor dificuldade. Inteligentes, manipuladores, especializados no assédio psicológico, sabem convencer os outros. Eles conhecem as fraquezas alheias, apesar de não serem capazes de sentir o que os outros sentem.

Um dado importante: todo psicopata, de grau mais leve ou mais alto, tem consciência de seus atos, mas não sente a dor que causa nos outros, porque simplesmente seu cérebro não funciona assim.

Vamos compreender isso melhor. A grande maioria dos seres humanos é formada de empáticos: o sofrimento alheio provoca dor neles mesmos, o que os leva a tentar ajudar seus semelhantes. Ajudar o outro é uma forma de aliviar a dor que este lhes causa. Desta forma, nosso cérebro nos leva a ter comportamentos que garantem a harmonia social.

De modo simples e didático, podemos resumir nosso cérebro em duas importantes áreas: o sistema límbico (a sede das emoções) e o lobo frontal (sede do raciocínio).

Uma pessoa empática é capaz de ter ações compassivas e socialmente adequadas pois, como seu sistema límbico é ativado por emoções básicas, como raiva e medo, ele envia sinais para o lobo frontal onde são ativadas as áreas responsáveis pelos aspectos cognitivos - frios e racionais, assim como o julgamento moral.

Estudos comprovam que 4% da população mundial sofre de um déficit nos circuitos do sistema límbico, que deixa de transmitir, de forma correta, as informações para que o lobo frontal possa desencadear comportamentos adequados. Ou seja, chegam menos informações do sistema afetivo para o centro executivo do cérebro. Assim, o lobo frontal, sem dados emocionais, prepara um comportamento lógico e racional, mas desprovido de afeto. Por isso, eles têm consciência de seus atos, mas não sentem a dor que causam nos outros!

Desta forma, os psicopatas não sentem medo nem ansiedade: parecem imunes ao estresse. Permanecem calmos em situações que fariam muitas outras pessoas entrar em pânico. São indiferentes à ameaça de punição. Eles têm até dificuldade de reconhecer medo e tristeza nos rostos e nas vozes das pessoas.

Uma vez que admitimos que uma pessoa é assim, biologicamente incapaz de se responsabilizar por suas ações, ficamos atônitos. Segundo a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva, estas pessoas nascem assim e irão morrer assim. Então, desista de querer mudá-los!
Mas, como lidar com eles? Como sentir compaixão por estas pessoas capazes de ferir e destruir a vida de tantas outras pessoas?

Tenho pensado bastante sobre isso. Em primeiro lugar, creio que seja importante admitirmos que certas pessoas são mesmo assim. Não precisamos rotulá-las de psicopatas, associando-as com pessoas criminosas e intencionalmente agressivas. Apenas reconhecer que certas pessoas são mesmo um pouco assim.

Um pouco é um dado relevante. Reconhecer este pouco já vai nos ajudar muito! Pois passaremos a investir nos relacionamentos com uma moeda de troca mais real e coerente.

Por exemplo, quando alguém nos mantém refém de suas promessas. Parece que o melhor está sempre por vir e que cabe a nós, tão somente a nós mesmos, saber conter nossa ansiedade, nos responsabilizarmos pelos danos da espera e confiar neles. Como pessoas empáticas, não somos impulsivos. Mas, quando as promessas revelam-se mecanismos de controle para manter a situação vigente, devemos abrir os olhos!
Nestes casos, segue aqui um conselho: não confunda o que uma pessoa diz ter para oferecer, com ela mesma. Sua capacidade de realizar o que diz não é real!

Portanto, a primeira coisa a fazer é ajustar a intenção com que as promessas são reveladas, com a realidade concreta dos fatos. Uma vez recuperada a lucidez de nossa real situação, temos que nos preparar para olhá-la sob uma nova perspectiva. Como diz o velho ditado: mais vale um pássaro na mão do que dois voando.

Pare e reflita. Você está sendo refém de alguma promessa manipuladora? Caso a resposta seja sim, calma. Mesmo consciente de sua limitação, será preciso ir aos poucos. Procure ajuda daqueles que souberam reconhecer e superar relacionamentos semelhantes. Uma vez livres de tal jogo sedutor, poderemos ter compaixão por eles. Mas, antes disto, é preciso nos curar.

Lembre-se, eles não mudam e não será você que irá provar o quanto é boa e capaz ao tentar mudá-los!


Bel Cesar é terapeuta e dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.
Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O livro das Emoções e Mania de sofrer pela editora Gaia.