quarta-feira, 16 de agosto de 2017

Síndrome do Pânico



Síndrome do Pânico

“De repente, senti uma tremenda onda de medo por nenhuma razão aparente! Meu coração estava batendo forte, meu peito doía, e foi ficando mais difícil de respirar. Pensei que iria morrer.”

A descrição que vimos acima resume bem o que sente um paciente com síndrome do pânico durante uma crise. Hoje vamos saber mais a respeito deste transtorno que acomete 260 milhões de pessoas no mundo todo. Confira.

O que é síndrome do pânico?

A crise ou ataque de pânico é um episódio súbito de medo intenso que desencadeia reações físicas graves, quando não há nenhum perigo real ou motivo aparente. Os ataques de pânico são assustadores, pois causam a sensação de que a pessoa está perdendo o controle, tendo um ataque cardíaco, e a leva até mesmo a acreditar que está morrendo.

Muitas pessoas têm apenas um ou dois episódios de pânico em suas vidas, o problema vai embora espontaneamente, geralmente quando determinada situação estressante termina. Porém, se o indivíduo tem crises recorrentes e inesperadas e vive temendo outro ataque, esta condição é chamada de síndrome do pânico.

A síndrome do pânico não causa riscos de morte, mas afeta negativamente a qualidade de vida chegando a casos muito extremos de agorafobia (medo de sair de casa ou estar em público).

Sintomas da síndrome do pânico

Uma crise de pânico pode durar até 10 minutos, e seus sintomas incluem:

Dificuldade para respirar;
Coração acelerado ou dor no peito;
Sentimento intenso de medo;
Sensação de asfixia ou sufocação;
Tonturas ou sensação de desmaio;
Tremores;
Suor;
Náuseas ou dor de estômago;
Formigamento ou dormência nos dedos das mãos e dos pés;
Calafrios ou ondas de calor;
Sensação de morte iminente.
Além dos próprios ataques, o sintoma principal da síndrome do pânico é o medo frequente de ataques futuros.

Causas da síndrome do pânico

Apesar de não ser muito esclarecido, psicólogos acreditam que a combinação de fatores biológicos e ambientais pode dar uma pista para descobrir a causa da síndrome do pânico, como:

Histórico familiar;
Anormalidades neurológicas ou cerebrais;
Abuso de substâncias;
Abstinência;
Situações estressantes.
Tratamentos para síndrome do pânico

Geralmente uma combinação entre as seguintes terapias é recomendada para tratar a síndrome do pânico:

Psicoterapia

É considerado um tratamento de primeira escolha eficaz para a síndrome do pânico. O psicólogo ajuda o paciente a entender suas crises e descobrir maneiras de lidar com a situação.

Terapia cognitivo-comportamental

Este tipo de tratamento pode ajudar o paciente a aprender através da sua própria experiência que os sintomas de pânico não são perigosos. Durante as sessões de terapia, o psicólogo irá ajudá-lo a recriar os sintomas de um ataque de pânico de uma forma segura, gradual e repetitiva. Uma vez que as sensações físicas de pânico não aparentam mais ser ameaçadoras, a síndrome do pânico começa a ser eliminada. O tratamento também pode ajudar a superar o medo de situações que o paciente evita por conta das crises.

Em alguns casos, o acompanhamento de um psiquiatra paralelamente à terapia também é indicado, com a administração de medicamentos específicos. O bom resultado dos tratamentos requer tempo e esforço. Os sintomas costumam a reduzir dentro de semanas, e diminuem significativamente ou desaparecem por completo dentro de alguns meses.

Quem possui os sintomas da síndrome do pânico, deve procurar ajuda médica o mais rapidamente possível. Os ataques de pânico, enquanto altamente desconfortáveis, não são perigosos, porém são um problema difícil de lidar por conta própria, e tendem a piorar se não houver tratamento.


Por Dr. Cyro Masci - Psiquiatra



domingo, 6 de agosto de 2017

Ciúmes




O ciúme é um sentimento desconfortável que nos desequilibra e enfraquece. Tomados pelo ciúme, sentimos que somos traídos por nós mesmos: afinal, sentimos que não deveríamos sentir o que estamos sentindo!

O ciúme nos divide internamente. Enquanto um lado de nosso ser clama por atenção ao sentir-se excluído, outro lado nos reprova por esta mesma atitude, pois o ciúme ameaça destruir a ordem e o equilíbrio emocional de um relacionamento.

Apesar de ser poucas vezes admitido, o ciúme é uma emoção comum, que faz parte do cotidiano de todas as relações humanas. Reconhecer o ciúme e lidar diretamente com ele é uma ação interna saudável, que acelera o processo evolutivo do autoconhecimento. No entanto, ele passa a ser patológico quando nos leva a perder a capacidade de fazermos nossas escolhas.


Por isso, o ciúme não deve ser considerado como um sentimento banal e infantil que com o tempo passa, mas, sim, ser visto como uma doença que compromete o bom funcionamento do sistema imunológico emocional de uma pessoa, assim como a dinâmica de seus relacionamentos.


Se o fogo do ciúme não for contido, ele nos queima e traz sérias conseqüências: alimentados pela desconfiança e pela agressão, geramos ansiedade, raiva, humilhação, vergonha, depressão e até desejo de vingança.

O foco de infecção a ser tratado será o da auto-estima, pois quando ela está rebaixada nos causa a sensação constante de insegurança e impotência, e, conseqüentemente, deixamo-nos levar pela imaginação - aliás, sempre voltada para o negativo.

O ciúme surge como um sinal de alerta que nos anuncia que uma ameaça real ou imaginária está invadindo nosso território afetivo. Nosso instinto de preservação procura eliminar todo e qualquer risco de perda do ser amado ou situações que nos remetam a sentir-nos seguros e protegidos.

Encontrei no livro “A simetria oculta do amor” (Ed.Cultrix), de Bert Hellinger, uma interessante explicação sobre a dinâmica do ciúme: a pessoa ciumenta deseja inconscientemente que o(a) parceiro(a) se vá.

Hellinger é um psicoterapeuta alemão, hoje com 81 anos, criador de uma nova abordagem da psicoterapia sistêmica conhecida como Constelação Familiar, na qual a origem dos conflitos de uma pessoa não é vista por uma ordem psicológica individual, mas sim por uma ordem sistêmica gerada por seu histórico familiar.

Segundo ele, algumas das dinâmicas sistêmicas inconscientes que nos levam a repelir nossos parceiros são:

- Para confirmar uma antiga crença de que não merecemos o amor, por exemplo, ou de que iremos causar infelicidade. Certas pessoas têm medo de serem abandonadas e, inconscientemente, afastam os parceiros. Criam o que receiam, como se o abandono fosse preferível à separação voluntária.
- Para ser fiel às crenças e exemplos da família: digamos, agir como agiram os pais quando não conseguiram se aceitar plenamente, quando se separaram ou quando um deles morreu no começo de um relacionamento.
- Para operar uma identificação inconsciente com outra pessoa prejudicada pelo sistema. Por exemplo, uma mulher não se casou porque tinha de cuidar dos pais já velhos. Sua jovem sobrinha identificou-se inconscientemente com ela e também não se casou.
- Para cumprir uma obrigação pessoal. Um homem abandonou a antiga família para assumir o atual relacionamento. A segunda esposa, muito enciumada, quis abandoná-lo também. Na constelação familiar, percebeu claramente que se sentia obrigada para com a primeira família do marido, solidária com ela. Isto é, neste caso, o ciúme não surge devido aos atos do marido, mas sim, do secreto reconhecimento de sua dívida para com a antiga parceira.

Neste sentido, a cura consiste inicialmente em tomar consciência do papel que estamos exercendo no conflito familiar e em seguida parar de atuar como coadjuvante deste mesmo drama. Isto é, ao compreendermos como nossa história pessoal está contaminada pela repetição de um conflito geracional não resolvido, decidimos não repeti-lo, redefinindo nossas posições. Assim como escreve Hellinger em seu livro: “Quando ‘des-cobrimos’ uma ordem, a ordem correta - digo-o para provocar -, então ela de algum modo cura ou resolve o sistema. Às vezes, uma ordem está oculta. Uma árvore, por exemplo, cresce de acordo com uma ordem e não pode desviar-se dela. Se o fizesse, não mais seria uma árvore. Os homens e os sistemas de relacionamentos humanos também se desenvolvem segundo determinadas ordens. As verdadeiras ordens da vida e dos relacionamentos estão ocultas, inseridas nos fenômenos vitais. Nem sempre podemos encontrá-las imediatamente, mas pior seria inventá-las para se coadunarem com nossos desejos”.

A consciência de nosso papel no sistema familiar é a meta desta técnica terapêutica conhecida como Constelação Familiar, que já vem sendo aplicada por vários profissionais no Brasil.

No entanto, aqui vai uma dica para quem sente que o ciúme vem atrapalhando a sua vida: comece por perceber quando e como o ciúme surge. Observe, como quem levanta dados para uma pesquisa científica, como você reage diante do ciúme. Ao fazer isso, verá que gradualmente deixará de ter reações exageradas, pois ao observar a si mesmo estará aprendendo a preservar um olhar sadio, capaz de discernir entre imaginação e realidade.
A melhor maneira de diminuir a intensidade do ciúme é deixar de interpretá-lo como um drama e passar a expressá-lo de modo natural, isto é, como mais uma experiência de sofrimento emocional. Ser honesto consigo mesmo e abrir-se com o outro de modo simples e sincero costuma ser uma solução positiva, porque a sinceridade é em si um antídoto do desejo de manipular e controlar o outro.

Ao conversarmos com nosso parceiro sobre a experiência de ciúme deixaremos de usar nosso sentimento como uma arma de defesa ou de ataque para manter nosso parceiro sob controle.

Se usarmos o ciúme como um meio de controlar nossos parceiros, iremos afastá-lo cada vez mais de nós. Mas é importante não negarmos nossos sentimentos, pois ao ocultá-los seremos nós quem naturalmente irá se isolar, causando um mal ainda maior, pois quanto mais nos afastarmos, mais o nosso ciúme tendencialmente irá crescer. O melhor é buscar ajuda para melhorar nossa auto-estima e lidar diretamente com a realidade!

A desvalorização de si mesmo é uma das causas mais importantes do ciúme intenso. Pessoas seguras de seu valor costumam não se deixar levar por seus sentimentos de ciúmes, aliás, como elas não temem seus conflitos emocionais usam-os em proveito próprio como lenha que aquece o seu fogo do autoconhecimento.

Resumindo, se expressarmos nossas experiências emocionais com a intenção de aprofundar nossos relacionamentos, iremos cultivar a abertura e a honestidade, atitudes que exigem constante amor e dedicação!



Bel Cesar é terapeuta e dedica-se ao atendimento de pacientes que enfrentam o processo da morte.
Autora dos livros Viagem Interior ao Tibete, Morrer não se improvisa, O Livro das Emoções e Mania de Sofrer pela Editora Gaia.

Estamos com fome de amor



O que temos visto por ai? Baladas recheadas de garotas lindas, com roupas cada vez mais micros e transparentes.
Com suas danças e poses em closes ginecológicos, cada vez mais siliconadas, corpos esculpidos por cirurgias plasticas, como se fossem ao supermercado e pedissem o corte como se quer... mas???

Chegam sozinhas e saem sozinhas...
Empresários, advogados, engenheiros, analistas, e outros mais que estudaram, estudaram, trabalharam, alcançaram sucesso profissional e, sozinhos...
Tem mulher contratando homem para dançar com elas em bailes, os novíssimos "personal dancer", incrível.

E não é só sexo não!
Se fosse, era resolvido fácil, alguém dúvida?
Sexo se encontra nos classificados, nas esquinas, em qualquer lugar, mas apenas sexo!
Estamos é com carência de passear de mãos dadas, dar e receber carinho, sem necessariamente, ter que depois mostrar performances dignas de um atleta olímpico na cama... sexo de academia...

Fazer um jantar pra quem você gosta e depois saber que vão "apenas" dormir abraçadinhos, sem se preocuparem com as posições cabalisticas...

Sabe essas coisas simples, que perdemos nessa marcha de uma evolução cega.
Pode fazer tudo, desde que não interrompa a carreira, a produção...

Tornamo-nos máquinas, e agora estamos desesperados por não saber como voltar a "sentir". Só isso, algo tão simples que a cada dia fica tão distante de nós...

Quem duvida do que estou dizendo, dá uma olhada nos sites de relacionamentos "FACEBOOK", "PAR-PERFEITO" e tantos outros. Veja o número de comunidades como: "Quero um amor pra vida toda!", "Eu sou pra casar!" até a desesperançada "Nasci pra viver sozinho!". Unindo milhares, ou melhor, milhões de solitários, em meio a uma multidão de rostos cada vez mais estranhos, plásticos, quase etéreos e inacessíveis, se olharmos as fotos de antigamente, pode ter certeza de que não são as mesmas pessoas, mulheres lindas se plastificando, se mutilando em nome da tal "beleza"...

Vivemos cada vez mais tempo, retardamos o envelhecimento, e percebemos a cada dia mulheres e homens com cara de bonecas, sem rugas, sorriso preso e cada vez mais sozinhos...
Sei que estou parecendo o solteirão infeliz, mas pelo contrário... Pra chegar a escrever essas bobagens (mais que verdadeiras) é preciso ter a coragem de encarar os fantasmas de frente e aceitar essa verdade de cara limpa...

Todo mundo quer ter alguém ao seu lado, mas hoje em dia isso é julgado como feio, démodê, brega, familias preconceituosas... Alô, gente!!! Felicidade, amor, todas essas emoções fazem-nos parecer ridículos, abobalhados...

Mas e daí? Seja ridículo, mas seja feliz e não seja frustrado... "Pague mico", saia gritando e falando o que sente, demonstre amor... Você vai descobrir mais cedo ou mais tarde que o tempo pra ser feliz é curto, e cada instante que vai embora não volta mais...
Perceba aquela pessoa que passou hoje por você na rua, talvez nunca mais volte a vê-la, ou talvez a pessoa que nada tem haver com o que imaginou mas que pode ser a mulher da sua vida... E, quem sabe ali estivesse a oportunidade de um sorriso a dois... Quem disse que ser adulto é ser ranzinza ?

Um ditado tibetano diz: "Se um problema é grande demais, não pense nele... E, se ele é pequeno demais, pra quê pensar nele?"

Dá pra ser um homem de negócios e tomar iogurte com o dedo, assistir desenho animado, rir de bobagens; e ou ser um profissional de sucesso, que adora rir de si mesmo por ser estabanado...

O que realmente, não dá é para continuarmos achando que viver é out... ou in... Que o vento não pode desmanchar o nosso cabelo, que temos que querer a nossa mulher 24 horas maquiada, e que ela tenha que ter o corpo das frutas tão em moda, na TV, e também na playboy e nos banheiros. Eu duvido que nós homens queiramos uma mulher assim para viver ao nosso lado, para ser a mãe dos nossos filhos, gostamos sim de olhar, e imaginar a gostosa... Mas é só isso, as mulheres inteligentes entendem e compreendem isso.

Queira do seu lado a mulher inteligente: "vamos ter bons e maus momentos e uma hora ou outra, um dos dois, ou quem sabe os dois, vão querer pular fora; mas se eu não pedir que fique comigo, tenho certeza de que vou me arrepender pelo resto da vida".

Por que ter medo de dizer isso? Por que ter medo de dizer: "amo você", "fica comigo"? Então, não se importe com a opinião dos outros, seja feliz!

Antes ser idiota para as pessoas, do que ser infeliz para si mesmo!

(JORNAL O DIA, Arnaldo Jabor)

Medo da solidão



Você já sentiu medo alguma vez, na vida?

É comum ouvirmos as pessoas confessando o sentimento de algum tipo de medo. Seja medo de ficar só, medo da morte, medo da solidão e outros mais.

Dentre as várias nuanças do medo, vamos destacar o medo da solidão, que é muito comum na sociedade hodierna.

Diz um grande pensador, que "a solidão do homem da metrópole não é a solidão que o rodeia, mas a solidão que o habita."

Há pessoas que se sentem sós mesmo estando rodeadas de gente. Por essa razão, percebemos que o problema não é externo, mas da intimidade do ser.

E por que é que se sente só, mesmo não se estando a sós?

Talvez a solidão se instale na alma porque encontre nela um vazio propício a agasalhá-la. Se não houvesse espaço, é bem possível que ela ali não fizesse morada.

Mas, afinal, como é que podemos preencher esse vazio e espantar a solidão?

A fórmula é bem simples. É tão simples que talvez por isso mesmo ninguém acredite na sua eficácia.

Há quase dois milênios ouvimos falar dela, portanto não se trata de nenhuma descoberta recente.

Estamos falando da caridade, como a prescreveu Jesus.

Se abandonássemos o nosso estreito mundo, e buscássemos o contato com nossos irmãos carentes e infelizes, por certo preencheríamos o vazio em nossa intimidade, de tal forma, que a solidão não encontraria ali espaço para se acomodar, embora tentasse.

E isso acontece de forma tão natural que, ao nos envolvermos com os sofrimentos alheios, tentando aliviá-los, esquecemos de nós mesmos e isso causa uma satisfação muito salutar.

Quem ainda não experimentou essa terapia, tente.

Vale a pena! E não custa nada, a não ser o investimento da vontade firme e da disposição de vencer a solidão.

E nesse caso, o campo é muito vasto. É fácil encontrar alguém que precise de você.

Seja um doente solitário num hospital, uma criança num orfanato, uma pessoa idosa abandonada pela família, uma mãe que precise de ajuda para cuidar dos filhos, um pai desesperado com os filhos cuja mãe faleceu, um estômago vazio para saciar, um corpo tiritando de frio para agasalhar, e assim por diante...

Não é outra a razão pela qual Jesus recomendou o amor ao próximo como condição para quem deseja conquistar o reino dos céus que, como Ele mesmo afirmou, está dentro de cada um de nós.

Pense nisso!

Se você está triste porque perdeu seu amor, lembre-se que há tantos que não têm um amor para perder.

Se você está triste porque ninguém o ama, lembre-se que o amor é para ser ofertado e não para ser exigido.

Se para você a vida não tem sentido, oferte-a a alguém, dedicando-se aos infelizes que lutam por um minuto a mais de existência física.

E se lhe faltam as forças necessárias para lutar contra a solidão, abra o seu coração ao Divino Pastor e peça-Lhe para que o ajude nessa empreitada.

Lembre-se sempre que foi o próprio Cristo que assegurou: "aquele que vier a mim, de forma alguma eu lançarei fora".

Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita.
www.reflexao.com.br

Como dominar a ansiedade


Como dominar a ansiedade
Por Marjorie Umeda

Viver com a mente agitada, aflita com o que pode acontecer entre o agora e o daqui a pouco e com a sensação de que alguma coisa está errada. Sentir a respiração acelerada e o coração batendo mais forte.

Todo mundo já passou por isso. Por mais incômodo que seja, não há mal em experimentar um pouco de apreensão e expectativa em momentos específicos, como aquele que antecede um novo trabalho.

“Na dose certa, a ansiedade nos impulsiona e nos ajuda a buscar soluções para os contratempos”, diz Leonardo Gama Filho, psiquiatra, chefe da psiquiatria do Hospital Municipal Lourenço Jorge, no Rio de Janeiro.

O problema aparece quando, dia após dia, sem um motivo aparente, você é vítima desses sintomas. Sentir um misto de medo e agitação tem o seu valor e garantiu a evolução da nossa espécie.

“No tempo das cavernas, por exemplo, a ansiedade sinalizava que era hora de tomar uma atitude – se defender ou atacar”, explica Mariângela Savóia, psicóloga do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Nos dias de hoje, entretanto, o risco iminente de ser surpreendida por um animal selvagem não existe mais, ainda assim, por causa das tarefas a cumprir e dos papéis a desempenhar, muitas de nós vivemos com a sensação de que o perigo está à espreita. Segundo dados do Ambulatório de Ansiedade do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo, 25% da população tem, teve ou terá o transtorno de ansiedade – sendo que há três mulheres para cada homem com o problema.

Esse quadro aparece quando o sentimento fica fora de controle e pode se manifestar na forma de fobias ou até mesmo como a síndrome do pânico. Os sintomas são fisiológicos (como taquicardia e falta de ar), comportamentais (quando você evita lugares e pessoas) e psicológicos (uma sensação de inquietude). Entre uma leve apreensão e o transtorno diagnosticado, existe um estado intermediário – e é desse que vamos ajudá-la a sair. É aquela ansiedade que não compromete profundamente a sua vida, mas atrapalha as relações, porque você vive sob tensão.

O desconforto aumenta sempre que se sente mais requisitada, como no fim do ano. Se está nesse estágio, calma, ainda dá para virar o jogo. Coloque em prática as dicas a seguir e passe a encarar a vida com mais equilíbrio!

1. E se...
A ansiedade sempre aparece quando você antecipa – tragicamente – uma situação. Como se uma voz interna criasse, incessantemente, versões cada vez mais complicadas da realidade. Num momento de crise, a ansiosa começa a pensar:

“E se eu perder o meu emprego? E se eu não conseguir pagar o aluguel? E se eu for despejada?” Perceba: sempre que há um pensamento ansioso, capaz de alimentar sua mente com possibilidades assustadoras (e pouco prováveis de acontecer), a frase começa com e se... Nessa conversa interna, você superestima as conseqüências de um problema ao mesmo tempo que subestima a sua capacidade de lidar com ele.

“É preciso reconhecer o perigo do discurso ‘e se’ para reassumir o controle da situação. Esse é o primeiro passo”, diz o psicólogo americano Edmund Bourne, autor do livro Acabe com a Ansiedade Antes Que Ela Acabe com Você, editora Gente. A etapa seguinte é desmontar racionalmente, frase por frase, todos os argumentos que estimulavam a sua inquietação.Identifique os pensamentos distorcidos Escreva em um papel tudo o que você fica se dizendo que começa com as palavras e se.

Avalie probabilidades. Seja sincera consigo mesma e veja qual é a probabilidade real do seu pensamento ser coerente com a realidade. Se você pensa, por exemplo, que pode perder o emprego por causa da crise econômica mundial, avalie qual é o risco disso realmente acontecer. Uma vez que ocorra, imagine qual é a possibilidade de você ficar sem teto do dia para noite. Faça esse questionamento com qualquer pensamento negativo que aparecer. Coloque fé no seu valor .Olhe para sua capacidade.

Se o pior acontecer, quem disse que não haveria chances de se reerguer? Se muita gente passa por isso, por que você seria a única a não reagir? Ao fazer esse exercício, consegue olhar com mais clareza para o presente e ter uma previsão menos ameaçadora do futuro mais próximo. Com isso, o nível de ansiedade diminui.

2. Respire certo!
Preste atenção na sua respiração agora. Quando você está ansiosa, respira mais rapidamente, com a parte de cima dos pulmões, de modo curto. Isso não acontece só durante uma crise de ansiedade, mas quando você anda preocupada demais.
O problema é que, respirando assim, dificilmente consegue relaxar. “Exercícios de respiração são importantes porque é impossível acalmar os pensamentos com a respiração descontrolada”, diz a psicóloga Mariângela Savóia.

Três minutos por dia, só três minutinhos (o tempo que você leva para fazer o exercício abaixo), trazem um efeito calmante que interfere no seu dia inteiro. Pode ser até menos – quanto estiver nervosa, pare e respire profundamente.
Reservar um tempinho para prestar atenção na respiração, no movimento do seu tórax, tira o foco dos pensamentos e faz você se conectar também com o seu corpo. Isso, por si só, já a aproxima da realidade e tem um efeito muito relaxante.- Sente-se em um local confortável. - Coloque a mão sobre o abdômen. - Inspire bem lentamente, tentando levar o ar para a parte de baixo dos pulmões – até sentir a mão apoiada no abdômen subir. - Perceba que, ao inspirar, o abdômen se expande e o seu peito quase não se move. - Expire – pelo nariz ou pela boca. - Repita dez vezes. Para manter um ritmo lento e constante, conte até quatro para inspirar e também para expirar.

3. Seja flexível
Resiliência é uma palavra que está na moda, mas que nem todo mundo sabe o que quer dizer. É um misto de resistência e flexibilidade. Pense em um bambu no vendaval. Ele quase encosta no chão (flexibilidade), mas não quebra (resistência). E depois que o vento passa, volta para o lugar. “Ser resiliente é lidar bem com as adversidades do dia-a-dia. Você consegue fazer isso olhando para o fato em si, sem se ater ou se deixar levar pela emoção que ele causa”, diz a psicóloga Mariângela.

Esse não é um passo fácil de ser dado nem é de execução imediata. Envolve uma mudança importante no modo como você aceita e reage a uma situação frustrante. Mas, uma vez que consegue ser mais flexível com a realidade, que nem sempre é como deseja, menor o risco de viver ansiosa. Veja abaixo as sugestões da psicóloga. Ao ter um problema, olhe para ele “Fazer de conta que uma situação desagradável não existe, só afasta mais você da realidade e também rouba tempo para resolver a questão da melhor maneira”, fala a especialista. Foque sua atenção na situação. Independentemente da emoção que determinado contratempo traz a você, concentre seus esforços em buscar uma solução, em vez de se perder em devaneios, questionando o seu valor só porque tem uma adversidade.

Acredite que você está mais forte Guarde cada problema resolvido como repertório para sua vida. Ninguém gosta de ter problemas, mas, se você passa por eles, sai mais forte e melhor preparada para os próximos – que sempre virão!

4. Rasge a fantasia de mulher-maravilha!
Em outras palavras, diminua a expectativa que você mesma coloca sobre os seus ombros de ser sempre mais e melhor. “A necessidade de ser perfeita em tudo gera muita ansiedade”, fala Leonardo. Isso tem a ver, claro, com as expectativas da sociedade em que vivemos, mas também com o discurso interno de cada um, que diz, por exemplo, que você não pode fazer ginástica porque precisa trabalhar mais e mais e mais. Para sair dessa armadilha, escolha em que papel você quer se dedicar mais agora – o que não signifi ca que não pode mudar de idéia depois.

“A gente quer ser inteligente, rica, bonita, bem relacionada, ótima mãe, filha exemplar, esposa nota 10 e funcionária do mês. Precisa priorizar onde você quer ser boa mesmo”, diz Cecília Russo Troiano, psicóloga, de São Paulo, e autora do livro Vida de Equilibrista – Dores e Delícias da Mãe que Trabalha, editora Cultrix. Quando você aceita que não dá para ser ótima em tudo o tempo todo, espera menos de si mesma e deixa de ser vítima fácil dessa apreensão.